O dia em que a terra tremeu...

Por Karin Vieira Roussenq

“Essa noite eu tive um sonho de sonhador, maluco que sou, sonhei com o dia em que a Terra parou” (Raul Seixas).

Só que não foi sonho. E a terra não parou. Mas num belo dia de domingo, sol brilhando, eu estava na cozinha de um restaurante, trabalhando. Não, isso não é uma reclamação, ou início de um desabafo... É o relato do dia em que a terra tremeu em Auckland.

Então, depois de relembrar Raul e divagar um pouco, vamos aos fatos!

Domingo, 17 de março. Saí do trabalho, mais ou menos 3h30 da tarde, e fui para casa, que fica a uns dois minutos do restaurante. Ao chegar em casa, cansada – estava desde as 8h00 da manhã trabalhando, de pé o tempo todo –, sentei no chão da sala enquanto conversava com minha amiga. De repente, senti o prédio tremer... olhei para minha amiga, olhamos para o televisor, que estava balançando. Nos perguntamos o que estava acontecendo e imaginamos ser um terremoto. Parou logo em seguida. Então, não tivemos tempo de pensar se ia acontecer algo mais e se devíamos sair do prédio, mas realmente foi assustador. Foram apenas alguns segundos, mas a sensação de sentir a terra tremendo sob seus pés é terrível.

Alguns minutos depois e confirmamos pela internet que realmente havia ocorrido um terremoto nas proximidades de Auckland. O terremoto foi de pequena escala (magnitude de 3,9 na escala Richter, registrado em Motutapu Island, a 15 km de Auckland, próximo à Ilha de Rangitoto, onde está localizado um dos vulcões existentes aqui na Nova Zelândia). Mas foi o maior ocorrido na cidade de Auckland desde fevereiro de 2007. Não gerou danos de grande monta, apesar de ter ocorrido em área ocupada pela população. E segundo notícias nos jornais, foi descartada a hipótese do terremoto ter sido causado por atividade vulcânica.

Nova Zelândia está localizada na falha geológica entre as placas tectônicas do Pacífico e Oceania, registrando cerca de 14 mil terremotos, anualmente. Mas a grande maioria é de pequena intensidade – entre 100 e 150 são perceptíveis, e apenas 20 com magnitude acima de 5 pontos na escala Richter.

Catedral Christchurch - antes e depois do terremoto
Em 2011, um terremoto de magnitude 6,3 na escala Richter atingiu Christchurch, localizada na Ilha Sul aqui na Nova Zelândia. Cento e oitenta e uma pessoas morreram e a cidade ficou devastada.

Apesar de não estar imune aos desastres naturais, pode-se considerar o Brasil um país “abençoado por Deus e bonito por natureza”, como bem descreveu Jorge Ben Jor, onde não temos terremotos em grande escala (Sim, ocorrem terremotos no Brasil. Em 2010, foram registrados mais de 60 na região Nordeste, mas todos com magnitude abaixo de 3,2 na escala Richter), fortes furacões, vulcões em atividade, ou outras catástrofes naturais que ocorrem mundo afora.

Nossos piores desastres são os “humanos”, como escândalos políticos, e decisões incoerentes, como um deputado com opiniões racistas, machistas e homofóbicas, que é nomeado presidente da Comissão de Direitos Humanos; ou onde receita de macarrão instantâneo inserida em redação para “testar a correção do Enem”, segundo o estudante autor de tal proeza, é considerado assunto dentro do tema, que era “Movimento imigratório para o Brasil no século 21”.

Por aqui, espero que as placas tectônicas parem de “brigar” por espaço.
Enquanto isso, do outro lado do mundo...

8 comentários:

  1. Calculo ter sido assustador e emocionante. Uma bela narração do fato.

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    1. Realmente assustador, emocionante, curioso.. um mix de emoções.. Que bom que você gostou da narração. Obrigada! continue acompanhando.

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  2. Assustador, embora a forma como foi escrito o texto transforma o fato em algo curioso. Claro, para que apenas imagina...

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    1. A sensação é estranha.. mas ainda bem que foi pequeno e sem maiores consequencias.. :)

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  3. No link que você passou junto com as fotos (www.geonet.org.nz/quakes/felt) é possível saber o número de terremotos diários na Nova Zelândia. É assustador. Eu sabia que tinha de ter algo de ruim por aí... rsrsrs

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    1. Verdade.. Ocorrem pequenos terremotos o tempo todo, devido às placas tectônicas que mencionei. Mas a grande maioria de baixa magnitude, graças a Deus!

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  4. O finalzinho do seu texto me faz lembrar uma piada que o pessoal lá no Rio costumava contar. Acho que é do conhecimento de todos, mas vou relembrar.

    Quando Deus criou o mundo, Sao Pedro reclamou que ele nao tinha sido muito justo na distribuicao de catástrofes sobre a terra. Que alguns países seriam castigados o ano todo por terremotos, outros por maremotos, outros por períodos enormes de seca e que ele, Pedro, desconfiava que ele, Deus, tinha tido mais boa vontade com o Brasil, onde quase nada semelhante aconteceria e que, comparado a outros países, era o próprio paraíso sobre a terra.
    Entao Deus, do alto da sua sabedoria e com muita indulgencia disse "calma Pedro, espera só pra ver o povinho que vou botar lá".
    Nao me xinguem, a piada nao é invencao minha!

    Pois eu morro de medo de terremoto. Meu marido sugeriu irmos morar em Portugal depois que aposentarmos. Eu estaria num país bem mais quente que a Alemanha e que fala a minha língua e ele estaria mais perto do país dele. Recusei veementemente. Peritos alemaes afirmam que o próximo terremoto com dimensoes catastrofais em Portugal (do Algarve até Lisboa) nao é SE mas QUANDO vai acontecer. Prefiro ficar aqui no frio!


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    1. É, dá muito medo mesmo! Espero que aqui em Auckland continue assim, de preferência sem terremoto, ou se houver, só esses pequenos..

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