"Batalha naval de Imbituba faz 172 anos"

Barco em Chamas - Batalha de Imbituba - Zumblick - 1980
Leitor, recebi da assessoria de comunicação da Companhia Docas de Imbituba o texto abaixo e, por cujo conteúdo fazer parte de nossa História, publico neste blog para disponibilizar aos leitores, historiadores e estudantes que porventura tiverem interesse nesse fato histórico:
BATALHA NAVAL DE IMBITUBA FAZ 172 ANOS

O “batismo de fogo” de Anita Garibaldi ao lado de Giuseppe é lembrado pelo Porto de Imbituba

A história da República Juliana sempre é contada lembrando o romance entre o revolucionário italiano Giuseppe Garibaldi e a catarinese Anita, que se transformou na Heroína de dois Mundos, lutando pela República do Brasil e pela unificação da Itália. A Praia do Porto, onde está instalado o Porto de Imbituba, foi o cenário da primeira batalha da guerreira, um batismo de fogoem que Anitamostrou sua coragem e sua força, em 4 de novembro de 1839 e que a Cia. Docas tem orgulho de lembrar.

No auge da Revolução Farroupilha, vindo de uma batalha próxima à Ilha de Santa Catarina em direção à Laguna, o vento tornou impraticável o acesso a Barra de Laguna. Por segurança Garibaldi decidiu atracar as embarcações Rio Pardo e Seival na enseada de Imbituba. A natureza fornecia um abrigo natural, côncavo, com a extremidade sul avançando ao mar, fechando em forma de ferradura.

As embarcações eram de madeira, com propulsão à vela, com um canhão calibre 9 cada uma. Foram construídas pelo próprio Garibaldi em uma fazenda no atual município de Camaquã, a 125km de Porto Alegre (RS). Para chegar até a água, precisaram ser arrastados por mais de 100km até a foz do rio Tramandaí, sobre carretas de oito rodas puxadas por cerca de 200 bois. Ambas foram incendiadas posteriormente por Garibaldi na Batalha de Laguna em 15 de novembro de 1839.

A batalha

Garibaldi insistiu para que a mulher acompanhasse a batalha da praia, ou ajudasse a levar os feridos por terra até Laguna, para que ficasse a salvo, mas Anita não obedeceu e afirmou que permaneceria a bordo, correria os mesmos riscos como qualquer homem e ainda pediu que não lhe dessem atenção especial.

Para a batalha, além dos marujos, o Coronel Teixeira Nunes colaborou com duzentos homens fazendo a guarda terrestre. A estratégia estava montada para que quando os imperiais entrassem na enseada se tornassem alvos fáceis da bateria montada atrás de uma parede de pedras. Levaram um dia inteiro para a preparação.

Ao amanhecer de 4 de novembro, os três maiores navios da Armada Imperial, Bela Americana, Patagônia e Andorinha chegaram em Imbituba e imediatamente abriram fogo. Possuíam dois canhões, oito caronadas (canhão curto, leve e de pouca espessura), duas colubrinas (canhão comprido) e 154 homens. Os dois primeiros atacaram a embarcação mais bem equipada dos republicanos, Rio Pardo, onde estavam Giuseppe e Anita. O Andorinha concentrou os tiros contra a artilharia terrestre.

O principal alvo dos imperialistas era o ataque ao Rio Pardo, por que ali estava a concentração da resistência republicana. De acordo com registros das Memórias de Garibaldi, Anita postou-se com um fuzil na primeira linha dos atiradores. As naus imperiais faziam movimentos, mas Rio Pardo havia sido atingida e fundeou, ficando imóvel. Apareceram os primeiros cadáveres, despedaçados pela força da artilharia inimiga. A violência foi aumentando com o decorrer da batalha, chegando ao ponto de ser homem a homem, na pontaria das carabinas.

No meio da tarde os marujos republicanos começaram a fraquejar e Garibaldi foi para o parapeito do navio para encorajá-los, tendo Anita ao seu lado, empunhando um fuzil, gritando palavras de ordem. A coragem da companheira orgulhou Garibaldi, mas ao mesmo tempo ele temeu pela vida da mulher e pediu mais uma vez para ela se proteger. Expostos, uma bala de canhão atingiu a amurada e a destruiu, todos foram arremessados à distância. Alguns marinheiros caíram mortos por cima de Anita, que desmaiou. Garibaldi pensou que ela havia morrido, pois estava coberta com o sangue dos homens.

Depois de vê-la refeita, Giuseppe ordenou que descesse ao porão e ela, desta vez, obedeceu, mas dizendo que iria para buscar os covardes que estavam escondidos. E assim teria feito, voltando com três marinheiros apavorados e cansados da batalha. O fato recuperou os ânimos e a coragem dos republicanos que viram a força de vontade e a disposição de Anita para voltar a guerrear.

Nos últimos momentos o casco do navio Bela Americana sofreu uma grande avaria e seu comandante, 1º Tenente João Custódio d’Houdin estava mortalmente ferido, o que obrigava os imperiais a buscar reforços. Os outros dois barcos, mesmo em melhores condições decidiram seguir o primeiro, ancorando em mar aberto. Já era fim de tarde e eles recuaram, dando a vitória da batalha aos republicanos.

Durante a trégua os mortos foram enterrados, Anita socorreu os feridos e foram para Laguna por Terra. O Império retomou Laguna em 15 de novembro, mas a Revolução Farroupilha terminou apenas em 28 de fevereiro de 1845, com a assinatura do Tratado de Ponche Verde entre o Barão Duque de Caxias e o General Davi Canabarro. Coincidentemente, num mesmo 15 de novembro, mas de 1889, arepública foi proclamada no Brasil, quase 50 anos depois, realizando o ideal de governo pelo qual há tanto tempo se lutava, e que teve em Imbituba, um importante capítulo.

* Texto elaborado com informações de artigo intitulado “A Batalha Naval de Imbituba – 4 de Novembro de 1839 – O Batismo de Fogo de Anita Garibaldi” de autoria do Dr. Gilberto Barreto, com informações de pesquisas.

(A edição e revisão do texto em destaque é de responsabilidade de seu autor)

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