Baleia Franca na cabeça e no coração

Por Ledeir Borges

Outro dia, enquanto folheava um destes periódicos semanais que circulam pela cidade, li uma pequena nota política muito, digamos, sugestiva. Noticiava o periódico que em reunião realizada nesta bela Comarca, nossos caciques políticos (caciques é bacana, não é?!) anunciaram que nas próximas eleições apoiarão candidatos para os cargos de deputados estadual e federal, futuros pretendentes oriundos (que palavrinha!) da vizinha e simpática cidade de Tubarão (belo nome).

Confesso que fiquei decepcionado com a notícia (decepcionado é adjetivo que me faz lembrar da palavra guilhotina, aquele instrumento cortante muito utilizado durante o período de terror da Revolução Francesa. Será por quê?). Mas deixemos as sutilezas históricas de lado e partamos para o nosso prosaico cotidiano político. Como ia dizendo, fiquei muito decepcionado com a declaração de nossos ilustres caciques. Não que os cidadãos que receberão o apoio da Corte não mereçam tal distinção. Ah! Isso não. São homens inteligentes, elegantes, fina flor da pequena burguesia tubaronense, senhores distintos, etc e tal. Mas, não são imbitubenses e é aí, exatamente, aí que reside o problema.

Como diziam nos velhos filmes de faroestes (lembram do John Wayne chegando naqueles pequenos e desertos vilarejos do oeste americano?), são forasteiros, vem de fora. Ainda não é bem isso; há muitos de fora que são bacanas, chegados na cidade, apaixonam-se pela terrinha e experimentam um caso de amor sem fim. Mas destes, poucos se atiram ao perigoso oceano de política local. Preferem ficar ao largo, assistindo à cena.

Bem, mas não é isso que eu quero dizer. Respeito tanto as pessoas daqui, quanto as que vieram para cá, dividir conosco o prazer de habitar este canto maravilhoso do universo. Estamos todos bem, com nossas diferenças e nossas crenças. Tudo normal. Mas na questão relativa à representação política, sinto que já está na hora de termos nosso próprio candidato, um imbitubense de alma, de coração e de berço. Isso! Um dos nossos, no sentido literal da palavra. Chega de abraçar caçadores nômades de votos. Queremos voto tribal. Sedentário (que me desculpem os esportistas). Daqui!

Afinal, já somos gente grande. Temos uma cidade em franca (lembram das baleias) ascensão no plano nacional, temos um porto que vai explodir (não literalmente, é claro!), somos a terra do milagre (não o dos tempos da ditadura), nosso time de futebol ruma para a primeira divisão do campeonato estadual, temos a festa nacional do camarão, somos a sede nacional do mundial de surf, temos uma das mais belas baías do mundo (uma linda flor Rosa), somos a capital nacional da baleia franca, temos a Santos Brasil (santo Deus!), temos um prefeito perfeito e vereadores de prontidão. Que mais poderemos querer? Perguntem-me e lhes respondo: representantes políticos (estadual e federal), nascidos e criados em nossa amada Imbituba. Só isso! Claro. Estamos com tudo e não estamos prosas e só nos falta este imenso detalhe.

Assim, para terminar esta breve digressão, afirmo que os nossos Caciques e nossa maravilhosa Corte estão equivocados em buscar fora daqui, alhures, candidatos para apoiar nas próximas eleições, abandonando nosso povo ao sabor do ventoso nordeste. É chegada a hora de buscarmos entre nós os nossos candidatos. Os Indianas Jones da política que procurem outro terreiro, aqui já tem galo cantando e santo fazendo milagre (no nosso caso, Santa).

Para lhes falar a verdade, verdadeira, se for para votar em candidatos de fora, prefiro dar meu voto às baleias francas, estes maravilhosos mamíferos, silenciosos e gentis, que mal nenhum causam à espécie humana. Já quanto aos políticos... bem, esta é outra conversa.

É isso. Ou votamos num candidato da terra, ou elegemos as baleias francas, que são mais daqui do que nós mesmos. Desde já fica o apelo: contra para-quedistas e forasteiros; baleia franca na cabeça e no coração!

Até mais!

5 comentários:

  1. Concordo plenamente com o que foi acima descrito.
    A critica é construtiva, só falta haver uma união, para termos um representante do nosso municipio, para que possa falar e trazer beneficios a nossa cidade, a nivel estadual e federal.
    Como dizem cada um tem que cuidar da sua casa. A nossa é Imbituba. E pergunto? Pq nossos vizinhos vão mostrar tudo que temos de bom. Já que cada um tem que trazer o que é bom e mostrar o que tem em seu quintal.
    Esperamos o milagre da Santa. Para que possamos usufruir do turismo para que não tenhamos sómente titúlos, estes não dão emprego, nem melhorias a nossa cidade.
    Parabéns Ledeir.. Muito boa a postagem.

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  2. Arthur Cavalcanti Ladenthinoutubro 26, 2009

    Concordo contigo Ledeir e também com a Marlene!
    Ninguém melhor que um imbitubense para nos representar no âmbito estadual e federal.

    Mas esse 'cara' tem que estar sustentado pelos interesses do municipio representado pelo governo municipal.

