Por José Carlos Angioletti
Em 2008, durante a campanha eleitoral para prefeito e vereadores, como candidato foquei minha proposta de campanha no compromisso com a valorização e a importância da educação no desenvolvimento do município, e na ascensão social dos mais pobres.
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Discurso na Câmara sobre educação |
Naquela ocasião, tentava convencer, inclusive, nosso candidato à reeleição a prefeito, além do público eleitor – aí incluídos os próprios educadores - de que a educação merecia atenção diferenciada, tendo em vista a miséria da qualidade do ensino oferecido as nossas crianças e jovens.
Fui vencido pelas urnas e pelo “establishment” (se é que me entendem), mas não fui derrotado nas minhas convicções.
Dados do IDEB 2009 e opiniões de vários especialistas indicam que, já naquela época, eu estava correto em expor certas “fraturas” do nosso sistema educacional. Uma delas o proselitismo político e o clientelismo com que nossas “autoridades” tratam a educação. Sem contar a “pobreza” de conhecimento dos mesmos em relação ao assunto.
Investir em educação não é só reformar e construir. Não basta oferecer transporte e merenda. Afirmo: SÃO NECESSÁRIOS. Entretanto, torna-se IMPORTANTÍSSIMO qualificar e impor a POLITICA DO MÉRITO, sem a qual nada daquilo resultará em melhoria na qualidade do ensino.
Os educadores que ocupam as vagas de diretores e secretários de escolas devem portar os devidos méritos para ocupar tão importantes cargos. Tão ou mais importantes quanto o cargo de secretário municipal de educação.
Para isso, deveriam qualificar-se em
Gestão Escolar como condição
sine qua non para desempenhar tão importante função. Todavia, na perversa prática política aprendemos que, para a tão sonhada (para alguns)
nomeação, os candidatos a diretor e secretário de escola devem mostrar serviço já na campanha eleitoral, desfraldando bandeirolas e gritando palavras de ordem para o candidato a vereador preferido do grupo dominante. Que tristeza!!
Todos sabemos que a relação escola-professor-famílias é muito complexa e, de maneira alguma, deveríamos aceitar qualquer solução que não fosse profissional, isto é, baseada em méritos.
Segue, conforme divulgado, o ranking das escolas municipais segundo o IDEB 2009. Vale lembrar que a situação das escolas dos municípios de nossa região apresentam os mesmos índices vexaminosos:
ESCOLA | ESTADUAL | NACIONAL |
Henrique Lage | 398 | 4090 |
Itamar Luiz da Costa | 764 | 8195 |
Gracinda A. Machado | 847 | 9476 |
Visconde de Rio Branco | 847 | 9476 |
Basileu J. da Silva | 847 | 9476 |
André A. de Souza | 933 | 10.826 |
Álvaro Catão | 933 | 10.826 |
José V. Mayer | 1019 | 12.214 |
Marcilio Dias Santiago | 1209 | 16.372 |
José G. Cabral | 1250 | 17.788 |
Julieta P. Simões | 1340 | 21.861 |
Joaquim Ramos | 1410 | 28.060 |
Lembro que a escola primeira colocada no ranking estadual, e nona colocada no ranking nacional de 2009, está localizada no pequeno município de São José do Cedro.
Não só por aqui, mas em todo o Brasil, os egressos das faculdades de pedagogia e das licenciaturas sabem pouco - ou quase nada - de didática, já que 80% do que aprenderam foram teorias obsoletas, formadas de bordões ideológicos.
A maioria ensina na base do improviso, e poucos seguem um modelo único de projeto pedagógico.
A UNESCO fez uma enquete com professores brasileiros, cujo resultado segue: 72% entendem que sua missão é “formar cidadãos conscientes” (ideologia pura); e 9 % entendem que é “proporcionar conhecimentos básicos” (ler e escrever).
Escola não é madraçal, muito menos nichos ideológicos. Escola é lugar para aprender a ler e a escrever. O cidadão consciente forma-se a partir daí. Nossas crianças e jovens não necessitam que lhes ensinem cidadania à moda de certos esquerdopatas saudosistas.
Para finalizar, lanço o seguinte desafio:
1 – que tal afixar placas em todas as escolas do município informando a nota do IDEB/ano, e sua classificação no ranking estadual e nacional? (já existe tramitando no Congresso Nacional, um Projeto de Lei com essa proposta – espero que aprovem). Será que nossas autoridades municipais adiantariam-se ao tal projeto?
2 – Que tal eleger o próximo prefeito com base em suas propostas para melhorar esse (vergonhoso)
desempenho?
