O caos na saúde e o que Dilma não disse no debate

No debate de domingo (19), a presidente manteve o foco em dizer que Aécio foi um mau governador em Minas Gerais. Enquanto isso, nos intervalos do debate, o PSDB apresentava áudio em que Dilma afirmava que Aécio foi um dos melhores governadores do Brasil, quando ela concedeu uma entrevista a uma rádio mineira.
Durante o confronto, Dilma omitiu ou mentiu quando defendeu seu governo diante das críticas de Aécio. Vamos a algumas, coletadas no jornal Estadão:

Petrobras


Dilma afirmou que o valor de mercado da Petrobrás é crescente. Desde o início do governo dela, em 2011, até 29 de setembro, a Petrobrás perdeu 57,77% do seu valor de mercado. No dia 31 de dezembro de 2010, a estatal de petróleo do Brasil valia US$ 228,2 bilhões. O valor caiu para US$ 96,3 bilhões no pregão da Bovespa do dia 29. A perda foi de US$ 131,8 bilhões.

A Petrobras nunca perdeu tanto valor quanto no governo Dilma. Além de perder capital em razão dos péssimos invesimentos como a compra da refinaria em Pasadena (negócio realizado em 2006 e 2011), a superfaturada refinaria Abreu e Lima (o projeto inicial previa gasto de R$ 2,5 bi e hoje está em R$ 20 bi) e a corrupção na maior estatal brasileira, denominada vulgarmente como Petrolão, que veio à tona após matérias publicadas na imprensa que o governo chama de gospista. Claro, quem aponta a corrupção no governo petista é golpista.

Crescimento do PIB


"Dilma disse que Aécio está muito pessimista com o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), depois de ele afirmar que a economia brasileira deverá avançar 0,3% neste ano. Esse crescimento foi previsto pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) no Panorama Econômico Mundial divulgado no início deste mês."

Ou seja, o pessimismo não é de Aécio. É da indústria, do comércio, do setor de serviços, enfim, é nosso - nosso no sentido de agrupar as pessoas que entendem o quão desastrosa é uma economia com esse crescimento pífio.
A indústria brasileira nunca teve pior desempenho nos últimos 50 anos. Ao contrário do lema de JK, o Brasil piorou 50 anos em 5.

Investimentos na saúde 


"Aécio citou uma queda nos investimentos em saúde pública no Brasil. 'Os gastos no seu governo com saúde pública caíram, estão em algo em torno de 55% do orçamento.' A petista rebateu afirmando que os recursos aumentaram em relação ao governo FHC – de R$ 24 bilhões em 2002 para R$ 91 bilhões no seu governo."

O que Dilma omitiu, segundo o jornal Estadão, é que "As verbas para o setor (de saúde pública) estão condicionadas à Emenda 29 à Constituição, aprovada em 2000, durante a administração tucana, que diz que os recursos federais destinados à saúde devem ser corrigidos anualmente conforme a variação do PIB. Com isso, o crescimento do gasto em relação ao PIB é de 1,7%, mesmo índice de 2002."

Ou seja, os investimentos na saúde cresceram porque o PIB também cresceu. E por que não se investiu mais que o que determina a lei? Só para constar, 45 mil leitos vinculados ao SUS foram fechados no país.

Em artigo publicado no ano passado, pelo jornalista Reinaldo Azevedo - o anticristo para os petistas -, com base, segundo ele, nos dados do IBGE, escreveu:

"Entre 2002, último ano do governo FHC, e 2005, terceiro ano já do governo Lula, o número de leitos hospitalares havia sofrido uma redução de 5,9%. Era, atenção!, A MAIS BAIXA EM TRINTA ANOS! Números fornecidos pelo PSDB? Não! Por outra sigla: o IBGE. Em 2002, havia 2,7 leitos por mil habitantes. Em 2005, havia caído para 2,4. A OMS recomenda que essa taxa fique entre 3 e 5.

“Ah, Reinaldo, de 2005 para cá, já se passaram oito anos; algo deve ter mudado, né?” Sim, mudou muito! O quadro piorou enormemente: a taxa, agora, é de 2,3 — caiu ainda mais. E caiu não só porque aumentou a população, mas porque houve efetiva redução do número de leitos púbicos e privados disponíveis: só entre 2007 e 2012, caíram de 453.724 para 448.954 (4.770 a menos).

Num país com uma saúde já em petição de miséria, foram fechados 284 hospitais privados só nos últimos cinco anos. A maioria estava localizada no interior e fazia atendimento pelo SUS. Sem a correção da tabela, quebraram."

Leitor, veja estes números:
"Durante governo Dilma 13 mil leitos hospitalares foram fechados (só no SUS). Enquanto isso a população padece devido ao atendimento precarizado, mas, segundo o secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Fausto Pereira dos Santos, a política de saúde adotada segue “uma tendência mundial”.

A afirmação do secretário Fausto foi dada em resposta durante reportagem veiculada no Bom dia Brasil desta última segunda-feira (11/08) na TV Globo, sobre a redução de leitos públicos enfrentada no país. Segundo ele, a redução ocorreu em “hospitais privados contratos ao SUS. Em leitos psiquiátricos e pequenos hospitais”. E que ela é compensada graças aos chamados leitos “extra-hospitalares” em Unidades de Pronto-Atendimento, e CAPS.

A oferta de leitos no Brasil está abaixo do que é recomendado pela Organização Mundial da Saúde.

A situação é crítica, o estado de Roraima tem uma única UTI com 33 leitos para atender a toda a população, quase 400 mil pessoas. Isso sem falar nos leitos improvisados nos corredores dos hospitais, realidade de norte a sul do país.

