Será que este Brasil tem jeito?

Por César de Oliveira

Caros leitores de minhas manifestações, que, acredito, não devem chegar a meia-dúzia: não está fácil conseguir ânimo para escrever. Sou um otimista por natureza, mas está cada vez mais difícil se aceitar muitas coisas.

Temos assistido ao verdadeiro festival de hipocrisia e descaramento que assola a política brasileira e a Catarinense, em particular. Os dirigentes partidários não possuem qualquer preocupação com ideologia e projetos de governo no momento de firmar alianças. O que vale é a busca de tempo de exposição no rádio e televisão.

Antigamente, no Brasil - ainda é assim em muitos países democráticos -, a pessoa se filiava em um partido político com base no posicionamento dele sobre diversos assuntos relevantes e permanecia nele pelo resto de sua vida, sabendo que os dirigentes e eleitos agiriam dentro de determinados parâmetros (a favor da pena de morte, contra a pena de morte, a favor do aborto, contra o aborto, a favor da separação Estado/Igreja, contra a separação Estado/Igreja e, assim, sucessivamente).

Como aceitar que alguém que comande o Estado Catarinense – mesmo que por poucos meses, como foi o caso de Eduardo Pinho Moreira, e é a situação de Leonel Pavan – saia do governo recebendo uma polpuda “aposentadoria” mensal, em torno de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais)? Isso mesmo! E, caso Angela Amin seja eleita, a mesma receberá o mesmo valor, que já é pago ao seu marido, totalizando R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) mensais.

Como se conformar com o auxílio-reclusão no valor atual de R$ 798,00 pago à família do Segurado recolhido à prisão, durante o período em que estiver preso sob regime fechado ou semi-aberto? O sujeito assassina alguém e a família receberá um valor muito maior que milhares de aposentados que trabalharam decentemente e continuam cidadãos de bem.

Como concordar que políticos inexpressivos, ou condenados criminalmente ou, ainda, processados por delitos graves continuem exercendo cargos no Executivo e Legislativo, sejam candidatos novamente – com chances de serem eleitos -, ou sejam homenageados com medalhas e diplomas de honra ao mérito e de cidadãos honorários de municípios, por meros interesses pessoais e subalternos de apaniguados?

Essa é apenas uma pequena amostra do que leva milhares de pessoas a se afastarem do exercício da Cidadania, facilitando a atuação daqueles que envergonham e se locupletam às custas do povo.

2 comentários:

  1. Tenho vergonha de mim pela passividade em ouvir, sem despejar meu verbo, a tantas desculpas ditadas pelo orgulho e vaidade, a tanta falta de humildade para reconhecer um erro cometido, a tantos "floreios" para justificar atos criminosos, a tanta relutância em esquecer a antiga posição de sempre "contestar", voltar atrás e mudar o futuro.

    ***

    Tenho vergonha de mim pois faço parte de um povo que não reconheço, enveredando por caminhos que não quero percorrer...

    ***

    Ao lado da vergonha de mim, tenho tanta pena de ti, povo brasileiro! De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem- se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, A rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.

    Estes trechos são de um texto super atual, não fui eu quem escreveu, mas alguém que deixou de ser político em 1892, Rui Barbosa!

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  2. Nó no Nójulho 05, 2010

    Nos anos de 1930, na elaboração de uma nova Constituição no Brasil, perguntaram para Capistrano de Abreu, grande historiador brasileiro, (o homem foi indicado para a Academia Brasileira de Letras e recusou-se a tomar posse), qual artigo ele gostaria que incluísse na nova Carta Magna. Rapidamente disse que a Nova Constituição do Brasil deveria ter apenas dois artigos: Artigo primeiro: Todo brasileiro é obrigado a ter vergonha na cara. Artigo segundo: ficam revogadas todas as disposições em contrário. Oitenta anos depois e o homem continua o mesmo.

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