“Uma cabeça bem feita vale mais do que uma cabeça cheia”. (Michel de Montaigne - 1553-1592. Filósofo francês).
Para os possíveis críticos: leiam mais. Ao menos três livros por ano.
Muito bom o artigo do senhor Angiolleti, mas não acredito que a Gestão Escolar seja a solução para o problema.
ResponderExcluirO professor ainda não tem a consciência de que ele não é mais o dono do conhecimento. Ele ainda não percebeu que ele agora tem que ser o mediador do conhecimento, que ele constroi a educação junto com aluno e a família.
Não se pode esquecer, Educação é dever da escola e DA FAMÍLIA. A escola não é babá.
Pais e professores preparados, juntos, podem formar cidadãos conscientes, que raciocinam e pensam, e não macaquinhos para uma repetição mecânica, fruto da industrialização e que o sistema cria até hoje, treinados para provas de decorebas, pois é o que o mercado exige, e para subempregos.
A educação se torna ridícula ao ponto de vermos em Imbituba, diretores assumindo essa função com a justificativa do partido de que foram candidatos na eleição passada, e o pior ver o diretor ir recentemente até a sala de aula e colocar no quadro o seu número para as próximas eleições e dizer para os alunos anotarem. Isso foi em Imbituba e muito recente (10/2011).
A educação é tão desvalorizada que o professor ganha oito vezes que o prefeito, ou seja, a função de prefeito é oito vezes mais importante que a de um educando.
No estado então, essa diferença vai para quase 20 vezes. E o pior, um governador, depois de 4 anos, recebe pensão vitalícia, ou seja, quatro anos do seu trabalho equivale a 30 do nosso, pois esse é o tempo que levamos para receber esse benefício.
O professor tem que começar a construir o conhecimento sem ameaças aos alunos. A família tem que incentivar, estimular e construir também. E os líderes tem que criar vergonha em dar a valorização devida e a população criar vergonha e cobrar, e não só reclamar.
Do jeito que esta não dá.
João Batista Coelho Júnior
Especialista em ciências dos saberes da educação.
Especialista em metodologia e didática do ensino superior.
Especialista em cibermídias.
Concordo com todos quanto a importância que deve ser dada a educação e, realmente este tema precisa não ser somente discutido, mas também, que os pontos positivos das discussões sejam aplicadas com o objetivo de busca na melhoria contínua do crescimento da educação em nosso municipio, nao somente em termos de estrutura organizacional, mas principalmente na obtenção do resultado ao qual qualquer politica e plano pedagógico vislumbra, o aprendizado, o conhecimento e, automaticamente, uma visão mais abrangente do mundo, de forma que possam nossas crianças e jovens tomar decisões, pensar, discutir, e não apenas servir aos interesses de outros.
ResponderExcluirConcordo ainda mais, com o que já fora neste blog mencionado pelo Alison (transcrição abaixo) e com que entendi que foi tmabém uma das posições emanadas no texto do Sr. Angiolett:"infelizmente, muitos políticos que indicam diretores, não levam em consideração todo esse conjunto (competência, conhecimento, etc). Afinal, para algumas autoridades políticas, não importa a sua bagagem teórica ou experiência no magistério, antes é necessário que o candidato à direção escolar se afine com os seus projetos políticos. Conhecimento.... Ah, isso pouco importa! A competência está atrelada à inserção aos planos de políticos que concebem o administrador escolar como um possível cabo eleitoral.
Por isso e tantos outros motivos sou contra a indicação de diretores. Temos que reconhecer que indicação política não significa necessariamente incompetência (embora geralmente assim seja). Há outros problemas que devemos considerar. Quando alguma autoridade política indica o diretor, este, por sua vez, pode vender sua consciência. Isso é repudiável. Afinal de contas, como posso manifestar publicamente a minha indignação ao governo atual, se foi o mesmo que me indicou?".
Assim, acho imprescíndivel que para que esta discussão nao seja apenas utópica, que se saia do DISCURSSO e se vá à PRATICA. Afinal Sr. Angiolet, quando vereador também fez suas indicações, e na condição de suplente, também buscou sem êxito, indicar diretor, talvez o motivo do seu sentimento de revolta que se manifesta no texto quanto ao atual governo.
Bom seria se todos discutissem e cuidassem da educação com a devida importância e carinho, não tão somente em momento de eleições, mas que essa cultura fizesse parte de nosso dia a dia.
Este é um tema de muita importância e por sua vez, certamente gerará polêmicas no decorrer das manifestações de pensamentos que cada um de nós possui.
Henrique Lage