Vencimentos baixos não atraem profissionais ao serviço público

Valor de vencimentos na administração pública sempre foi um problema. Os servidores reclamam que ganham mal. As administrações dizem que não podem pagar melhor; e muitas até divulgam que pagam bem.

Nessa luta constante e infinita, sofre o servidor mal remunerado e também o contribuinte, que não recebe bom atendimento nos serviços públicos. É evidente que a má qualidade do serviço prestado pelas administrações não é consequência, somente, dos baixos rendimentos auferidos pelo funcionário, eis que engloba inúmeras questões de ordem gerencial, política e econômica. Mas vamos nos fixar apenas na questão salarial e tomarmos como exemplo, principalmente, o setor de saúde.

Eu já reclamei, você já reclamou e outras pessoas reclamaram. Não, não vou conjugar o verbo reclamar. Talvez tenhamos outros verbos mais importantes para conjugarmos.
Quem não reclamou ou já ouviu alguém protestar sobre o atendimento médico municipal?
Eu só não ouvia reclamações quando eu era guri. Minha mãe não reclamava. Havia o Dr. Leite, Dr. Eduardo Collares, Dr. Messias, Dr. Aires e outros que não recordo.
Eu cresci, a cidade cresceu, e... os problemas também.

Há muitos anos temos um problema sério no setor de saúde pública de Imbituba. Por ser tão sério já foi parar no Ministério Público-MP, mas conseguiu-se, pelo que eu soube, apenas um TAC-Termo de Ajuste de Conduta.

A questão levada ao MP era com referência à carga horária dos médicos, os quais não estavam cumprindo-as. Atendiam aos pacientes agendados e não aguardavam o fim do expediente médico. Ou seja, se chegasse alguém dentro do horário de atendimento estabelecido, não seria atendido. Conforme já ouvi até nas sessões da Câmara de Veradores, o problema continua.

Leitor, você sabe qual o vencimento de um médico da rede pública de Imbituba? Não? Saiba, então. Para trabalhar 20h por semana, seu vencimento básico é pouco mais de R$ 600,00!

Leitor, qual tipo de atendimento você terá de um profissional de medicina que recebe R$ 600,00 para trabalhar 20 horas semanais, se uma consulta na rede privada está acima de R$ 100,00?
Perguntaria o leitor: -Ah, mas então pra quê ele fez concurso, se sabia que o salário seria este?
Não há uma resposta simples. Vamos fazer uma pausa aqui.

A maioria dos servidores públicos municipais, de qualquer cidade, poderia prestar concurso para qualquer outro cargo além daquele que exerce. Logo, a escolha pelo cargo, ou pelo vencimento desse cargo, deixa de ser, necessariamente, uma opção e passa a ser uma necessidade: o emprego! Daí, geralmente, vêm as greves por melhores salários.

No caso dos médicos, estes têm uma profissão liberal que pode ser exercida em qualquer lugar, percebendo valores muito superiores aos da administração pública municipal. Estes, sim, na minha opinião, não prestam concurso por necessidade, mas por opção. Talvez, porque acabaram de sair da faculdade. Talvez, porque precisam ficar conhecidos na cidade, antes de abrirem seus consultórios particulares ou clínicas. Talvez, porque podem ficar pouco tempo no local de trabalho e podem ganhar aqueles R$ 600,00. Talvez, porque reconhecem sua missão e, com altruísmo, a exercem. Há outros "talvez".

Nesta semana, ouvindo o programa "A Voz do Brasil" - é, eu ouço esse programa, de vez em quando -, uma notícia me chamou a atenção. Uma PEC-Projeto de Emenda Constitucional pretende fixar o vencimento básico de um médico no valor de R$ 15.000,00, para aqueles que são funcionários das administrações públicas federal e estaduais.
A PEC tem como objetivo manter bons médicos no serviço público, principalmente no interior do país.

No ano passado, a prefeitura de Imbituba deu início a um certame para preenchimento de vagas na administração pública. Vejam os cargos e os vencimentos respectivos clicando aqui. Depois, voltem a este artigo.

Pois é, leitores, faz duas semanas que escrevi um artigo no qual eu dizia que a administração tem de ser mais técnica ao indicar pessoas para cargos comissionados. E disse também que há bons nomes na cidade para exercerem esses cargos.
Agora, pergunto: será que é fácil encontrar esses técnicos que queiram trabalhar temporariamente e por salários abaixo da média de mercado? E já foi pior essa situação.

Logo, se não se consegue atrair os melhores profissionais de cada área, penso que não teremos como provocar uma revolução gerencial e a reengenharia da administração pública.

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