Leitor apresenta sua opinião sobre as consequências do crack na sociedade

Depois da postagem que publiquei sobre o crack em Imbituba, recebi uma mensagem de um leitor, via e-mail, e decidi publicá-la. Embora não haja motivos para tal solicitação, o leitor pediu que não divulgasse seu nome e eu o atendi. Segue o texto do leitor:
Faz alguns meses que eu presumia que cedo ou tarde você postaria em seu blog sobre "o mal do século: o crack", e observei isso ontem. Às vezes costumo falar a este respeito em alguns fóruns virtuais, e embora isso não tenha efeito prático no mundo real, era interessante observar pontos de vistas alheios. Bem, acabei de escrever um texto a respeito, mas talvez seja meio grande para postar na parte de comentários de lá, então mandar por aqui. E se quiser postar lá como fonte anônima, sinta-se à vontade.

Considerando que o número atual de viciados em crack no Brasil chega ao número de 1,26 milhões - segundo o governo - e que até crianças de 9 anos já se encontram neste mundo de decadência e morte, pode-se dizer que a futura geração deste país está sendo dizimada de forma metódica. Em um período de tempo que não posso estimar, presumo que, além dos efeitos nocivos em nível social e de segurança pública, haverá repercusão negativa na economia.

O tráfico e os dependentes químicos dele originados, em especial do crack, são como um câncer que se alastra em vários níveis da socidade. Não adianta curar uma parte ou duas, as partes purulentas haverão de contaminar novamente o que antes foi curado a grande custo. Ou seja, só disseminar clínicas para tratamento dos viciados, ou só prender traficantes, ou só tentar dar uma vida melhor às pessoas (embora haja viciados em crack que outrora eram de classe média-alta), não será suficiente para aplacar este mal. É preciso ter várias frentes de batalha ao mesmo tempo. E como todo câncer, não importa a forma sistemática que ele seja combatido, nem sempre poderá se lograr vitória sobre ele. Aliás, não acredito em contos de fadas a ponto de crer em uma vitória total sobre o tráfico e dos males dele provenientes. Mas com esforço uma vitória parcial poderá ser possível, mas considero que para isso seja preciso medidas drásticas. Por exemplo:

* Ainda que o médico não seja juiz ou carcereiro, internações forçadas dos viciados em crack é algo necessário. Muitas vezes o dependente tem a necessidade da droga e não vai parar para pensar como está. Só quer a droga. Quando chega neste ponto, estas pessoas não têm mais capacidade de raciocínio normal. Precisam ter tempo para desintoxicar e conseguir ter uma percepção melhor de tudo isso, desta realidade e do problema que esta droga traz para ele. E isso geralmente não é possível só esperando pela boa vontade do próprio viciado. A propósito, a maioria das atuais clínicas de recuperação para dependentes químicos no Brasil não são aptas para tratar viciados em crack. Estes precisam de um tratamento diferenciado. De todo modo, virtualmente não existe cura para a dependência de crack. Tratamento, ainda que deva ser oferecido, é uma das coisas menos eficazes e mais caras que podem ser feitas. E nunca dá o resultado obtido com a coação e a prevenção, pois recaídas são geralmente inevitáveis, ainda mais com a quantidade de locais de venda atualmente.

* Se o viciado em crack cometeu crime para sustentar o vicio, não é por ser viciado que é preciso ser benevolente com ele. Crime cometido = cadeia. Depois de cumprir pena, seria coerente mandá-lo para uma clínica de tratamento, mas é bom salientar que drogado ou não drogado, há pessoas de má índóle no mundo, e nem sempre há conserto para elas.

* Traficantes. Muitas vezes vejo notícias de traficantes sendo presos uma segunda vez, ou mais. Ou seja, reincidência é corriqueira neste mundo. Particularmente, considero necessário mudanças no Código Penal. Algo tão forte como o produto por eles comercializado, como pena de morte ou prisão perpétua. Mas é virtualmente impossível extinguir o uso de drogas na sociedade. Então, por exemplo, os traficantes de outras drogas que não o crack, teriam penas mais suaves que as citadas anteriormente. Não é prático prender todos, mas com penalidades maiores é possível de forma sub-reptícia "incentivá-los" para que comercializem algo menos maléfico. Ok, não existe droga boa, mas não vivemos em um mundo utópico, e mal não faz eliminar primeiro os males piores. Até porque - e embora possa parecer exagerado de minha parte - não duvido que se as coisas continuarem como estão, a sociedade tal como conhecemos entrará em colapso sócio-econômico em poucos anos.

Nenhum comentário:

Seu comentário não será exibido imediatamente.

Para você enviar um comentário é necessário ter uma conta do Google.
Ex.: escreva seu comentário, escolha "Conta do Google" e clique em "postar comentário".

Caso você deseje saber se seu comentário foi respondido ou se outros leitores fizeram comentários no mesmo artigo, você poderá receber notificação por email. Para tanto, você deverá estar logado em sua conta e clicar em Inscrever-se por email, logo abaixo da caixa de comentários.

Eu me reservo ao direito de não aceitar ou de excluir parte de comentários que sejam ofensivos, discriminatórios ou cujos teores sejam suspeitos de não apresentar veracidade, ainda que o autor se identifique.

Comentários que não tenham qualquer relação com a postagem não serão publicados.

O comentarista não poderá deletar seu comentário publicado sem que haja justificativa relevante. Caso proceda assim, republicarei o teor deletado.


As regras para comentar neste blog poderão ser alteradas a critério do editor, o qual também poderá deletar qualquer comentário publicado, mediante justificativa relevante, sem prévio comunicado aos leitores/comentaristas.

Você assumirá a responsabilidade pelo teor de seu comentário.
Este espaço é livre e democrático, mas exerça sua liberdade com responsabilidade e bom senso!

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
Copyright © 2012 Pena Digital.