A manipulação de informações como arma política

Manipular, distorcer e dar contornos de veracidade a informações que não refletem a realidade é ato utilizado há muitos séculos. Fez parte das maiores guerras da humanidade e ainda hoje é arma usada com eficiência e, muitas vezes, colhe-se os resultados esperados. Contudo, o resultado, positivo ou negativo, dependerá de que lado se está. E se perguntar a um grupo de pessoas onde se usa com maior frequência a manipulação de infornmações, a resposta quase unânime será: na política.

Todos os movimentos sociais são políticos. Nossas ações individuais em relação a uma ou mais pessoas também são políticas. Disse Aristóteles que "O homem é um animal político."
A política nem sempre é partidária. Nossas ações políticas podem ser motivadas pela ideologia, pela crença, pela solidariedade, pela experiência de vida, pela utopia, por inúmeros sentimentos e interesses, e até mesmo pelos motivos mais mesquinhos.

A informação quase sempre é usada para atingir os objetivos das ações políticas, partidárias ou não.
O receptor analisa a informação e decide em aceitá-la ou não como verdadeira. Se ele não tiver informação diversa ou confiar no emissor da informação, ela será recebida sem ser contestada.

Na terça-feira (17), durante a audiência pública realizada sobre a instalação da fábrica da Votorantim, uma infinidade de informações foram lançadas à plateia, que, por curiosidade, acomodou-se tal qual os representantes franceses na Assembleia Nacional, na época da Revolução: os contrários, à esquerda; os favoráveis, à direita.

Todas as informações apresentadas na audiência eram verdadeiras? Tudo o que foi dito, por todos que usaram os microfones, correspondia à realidade? E quantos cidadãos estavam lá sem saber o porquê? Duvidam disso?

Estava eu sentado, preenchendo o formulário necessário para questionamento na audiência, quando uma senhora foi até o bebedouro e, enquanto aguardava o copo encher, sussurrou para mim: "Eu não sei se é pra votar contra ou a favor. Eu não sei por que isso (a audiência)." Olhei para ela e perguntei: A senhora está aqui por livre e espontânea vontade ou foi obrigada a vir pra cá?
Ela demonstrou surpresa com minha pergunta e apenas fez um aceno como quem dissesse "deixa pra lá".
Não sei a qual grupo pertencia aquela senhora, se da ala esquerda ou da ala direita. Não a vi mais durante a audiência.

Onde quero chegar com essa explanação sobre manipulação de informações?
Leitores, quando você participa da História, consegue ver e ouvir o que acontece. Quando você não participa e não procura fontes confiáveis para saber o que aconteceu, recebe informações que podem não representar a realidade.

Hoje, ao ler algumas informações publicadas em alguns blogues, constatei que várias informações foram manipuladas para fazer com que o leitor volte-se contra a instalação da fábrica. Como eu participei da audiência, posso dizer que os fatos publicados nesses blogues não refletem com transparência o que aconteceu na Câmara. Inverdades foram escritas com o único objetivo, creio eu, de levar a opinião pública a se manifestar contra a instalação da fábrica, além de interesses político-partidários.

Acredito que fui o primeiro a questionar publicamente a instalação da Votorantim em Imbituba, mas o objetivo foi o de chamar a atenção da população para exigir garantias de que não haverá poluição na cidade. Da mesma forma, devo ter sido o primeiro a observar que a audiência pública foi anunciada com pouco tempo de antecedência e marcada em dia e horário inadequados.
Concordar com essa manipulação de informações, porém, é inconcebível. É uma arma perigosa. Afinal, como falei no meu perfil no twitter, se falarmos uma mentira em meio a várias verdades, corremos o risco de que se suspeite que o verdadeiro também era falso.

Se aceitarmos que divulguem informações distorcidas sobre a nossa realidade, teremos, daqui a pouco, um punhado de gente de fora fazendo manifestações em nossas ruas para proteger o boto cor de rosa que vive na Lagoa da Bomba.