A média nacional é de 2,3 leitos por mil habitantes, segundo dados da Organização Mundial da Saúde, tanto nos hospitais públicos quanto nos particulares. O país não chega nem ao mínimo recomendado pela OMS, que são de três leitos para cada grupo de mil habitantes.

Segundo os dados de 2013 da OMS sobre a quantidade de leitos hospitalares por mil habitantes, o Brasil está longe de seguir uma tendência mundial. O Japão no ano passado já possuía 13,7 leitos por mil habitantes, Alemanha (8,2), França (6,6), Cuba (5,1), Argentina (4,5), China (3,9), Itália (3,5), Portugal (3,3), Canadá (3,2), Espanha (3,2), EUA (3). (Fonte: A Hora do Povo)

Em audiência pública realizada na Câmara Federal, no primeiro semestre do ano passado, com a presença do ex-ministro Alexandre Padilha, derrotado neste ano nas eleições para governador em São Paulo, dados lamentáveis sobre a saúde pública no Brasil foram divulgados.
Houve fechamento de mais de 40 mil leitos em hospitais credenciados ao Sistema Único de Saúde naqueles últimos 7 anos (hoje são 45 mil leitos fechados). Como disse o líder da oposição na Câmara, "A saúde só nao está na UTI por falta de leito!"
Além disso, o Brasil possui apenas 1,8 médicos para cada mil habitantes.

Leitor, atualmente, é a rede de hospitais privados - e tem muita gente que tem medo da palavra "privatização" - quem atende 45% das internações vinculadas ao SUS, e é responsável por 34 % dos leitos hospitalares no país. Imagine se em determinado dia, não suportando mais os custos com atendimentos via SUS, pois reembolsados muito aquém do necessário (as entidades privadas arcam com 40% dos custos), os hospitais/clínicas privados resolvam desvincular-se do sistema. Se você acha que está ruim, saiba que essa medida tornaria a saúde pública um inferno.

Há quem diga que o governo federal não pode resolver o problema da saúde nos estados e municípios, pois são de responsabilidade destes as gestões em suas atribuições na saúde. Entretanto, é o governo federal quem possui a maior parte do bolo de arrecadação de tributos. É ele quem estabelece diretrizes a estados e municípios. É ele quem altera os valores de procedimentos médico-hospitalares da tabela do SUS, fixando os valores de repasses como, por exemplo, o de procedimento para uma mamografia, que o SUS paga R$ 40,00.

Pode-se apresentar outros exemplos, como os de partos, que li em uma notícia na internet. Um médico recebe menos que o profissional contratado para filmar o nascimento. O SUS paga cerca de R$ 200,00 para o médico que fizer um parto normal.
Para uma biópsia de próstata, o SUS paga pouco mais de R$ 90,00, mas só a agulha pode custar o dobro ao hospital/clínia que realizar o procedimento. Isso quando houver uma entidade credenciada.
Em uma internação de quatro dias, para tratamento de pneumonia, o médico que acompanhar o caso receberá em torno de R$ 30,00, enquanto o hospital será reembolsado em pouco mais de R$ 400,00, mas se o paciente ficar internado por mais tempo, o SUS não pagará qualquer custo a partir do quinto dia.
Uma radiografia, que o custo médio é de R$ 40,00 na rede privada, o SUS não paga nem R$ 10,00.

Mas se você acha que doze anos não foram suficientes para melhorar a saúde no Brasil e atualizar a tabela do SUS, para que hospitais consigam prestar serviços satisfatórios e não quebrem, vote em Dilma. 

Um comentário:

  1. Ótimo texto Sérgio, importante jogar luz sobre a real situação da saúde pública no país e seus reais responsáveis. A tabela de procedimentos do SUS, única ferramenta meritocrática de remuneração de prestadores existente no sistema público de saúde, foi abandonada pelo atual governo,está defasada e soa como uma piada de mal gosto quando se comparam valores de custo e de remuneração. O quebra-quebra de hospitais "nunca antes na história desse país" foi tão alarmante, o resultado é o pires na mão dos prefeitos em direção à Brasília (fomento ao clientelismo) e o sacrifício orçamentário bem acima da EC29 por parte dos estados e municípios brasileiros. Há um movimento em andamento que solicita o investimento mínimo de 10% do orçamento federal em saúde, é um dos pontos, porém é preciso repensar o SUS estruturalmente, fugir do modelo "hospitalocêntrico" e majorar o investimento (e controle) na prevenção (Estratégia de Saúde da Família, UBS's, etc...). Em paralelo é preciso dar autonomia para a gestão dos hospitais e quiçá utilizar como modelo a dinâmica canadense, onde, apesar de gratuita, a saúde é ofertada por prestadores privados quase que totalmente. Atualmente o povo paga caríssimo por um serviço péssimo, as epidemias de greves somente destacam quem são os atuais beneficiários de um sistema onde a meritocracia e o controle de resultados são irrelevantes. Há ainda uma carência notória de profissionais nesta área e o protecionismo das classes não tem colaborado com a resolução dessa situação, como resultado este governo, aproveitando-se da rejeição da população em relação a forma de agir destas entidades, utilizou-se dessa "brecha" para, pulando o exame obrigatório para validação do diploma profissional, facilitar o acesso de profissionais de qualidade duvidosa beneficiando regimes com os quais não esconde simpatia. Isto posto temos o atual quadro, que já não era bom, piorado e com diversos problemas adicionais a serem resolvidos pelos próximos gestores.

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