Nossos relacionamentos e a efemeridade da vida

Dia desses encontrei uma prima que veio passar alguns dias de férias em Imbituba. E durante nossa breve conversa, ela comentou que tem mantido contato com parentes através do Facebook e seria bom se nossa família, que é grande, realizasse um encontro festivo. Afinal, há parentes que nem conhecemos.

Quando criança, eu não fazia ideia de que um dia primos e primas se tornariam adultos e se afastariam uns dos outros, cada um com seu destino, com seu modo de vida.
Hoje, é difícil às vezes acreditar que tanto tempo passou e tanta coisa mudou. Parentes que faziam parte do dia a dia nem encontramos mais. E quando os encontramos por aí, não conversamos. Cada um em seu mundo. Em suas rotinas.

E com os colegas de infância, cuja amizade se construiu pela vizinhança ou na escola, o mesmo aconteceu. Se foram. Nem nas redes sociais os encontramos porque não lembramos mais de seus nomes. Mas conseguimos lembrar, com saudades, alguns bons momentos, divertidas conversas e brincadeiras.

Vamos amadurecendo e chegamos à adolescência e à juventude, e mais colegas e amigos começam a fazer parte de nossas vidas, enquanto outros vão indo embora, quer mudando de endereço, quer se distanciando por vários motivos. E às vezes nem sabemos quais são esses motivos.

Ao nos tornarmos adultos é que começamos a ver quantas pessoas passaram por nossas vidas e nos proporcionaram boas companhias e amizades. Amadurecemos com elas. Fomos felizes. Ainda que por escasso tempo.
Lembramos de alguns namoros, paixões e noites inacabáveis. E como disse Mário Quintana, "Como é bom morrer de amor!, e continuar vivendo..."
Mas um dia tudo acaba. E não sabemos disso quando somos crianças. Sabemos, mas ignoramos. Afinal, tem-se uma vida longa a ser vivida. Ainda há incontáveis anos no futuro. Entretanto, os anos passam tão rapidamente que é difícil acreditar ao ver fotos que agora já são antigas.

E aonde estão nossos parentes, nossos colegas e amigos? E aquelas pessoas que um dia você disse que amava? Onde estão nossos filhos? Onde estão nossos pais e irmãos?
O que faltou dizer a eles? Um pedido de desculpas? Um sincero "você é muito importante para mim"? Faltou um abraço? Um simples telefonema? Uma visita? Um verdadeiro "como você está"? Quem sabe você deveria ter mandado flores? Talvez esperavam um beijo seu? É possível que desejavam ou desejam apenas a sua companhia por alguns instantes.
E sempre deixamos para amanhã uma palavra amável, um abraço, um carinho, um beijo, como se tivéssemos certeza que esse amanhã existirá. Como se esquecêssemos que muitos amigos e parentes só se reúnem em velórios. Como se desconhecêssemos a efemeridade de nossas vidas.

Enquanto você leu este texto, lembrou de várias pessoas que foram ou lhe são importantes. Não deixe que elas saiam de sua vida sem demonstrar o carinho que sente por elas. O tempo passa rápido. E a vida se vai com ele... quando menos se espera. Você pode até tentar planejar o futuro, mas não sabe em que momento a morte cruzará seu caminho. E ela não obedece a ordem natural das coisas. Ou melhor, a ordem que entendemos - e queremos - ser natural. Pessoas não se vão apenas quando envelhecem. Muitos partem ainda jovens. E esse jovem pode ser você mesmo. E quais lembranças pretende deixar para seus amigos e parentes que você gosta, admira ou ama? E o que você deseja dizer a eles, antes que se vão?

Que tal abraçar agora quem está a seu lado? Ou fazer uma ligação para alguém que você gosta muito e dizer: só liguei pra falar que você é muito importante para mim!

"A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos."
(Charles Chaplin)

4 comentários:

  1. Belas e sábias palavras Pena Digital, tens sangue de poeta também...e o mais terrível é a mudança de criança para adolescente...Po a dona maria ou fulana ou o seu joão, fulano passou por mim e não falou comigo! Não esqueça jovem que sua mudança foi rápida e você ficou diferente mesmo. Portanto não se assustem se um conhecido seu não lhe reconheceu. Voltando ao seu comentário, hoje liguei para 2 de meus 9 irmãos e irmãs, pra não ficar só nos email.

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    1. Um telefonema é mesmo muito melhor que um email.
      Quanto ao poeta, estou longe de ser um, mas pretendo escrever um pouco mais sobre o relacionamento entre pessoas, que anda cada vez mais virtual.

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  2. Pena Digital, você sempre apresenta um tema importante, mas este me fez "afiar as ferramentas", e me colocar em ação para rever minhas posturas. Afinal a vida é tão curta em relação ao tempo que, erroneamente, deixamos tudo para depois, ... "quando estiver de férias, qdo ter dinheiro, ado os filhos crescerem, qdo me aposentar, qdo... Enfim qdo o QUANDO CHEGAR (que as vez não chega, pq outra dimensão nos chama), já não temos mais disposição e forças físicas para abraçar a quem deveríamos ter abraçado muito!

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    1. Fico feliz quando consigo me conectar com o leitor. Mais ainda quando consigo levá-lo à reflexão sobre temas importantes. E não há nada mais importante que nossos relacionamentos com as pessoas que nos são caras. Obrigado por ler e comentar!

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