Recebi hoje por
email e não consegui saber onde originalmente foi publicado o artigo que reproduzo abaixo, escrito por um procurador da república em Santa Catarina, mais precisamente de Joinville. Mas pelo que pesquisei, a publicação ocorreu na semana passada.
"TOMARA QUE DEUS NÃO EXISTA
Brasil, um país onde não apenas o Rei Está nu. Todos os Poderes e Instituiçōes estão nus, e o pior é que todos perderam a vergonha de andarem nus. E nós, os Procuradores da República, e eles, os Magistrados, teremos o vergonhoso privilégio de recebermos R$ 4.300,00 reais de "auxílio moradia", num país onde a Constituição Federal determina que o salário mínimo deva ser suficiente para uma vida digna, incluindo alimentação, transporte, MORADIA, e até LAZER.
A Partir de agora, no serviço público, nós, Procuradores da República dos Procuradores, e eles, os Magistrados, teremos a exclusividade de poder conjugar nas primeiras pessoas o verbo MORAR.
Fica combinado que, doravante, o resto da choldra do funcionalismo não vai mais "morar". Eles irão apenas se "esconder" em algum buraco, pois morar passou a ser privilégio de uma casta superior. Tomara que Deus não exista...
Penso como seria complicado, depois de minha morte (e mesmo eu sendo um ser superior, um Procurador da República, estou certo que a morte virá para todos), ter que explicar a Deus que esse vergonhoso auxílio moradia era justo e moral.
Como seria difícil tentar convencê-Lo (a ele, Deus) que eu, DEFENSOR da Constituição e das Leis, guardião do princípio da igualdade e baluarte da moralidade, como é que eu, vestal do templo da Justiça, cheguei a tal ponto, a esse ponto de me deliciar nesse deslavado jabá chamado auxílio moradia.
Tomara, mas tomara mesmo que Deus não exista, porque Ele sabe que eu tenho casa própria, como de resto têm quase todos os Procuradores e Magistrados e que, no fundo de nossas consciências, todos nós sabemos, e muito bem, o que estamos prestes a fazer.
Mas, pensando bem, o Inferno não haverá de ser assim tão desagradável como dizem, pois lá, estarei na agradável companhia de meus amigos Procuradores, Promotores e Magistrados.
Poderemos passar a eternidade debatendo intrincadas teses jurídicas sobre igualdade, fraternidade, justiça, moralidade e quejandos.
Como dizia Nelson Rodrigues, toda nudez será castigada!
DAVY LINCOLN ROCHA
Procurador da República"
Hoje, no
blog de Moacir Pereira, foi publicado que o "Promotor de Justiça Carlos Alberto Nahas (também catarinense) questiona o voto que a advogada Gisela Gondin Ramos deu no CNJ contra a concessão do auxilio moradia. Indaga: “A advogada Gisele e o presidente da OAB-SC em algum momento se referiram ao achatamento salarial dos juízes promovido nos últimos 10 anos, com perdas expressivas de quase 30 por cento de sua remuneração ? Foram solidários a magistratura? Ou preferem um poder judiciário enfraquecido e humilhado?"
Leitor, não sei de qual dos dois tenho pena. Se do procurador, que receberá olhares atravessados de seus colegas e mesmo assim gastará seu auxílio moradia, ou do promotor, diante de seus lamentos que não convencem ninguém além dele mesmo e seus pares que comungam do mesmo pensamento. Com vencimentos que iniciam em mais de R$ 15.000,00 (promotores catarinenses), não acredito que estejam passando por tantas dificuldades que necessitem receber uma "ajuda financeira" com valor superior à média salarial brasileira. É um disparate!
Este é o serviço público brasileiro, que, em geral, além de não ter boa qualidade, ainda abriga castas de pessoas superiores, com altos salários, com promoções desvinculadas da meritocracia e da produtividade.
E, se existe Inferno, como mencionou o procurador, os serviços por lá também não serão muito bons.
Verdade.Patilhei.
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