Édio fala sobre a suposta matança de cães em Imbituba

Quando publicaram no Facebook uma postagem afirmando que 300 cães do canil municipal tinham sido mortos, num mesmo dia, logo recebi mensagens perguntando se eu sabia desse fato. De início, avaliei como suspeita a notícia, mas tentei buscar informações precisas. As pessoas que contatei afirmaram que isso era mentira, mas sugeriram que eu buscasse mais detalhes com o veterinário Édio de Oliveira, proprietário da clínica que administrava o canil.

Depois de um contato telefônico, enviei a Édio algumas perguntas por email, numa rápida entrevista, para que esclarecesse os fatos que ele classificava como caluniosos. Já ao telefone, Édio informou que havia registrado boletim de ocorrência policial, em razão da calúnia.

Vamos à rápida entrevista!

Por que a Clinvet não está mais administrando o canil municipal? 

Não tínhamos mais interesse desde o final de 2011, quando tentamos entregar à prefeitura, porém, o prefeito Beto nos chamou e pediu para que continuássemos até o final de sua gestão, pois considerava um programa importante para o município e estava contente com o trabalho que estávamos realizando, além de que fazer uma licitação demoraria algum tempo e talvez não encontrasse imediatamente uma empresa do ramo que atendesse a todas exigências de uma licitação. Em consideração ao pedido do prefeito, ficamos mais uma ano, 2012, com contrato até 31/12/2012.

Baseados em nosso contrato com a prefeitura, que permitia que os cães, após castrados e vacinados contra a raiva, em condições de saúde normal, fossem devolvidos para as ruas, de onde vieram; baseados na RECOMENDAÇÃO número 01/2012 do Ministério Público, programamos para que a cada mês que passasse, diminuiríamos o número de cães no canil. E assim procedemos com respaldo no contrato e na recomendação do Ministério público, soltando no dia 28/12/2012 o último cão que havia no canil, ficando com o local totalmente vazio.

Com isso, cumprimos as recomendações do Ministério Público, o contrato com a prefeitura e o acordo com o prefeito, com a secretaria de saúde e com a vigilância sanitária que acompanhava e fiscalizava nosso trabalho.

Tivemos seis anos à frente deste programa com os seguintes resultados:

-1.372 cães de rua castrados;

-506 cães castrados, de pessoas carentes selecionadas pela vigilância sanitária;

-castramos todos os cães dos carroceiros que catam papelão na cidade, todas as castrações com termo assinado pelos proprietários; total de castrações = 1.878 animais.

-1.184 animais foram adotados, todos com termos de adoções assinados, em feiras que realizamos ou por pessoas que visitavam o canil.

De muitos cães que morriam atropelados e que recolhíamos nas estradas, enviamos 47 amostras de material para exame de raiva, que era um dever da prefeitura para com o estado.

Desta forma cumprimos nosso dever, como também cumpriu a prefeitura de Imbituba.

Qual sua opinião sobre cães nas praias, soltos ou encoleirados? O risco de transmissão de doenças a banhistas é alto?

Cães ou qualquer outro animal na praia, na temporada de verão, solto ou em coleira, é totalmente contraindicado, além do risco de acidentes, cão com cão, cão com pessoas; não se sabe se os cães estão vacinados, desverminados e livres de outras doenças; e o risco é grande por este motivo que citei e pelo íntimo contado das pessoas com a terra.

Há quase duas semanas, um usuário da rede social Facebook afirmou que 300 cães que estavam no canil municipal foram mortos e enterrados. Há alguma verdade nisso? 

Pela primeira resposta que te dei, dá para concluir que a notícia que soltaram na rede social é uma grande mentira, uma grande calúnia, uma grande maldade, que não dá para entender o motivo.

Num trabalho desse, que a prioridade era recolher cães atropelados com as mais variadas lesões, cães doentes, com inúmeras doenças infectocontagiosas, que o código de sanidade animal e de controle de zoonose recomenda a eutanásia, todas as mortes através desse processo (eutanásia) não atingiram, no decorrer desses seis anos, o número que divulgaram na rede social. Imagine se isso teria ocorrido num único dia! Informaram que as mortes dos animais ocorreram em 11/01/13, data que não havia mais contrato entre a Clinvet e a prefeitura, quando não havia mais cães no canil.

Não sei como ainda existem pessoas que ficam em dúvida ou até acreditam numa loucura dessa.

Obtive a informação de que o Ministério Público determinou ou orientou que os cães sadios fossem postos em liberdade, devidamente castrados, enquanto os doentes permanecessem no canil, para tratamento. É verdadeira essa informação?

     

Seguimos a Recomendação número 01/2012 do Ministério Público.

Também chegou-me a notícia de que parte do canil teria sido destruída, por determinação da Clinvet. Isso é verdade?

Para a execução do projeto, a empresa que vencesse a licitação tinha o dever de construir o canil e assim foi feito. Construímos o canil com recursos 100% próprios; por isso, após termos devolvido para as ruas o último cão, no dia 28/12/12, no último dia do contrato com o canil vazio, dia 31/12/12, retiramos tudo que era nosso, particular, e com isso o canil ficou desmontado. Dois motivos para isso: primeiro porque era nosso e, segundo, para evitar que pessoas, como era de costume, abandonar seus próprios cães, deixando-os presos no canil.

Leitor, eu encaminhei outras perguntas a Édio de Oliveira, para trazer maiores informações aos leitores do blogue sobre o tema zoonose em Imbituba, mas dei a opção a ele que, se quisesse, responderia somente essas que publiquei acima. Ele escolheu apenas essas, embora tenha dito que poderemos continuar a falar do assunto, em outra oportunidade.

Pelo que observo no Facebook, muitas notícias de fontes duvidosas são amplamente comentadas e até compartilhadas, sem se buscar a verdade sobre os fatos, causando grande prejuízo moral ou econômico às pessoas atingidas por essas notícias. Temos que ter em mente que essas pessoas são reais; não são virtuais como os perfis nas redes sociais. E, bem por isso, temos de tomar cuidado ao falar delas ou, "simplesmente", compartilhar uma informação sobre elas.

O mais preocupante é que uma mentira compartilhada centenas de vezes - ou até milhares -, quando descoberta a verdade, esta não é compartilhada com a mesma intensidade e rapidez pelos usuários das redes sociais. Ou seja, a verdade nunca irá alcançar o mesmo número de usuários que leu a mentira divulgada. O usuário parece gostar mais de divulgar uma notícia duvidosa, que compartilhar uma notícia verdadeira.

(a foto que ilustra este post foi copiada do sítio da Prefeitura Municipal de Imbituba)

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