Candidatos derrotados são nomeados para cargos no estado

Leitor, em 2009, escrevi o artigo O Brasil é governado por derrotados. Passados quatro anos, verifica-se que o sistema político continua o mesmo, em todos os níveis federativos (municípios, estados e União).
É por essas e outras que temos uma das piores educação do planeta, um sistema de saúde precário, uma segurança má administrada, um sistema de transporte ineficiente, caro e inseguro, rodovias inacabadas e superfaturadas e por aí vai.

Mal acabaram as eleições de 2012 e se iniciaram as nomeações dos derrotados Por Toda a Santa Catarina. São candidatos a vereadores e a prefeito que não venceram as eleições, mas ganharam algum cargo, em algum lugar. A quase totalidade deles não possui condições técnicas ou conhecimento para exercerem as funções exigidas pelo cargo que ocupará, mas isso não interessa ao governante que o nomeou. Afinal de contas, o dinheiro gasto é público.
Fico imaginando se esses governantes, caso fossem proprietários de empresas, contratariam tais políticos para gerenciarem seus negócios privados. Se investiriam seu próprio dinheiro em alguém que não possui as qualificações que o mercado exige.

A população, às vezes, nem sabe que aquele candidato derrotado está ocupando um cargo público, por nomeação fundamentada na sigla partidária. Até porque pouco a imprensa fala a respeito. Criticar, então, nem pensar, pois a maioria é financiada com dinheiro das pastas que foram ocupadas por esses políticos nomeados pós-eleição.

Eu não sei quantos vereadores e prefeitos foram nomeados para ocuparem cargos no estado, mas sei de três deles.
O primeiro, que sofreu o repúdio do Sindicato dos Engenheiros Agrônomos de Santa Catarina, assumiu a presidência da Fatma: Gean Loureiro (PMDB), candidato derrotado nas eleições municipais da Capital, em 2012. 

O segundo, assumiu uma assessoria não sei do quê na Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável, cujo secretário é Paulo Bornhausen (PSD): Crhistiano Lopes de Oliveira (PSD), derrotado nas eleições municipais de Imbituba, em 2012.
Alguém leu alguma notícia sobre essa nomeação? Às vezes, fazem estardalhaços quando assumem; às vezes, o silêncio é sepulcral!
Enviei mensagem eletrônica para a assessoria de comunicação dessa secretaria, para saber o cargo de Christiano, mas nenhuma resposta foi encaminhada.

O terceiro, indicado hoje, para a diretoria de transportes do Deter, foi candidato a prefeito derrotado nas eleições municipais de Imaruí, em 2012: Amarildo Matos de Souza (PSD).

Não podemos esquecer do ex-prefeito Osny Souza Filho, que ocupa uma diretoria da Casan, desde que perdeu as eleições em Imbituba.

E sobre os diretores da Casan, a Justiça determinou o bloqueio de seus bens, como podem ver neste pequeno trecho da decisão judicial, exarada pelo juiz Luiz Antônio Fornerolli, da 1ª Vara da Fazenda Pública de Florianópolis, colhido no blog de Rafael Martini, numa publicação feita hoje:
Trata-se de Ação Civil Pública proposta pelo Ministério Público em face de Walmor Paulo de Luca, Pedro Bittencourt, Jucélio Paladini, Neri Antonio Nader, Nelson Gomes Mattos, Marco Antônio Koerich de Azambuja, José Ari Vequi, Antônio Varella do Nascimento, Laudelino de Bastos e Silva, Valmir Humberto Piacentini, Osmar Silvério Ribeiro, Cezar Paulo de Luca Adelor Francisco Vieira, Osny Souza Filho e Paulo Eli, em face de atos praticados na CASAN que culminou com a distribuição de participação nos lucros em favor dos administradores e dos empregados nos anos de 2009 e 2010.

Afirmou que, em razão da natureza jurídica da CASAN e diante da situação financeira da empresa, essa conduta não seria legal e atentaria contra os princípios da "legalidade, moralidade e, principalmente, ao interesse público que deveria reger toda a atividade estatal". Busca em sede de liminar a indisponibilização dos bens dos requeridos no equivalente a R$ 10.348.837,76 (dez milhões, trezentos e quarenta e oito mil, oitocentos e trinta e sete reais e setenta e seis centavos), a fim de resguardar futura e eventual sentença condenatória de ressarcimento ao erário. Ao final, busca a declaração da nulidade da destinação dada aos lucros que foram objeto da 39ª e 40ª Assembléias Gerais Ordinárias, bem como o ressarcimento integral do prejuízo causado ao erário, além da imposição das penas previstas nas Lei de Improbidade Administrativa pelos atos por eles praticados.

E, assim, vamos assistindo a essa solidariedade política, onde ninguém fica desamparado, pois sempre cabe mais um, quando se tem votos para a manutenção do poder.
E nas próximas eleições estarão aí, novamente, pedindo seu voto. E você votará! Se não votar neles, votará nos indicados por eles.