5 comentários:

  1. Penélope Charmosaagosto 19, 2010

    No post "Apenas um desabafo" de autoria do Alisson Raniere Berkenbrock, eu coloquei a minha indignação com o blog do IMBITUBA URGENTE.

    Acho que eles estão manipulando informações e relatando inverdades para desvirtuar a realidade dos fatos, com o fim colimado de convencer pessoas menos instruídas acerca de sua posição e ideologia.

    Já houve confusão com tweet do prefeito Beto Martins, fizeram um estandalhaço por nada.

    Na audiência com uma declaração que o prefeito fez no sentido que o financiamento de sua campanha política está declarado no TRE/TSE, eles já está afirmando que a campanha do mesmo foi financiada pela Votorantim, novamente manipulando informações.

    De duas uma: ou eles são muito inteligentes e querem destruir a imagem do prefeito e dos membros da câmara municipal com fito de lançar um candidato a prefeito que não sejam os nomes que estão sendo cotados para o cargo. Ou são tão ignorantes e bardeneiros que não conseguem interpretar nada que se fala ou escreve.

    Fica aí a dúvida!

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  2. Penélope, de acordo com as informações do site do TSE, que são públicas, a Votorantim contribuiu com R$ 20 mil para a campanha de Beto Martins, na última eleição. Isso correspondeu a 4% do que foi arrecadado pelo comitê, de acordo com os dados oficiais. Entretanto, daí dizer que a campanha do prefeito Beto Martins foi "financiada" por essa empresa está longe de expressar a realidade. A Votorantim já funciona em Imbituba há 8 anos, no Porto.

    Essas contribuições são legais, ocorre em todos os partidos políticos (da extrema esquerda à extrema direita) e funciona assim em muitos países.
    Nos EUA tenta-se limitar as contribuições de empresas nas campanhas, conforme você poderá ler acessando este link: http://migre.me/15XDZ (concordo com as sugestões propostas nesse projeto dos democratas americanos, que recebe o apoio do presidente dos EUA; muito interessantes. Principalmente quando prevê o impedimento de "empresas que prestam serviço ao governo e as corporações estrangeiras de gastar em eleições norte-americanas".)

    Na reforma política que está dormindo no Congresso Nacional, propõe-se até financiamento público das campanhas. Não sei se isso será bom, tratando-se de um país tão corrupto.

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  3. Penelope, as duas opções estão corretas. Esse povo não quer o progresso justamente porque sabem que com geração de empregos em Imbituba, raramente eles assumirão o poder executivo aqui.
    Uma outra questão. Estive presente na audiência pública e um fato me intrigou. Vi um dito "sem-terra", com roupas de agricultor que acabou de air da lavoura, com uma filmadora HDD de ultima geração nas mãos, e sabe onde ele embarcou quando foi embora? Em uma Pick-up Mitsubish L-200 modelo novo, com placas de uma cidade do oeste catarinense. Incrível a quantidade de carros de fora no dia da audiência. Os caras podem sem sem-terras, mas não são sem carros zeros. Bando de hipócrita. MST deixou de ser movimento social e se tornou uma milicia armada.

    Alisson Raniere Berkenbrock.

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  4. Penélope Charmosaagosto 19, 2010

    Recentemente fui visitar uns parentes que são agricultores no interior do RS, e é unânime a reprovação dos atos do MST, uma vez que os membros do referido movimento recebem vários subsidíos do governo federal, enquanto os agricultores que realmente produrem não recebem absolutamente nada.

    Além disso, tal movimento só faz baderna.

    É lamentável, pois tal movimento, atualmente, manipula os mais ignorantes e corrompe os menos favorecidos sem uma formação ética.

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  5. Penelope, vou pesquisar para ver se encontro na web um artifgo que faz a comparação de quantos o governo destinou ao MST em relação a outros movimentos sociais. É assustador. Receberam mais que o exercito brasileiro.
    Encontrando o artigo posto aqui nos comentáris.
    Abs.

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