Até que ponto a APA da Baleia Franca prejudica os investimentos em Imbituba e região?

O assunto é polêmico. De um lado, uma enorme área protegida ambientalmente; de outro, milhares de pessoas que desejam empregos e melhores condições de vida. Não há dúvidas que desenvolvimento econômico sem que seja ele sustentável não oferece qualidade de vida. Mas como equilibrar essa balança?

Recentemente, vimos os trabalhos no Porto de Imbituba sendo paralisados em decorrência de embargos motivados pela proteção à baleia franca.
As obras que estavam sendo realizadas no porto causariam algum prejuízo notável à sobrevivência desses mamíferos? Se não fossem realizadas todas as negociações para diminuir os embargos haveria prejuízo incalculável ao município?

Bem, ontem eu assisti parte de um documentário sobre a matança de baleias em todo o mundo, cuja carne é consumida por milhões de pessoas e outras partes do cetáceo servem para fabricação de vários produtos. E um fato que chamou a atenção foi que nas ilhas Faroé, onde se matam baleias para consumo da população (e também para uma celebração cultural, cujas águas vermelhas de sangue denunciam a carnificina), as baleias não estão desaparecendo em razão desse consumo, mas decorrente da poluição de mercúrio nas águas do mar em que elas vivem.
Japão, Noruega e Islândia são alguns países que se opõem à proibição da caça às baleias.
Na mesma reportagem mostraram a proteção hindu às vacas, por questões religiosas, enquanto a população mata e come cachorros, estes mesmos animais que são proibidos de matar em países como o Brasil.
Questões comerciais, culturais e religiosas à parte, voltemos ao tema principal.

No dia 17, o colunista Carrador, do jornal Notisul, fez um questionamento e ele mesmo respondeu: "Por que o megaempresário Eike Batista não se interessou por uma cidade da região, Imbituba, Laguna? Vai investir mais de R$ 2 bilhões num estaleiro em Biguaçu. Por aqui ainda falta estrutura."

No dia 29, um leitor (Fernando Rosendo - Florianópolis-SC) desse jornal encaminhou correspondência sobre a questão aventada e disse o seguinte:
Caro Carrador! Sobre a sua observação do porquê o empresário Eike Batista não se interessou pela Região Sul (Laguna, Imbituba), em vez de Biguaçu, gostaria de esclarecer que não foi por falta de estrutura. A região litorânea de Imbituba a Laguna está impossibilitada de receber empreendimentos de porte na região costeira, explico: a linha que demarca a APA (Área de Proteção Ambiental) da Baleia Franca estende-se a cerca de 1 quilômetro após o Laguna Tourist Hotel e segue toda faixa litorânea até Imbituba. Em toda esta extensão, é proibida a implantação de empreendimentos como: marinas, resorts, estaleiros, inclusive empreendimentos na faixa de praia. Sem falar de aspectos ambientais em outras áreas, como na do Farol de Santa Marta. Aqui em Florianópolis, já está em fase final o plano de gerenciamento costeiro da ilha, onde é delimitado o que pode e onde serão implantados empreendimentos como marinas, complexos hoteleiros, resorts, campos de golf, etc... Gostaria também de lembrá-lo que não é só o empreendimento do Eike que traz euforia na região de Florianópolis. Em Governador Celso Ramos, um grupo espanhol investirá no Quinta dos Ganchos, com valores que superam a dez vezes mais o Jurerê Internacional. Em Palhoça, com a inauguração de dois shoppings (Via Catarina e Ideal), mais os loteamentos que se espalham em toda a região e a ampliação de uma fábrica de lanchas (uma das maiores do Brasil), a economia cresce, como o mercado de trabalho. Falta esclarecimento à população do sul antes da aprovação dessas leis e normas, que têm um caráter louvável de defesa ambiental, mas às vezes extrapola a ponto de engessar todo o crescimento de uma região. É uma questão de opção e vocação que devem ser respeitadas, porém, mesmo assim, podem ser desenvolvidos outros modelos econômicos que respeitem a legislação e também proporcionem meios de crescimento e sustentabilidade econômica para o sul, mas é preciso que haja maior participação da sociedade e que profissionais da área possam ser escutados.
Uma observação sobre a resposta do leitor: a área da APA é bem maior do que ele falou: 156.100ha, ultrapassando, ao Sul, o município de Laguna, indo até a barra do Rio Urussanga.

Diante de tudo isso, não sei qual a frase representaria o sentimento da população: ficamos a ver navios? Ou ficamos a ver baleias?

5 comentários:

  1. Bem, acredito que em se tratando de sustentabilidade, definir apenas um modelo econômico para a cidade não seria o correto. O que deve ocorrer é um gerenciamento de projetos que levem em consideração as caractéristicas da região, bem como, a cultura da população,as características geográficas e ambientais. Enfim, acredito que seja possível vermos baleias e navios em Imbituba. Abraços!

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  2. Infelizmente, estamos sendo enganados pelos nossos representantes, eles se esquecem da responsabilidade que tem junto à população. Há 40 anos escuto dizer que a cidade vai receber grandes indústrias, que o turismo será o maior, teve até rádio que anunciou que seria construído um grande estaleiro para navios da Petrobras, rsssss. Assim a população é enganada, tendo a falsa sensação de que estão cuidando e trabalhando em pro do desenvolvimento da nossa cidade, tudo balela. Precisamos repensar nossas ações na hora de votar, eliminando políticos que não estão preocupados com o crescimento da cidade. “ Elimine a causa que o efeito cessa”, Miguel de Cervantes.

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  3. Michele, concordo com você. O que não se pode é agir de forma a preservar algum setor sem se importar com outros.
    Assim como o desenvolvimento não planejado traz desequilíbrios ambientais, a preservação exacerbada de determinado animal pode também ameaçar o ecossistema, no qual também estamos inseridos.

    Obrigado por sua opinião.

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  4. Nó no nó, a postagem de César de Oliveira, na semana passada (poder econômico x poder político), dá uma noção do que vivemos em Imbituba. Mas o poder econômico não desenha apenas a política local, pois isso existe em todas as cidades. Com a maior parte dos eleitores não querendo saber de política, mudar essa situação não leva apenas anos. É comum vermos eleitores votarem em troca de algo para si. Alguém que se apresenta com intenções de ser diferente não ganha eleição, porque as pessoas não acreditam nessa possibilidade.

    Obrigado mais uma vez por sua participação.

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  5. Sou Eng. Ambiental, e vejo que o assunto meio ambiente no Brasil por ser recente entre a sociedade, deixou alguns espertalhões manusearem toda uma sociedade que assiste barbaridades em corrupção, falência da administração pública, exagero em preservação punindo o próprio ser humano a vida digna com descreve a nossa Constituição Federal. Precisamos ter consciência em nossos atos e agir de forma prudente, repensando ponto a ponto em conjunto.

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