Artigo publicado em 2009: O Brasil é governado por derrotados

Atualização em 1º/03/13: Mais um prefeito derrotado!

"Se algum catarinense ainda tinha dúvidas sobre a antecipação da sucessão estadual que analise as últimas escolhas de Raimundo Colombo (PSD), no primeiro e segundo escalões. Inaugurou uma nova fórmula de fazer política, com a nomeação de ex-prefeitos e candidatos derrotados nas eleições de outubro. A última e mais emblemática acontece hoje com a posse de Ronério Heiderscheidt, do PMDB, que sofreu revés em Palhoça e assumirá a presidência da Cohab. A lista é comprida e inclui, claro, as polêmicas secretarias regionais." (blog do jornalista Moacir Pereira - leia o artigo completo)

(A foto que ilustra este post é a que uso no meu perfil no Facebook, depois que aprovaram o auxílio-moradia, no valor de R$ 4.738,00, a deputados, juízes, promotores, conselheiros e auditores do Tribunal de Contas. É o maior do país.)

10 comentários:

  1. Ser politico é uma grande profissão no Brasil!
    Não precisa nem ter estudo, cultura e conhecimento de nada!

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    1. É, João, temos de saber escolher os políticos.

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  2. Realmente é uma vergonha. E sem falar que a maioria está com os bens indisponíveis por irregularidades cometidas contra o erário público.

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    1. Isso não mancha a idoneidade deles. Eles são intocáveis. Se fosse nos EUA, pediriam desculpas ao povo e sairiam de cena. Aqui, ao contrário, não faltam puxa-sacos para defendê-los.

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  3. Há alguns dias falei que nossas leis não são boas, venho falando há anos e sempre sou contrariado, talvez por não usar um vocabulário mais sofisticado ou técnico, mas é compreensível.
    A Lei Maior é um conjunto de leis que devem ter sintonia entre si, se complementam, do que adiante termos leis de segurança ótimas se para fazê-las serem cumpridas os governantes podem nomear pessoas que não contam com a formação idêntica aos comandados, e mais, só a formação não basta é necessário uma vivência no dia a dia dos problemas a serem enfrentados. Isto também se aplica na Saúde e na Educação.
    O preenchimento destes cargos deveria ser feito por profissionais de carreira escolhido entre os que mais se destacaram na sua corporação, colégio ou unidades de saúde.
    O mesmo se aplica no Judiciário onde os mais altos cargos são preenchidos por juízes escolhidos pelos governantes e sabatinados pelos legisladores, que sempre, e cada vez mais, apoiam quem governa.
    O funcionalismo público, tão acusado como inoperante ou favorecido pela legislação é um dos que mais sofrem. Se fizermos uma comparação da empresa privada com a pública teremos:
    Na privada o funcionário que se destaca e trabalha para engrandecer a empresa tem condições de galgar altos postos ou aumento salarial.
    Na pública não existe esta possibilidade, pois os mais altos cargos são para afilhados políticos. Na hipótese de um funcionário público desagradar um político, seja de que maneira for, estará sujeito a uma transferência indesejada. Se um policial mata um bandido num confronto é imediatamente afastado de suas funções. É investigado por ONGs Direitos Humanos e outros assemelhados, isto sem falar de matérias que maculam sua reputação nos órgãos da imprensa. O mesmo se aplica a uma professora que tenta orientar os alunos quanto a educação que não recebem em casa.
    Se formos falar das Leis eleitorais mal feitas teremos que usar um espaço muito grande e um tempo enorme, portanto vamos falar somente das eleições de dois em dois anos e nas coligações.
    Quer maior despropósito, serve somente para permitir estas nomeações “apadrinhadas” onde os perdedores que obtiverem maior número de votos sejam beneficiados e permitem coligações imorais como as que vemos no âmbito Federal, Estadual e já esta começando no Municipal.
    Para encerrar pergunto: Para que tanto partido político¿ Para que serve um partido político que dá ênfase na sua atuação em problemas periféricos e não nos problemas principais que são: Educação, Saúde e Segurança.
    PS. Os clubes de futebol e suas Federações tem Leis próprias e não permitem a intromissão da justiça em suas decisões, mas recebem volumosos auxílios financeiros do estado e já existe um projeto no Ministério para isentá-los de Impostos.
    Não desanimem, tem saída, vamos continuar a luta pela moralização, e vamos vencer.

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    1. Nesse caso, não há lei que exija do indicado político capacidade relacionada ao cargo. É a quantidade de votos, os conchavos e a ganância pelo poder os requisitos para a assunção do cargo.

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  4. E assim vai continuando a palhaçada desse governo.. e cada vez mais a política do nosso país é motivo de vergonha aqui fora. Não é à toa que o Brasil está muito abaixo no ranking da honestidade.

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    1. Os sistemas eleitoral e político aqui são implacáveis! Feito para o poder, pelo poder. Com a contribuição da população.

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  5. Muitos perdedores aqui na Zimba também ganharam cargo, será que são técnicos? kkkk

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