    Já vimos este filme acontecer antes, e a falta de sinergia entre o 'nosso' deputado e o então governo municipal praticamente anulou a possibilidade de que se gerassem frutos para Imbituba.

    Se for para ser como antes, prefiro como está, alíás, acredito que Imbituba nunca foi tão beneficiada por um governo estadual como está sendo agora, isso graças a essa sinergia entre nosso prefeito e o governador.

    Outra coisa, sou um imbitubense que mora há um bom tempo em outra cidade, mas sempre estou me interando dos assuntos daí pois amo esta terra.

    Olhando de fora, reconheço todo o potencial de nossa cidade, mas sinto que muitos Imbitubenses 'sentam' em cima deste potencial e ficam esperando o milagre acontecer para tirar sua casquinha.

    Esquecem de se unir e trabalhar pelo bem comum e só pensam em tirar proveito da situação.

    Esta gente, bairrista por demais, é que impede o desenvolvimento de nossa cidade. Se acham os donos do pedaço, mas não conseguem enchergar um palmo além do próprio umbigo... E não estou falando só dos políticos, estou falando do povo mesmo.

    Quero dizer com isso, que não adianta termos 3 deputados estaduais, mais 1 federal e por vai, se o povo não fizer a sua parte, se não procurar educação, profissionalização, se não procurar tratar bem o turista, etc...

    Se isso não acontecer, nunca deixaremos de ser somente uma promessa!

    Parabéns pelo texto!

    Arthur Cavalcanti Ladenthin

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  3. Concordo em algumas coisas, primeiro: nem sempre Santo ou (Santa) de casa faz milagre! Mas tambem procurar fora é mais dificil.... Até porque buscar primeiramente fora é assinar um atestado de incopentencia!
    Defendo a união de todos em prol de elgermos alguem da terra, mas não qualquer um, até porque muita gente boa e com qualidade tem em nossa terra, mas ta na hora de ostrar a cara, por que se for um desses vasilhas que temos visto por nossas cidade, me desculpe mas não dou meu voto não!
    Votar nas Baleias, quem sabe, mas lembro bem dos transtornos que elas deram as obras do porto, será até elas são contra a Zimba? Mas de qualquer forma, belo texto e um bom tema para debatermos mais com possíveis nomes - que possam elevar nossa representatividade estadualmente, ou até nacionalmente- é hora de dar um basta em "brigas" internas em pensarmos juntos em prol de Imbituba!

    Arthur Silveira

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  4. Parabéns Ledeir, pelo seu comentario, o que acontece, é que quem teria que se candidatar, tem medo, e prefere apoiar quem vem de fora, pois com isso tirar proveito para si proprio, e não se preocupa com a nossa cidade, seus maiores interese, é procurar uma teta para si e seus familiares.

    Altair

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  5. Ledeir, junto-me à Marlene e digo também: Parabéns pela postagem! Só fiquei meio decepcionada (talvez a palavra lembre "decapitado", daí você associa à guilhotina, Revolução Francesa rsrsrs) por agora ter certeza que minhas chances como prefeita de Imbituba (depois que aposentar-me aqui na Alemanha) cairam bastante. rsrsrs
    Nascí no Centro-Oeste, fui criada na Cidade Maravilhosa, e hoje vivo numa pequena cidade alemã. Acho que isso, para prefeita de Imbituba, como curriculum vitae não serve, né? rsrsrs

    Arthur Cavalcanti Ladenthin, você está absolutamente certo: se não procurarem tratar bem o turista, a cidade toda perde! Depois que, no ano passado, lá no Rosa, fui chamada de "gentinha" e de "ignorante" por uma, como disse o Ledeir, forasteira, dona de pousada "ecológica" - por sinal à venda e posso imaginar o motivo! - porque reclamei e exigi meus direitos, fiquei em dúvida se retornaria e deixaria meu dinheiro - e não foi pouco! - lá na região outra vez. Essa "senhora", arrotando arrogância quatrocentona - apesar dos rolinhos na cabeça e das unhas mal pintadas, descascando esmalte! - e escondendo a idade (pela cara, chegou ao Brasil antes do Cabral, certamente foi "largada" aí pelo Marco Polo em suas viagens de aventura pois alguns historiadores afirmam que na China ele nunca esteve) não só ofende os hóspedes com palavras como exige dele pagamento extra para fornecer recibo do que ele pagou. Cadê o "leão" imbitubense, dormindo no ponto? E o IBAMA, também nos braços do Morfeu ou só fingindo-se de morto? Entre o céu e a terra - especialmente na praia do Rosa - há construções que até Deus duvida. Vá lá pra ver!!!
    Felizmente, pelo menos no que se refere a tratamento ao turista, pudemos recolher outras impressões - muito boas por sinal! - do vizinho vis-à-vis, forasteiro de terras sem palmeiras, mas prateadas. Nem tudo está perdido por lá. Apesar dos pesares.
    Eu não sou "escritora" como "determinadas pessoas", mas essa história ainda vou publicar: tim-tim por tim-tim com nomes, datas, valores e muitas fotos para provar. Para quem sabe ler... pingo é letra. Aguarde-me, signora.

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