A mídia e a promoção da insegurança

O ser humano é uma criatura interessante, intrigante, misteriosa. Muitos outros adjetivos se pode acrescer à lista. E, por isso, há uma frase bem conhecida, da qual não encontrei a autoria, que diz "Quanto mais conheço os homens, mais admiro os animais".

Leitor, qual foi a notícia que mais lhe chamou a atenção hoje?
Com certeza você teve conhecimento hoje de algum fato que lhe deixou pensativo. Ou angustiado. Ou indignado. Algum alegre? Geralmente, não. Os fatos que mais mexem conosco são aqueles ruins. A imprensa sabe disso.
Estupros, assassinatos, acidentes fatais, violência gratuita, assaltos. Mas é isso mesmo que você gostaria de ouvir, de ler, de assistir? Claro que não! Contudo, é exatamente a isso que você mais dá atenção.
Essas notícias impregnam de medo sua mente.

Está provado que você se sente melhor, se vir e ouvir coisas boas. Você fica mais tranquilo, menos ansioso, mais feliz. Mas o ser humano é atraído pelas desgraças, mesmo que nunca queira ser o ator de alguma delas.
O horror que se assiste na TV, que acontecem em outras cidades brasileiras, faz com que o telespectador passe a acreditar que ele pode ser vítima de toda barbárie, ainda que resida em uma cidade tranquila como... Imbituba.

Aquele senhor, daquele programa, daquela rádio, que faz uma algazarra ao noticiar fatos policiais, transmite a sensação de que vivemos em uma cidade extremamente violenta e insegura. Como se assaltos à mão armada acontecessem frequentemente. Como se o ouvinte pudesse ser vítima de um assassinato ao ir à padaria. Como se tivéssemos uma cidade permeada de gangues e quadrilhas.
Não há outra consequência senão que a propagação do temor.

Há um ou dois anos, numa matéria de capa de um jornal da cidade, mostrava-se a aquisição de armas pesadas por parte da PM local, como se toda aquela artilharia era condizente com a situação de criminalidade que a cidade vivia - ou vive. Para os incautos, para aqueles de outras cidades que apenas vissem a foto na capa, o que pensariam? Qual a utilidade daquela imagem em que apareciam fuzis e metralhadoras? Evidentemente que não podemos negar a criminalidade, mas daí a desenhar um quadro que não existe é totalmente desnecessário, além de prejudicial à cidade e à população.

Tudo isso leva ao cidadão a sensação de insegurança e não o contrário. O medo, muitas vezes, leva o indivíduo a agir de forma agressiva, quando sua reação, posteriormente, prova-se que foi desmedida ou desnecessária. Ou seja, o cidadão de bem torna-se violento pela visão que tem da insegurança.

Certo dia, um indivíduo ligou para uma rádio e, sem nunca ter sido vítima nem de furto, já afirmava que a "solução" era comprar uma arma para defender sua casa. O temor dele estava baseado em informações equivocadas que ele acabara de ouvir pela mesma rádio, numa entrevista transmitida. Nesse caso específico, a culpa não foi da rádio, mas das informações equivocadas do entrevistado. Geralmente, entretanto, as emissoras noticiam fatos desnecessários e de forma sensacionalista. Melhor seria se divulgasse quem foi condenado, pois haveria a promoção da sensação de punibilidade.

Leitor, não podemos imaginar, nem em hipótese, que vivemos em um município com índice de criminalidade tão alto quanto Recife, Maceió, Rio de Janeiro, São Paulo. Não se pode acreditar que testemunhar um furto ou uma simples agressão física, será nossa sentença de morte. Muito menos que toda ameaça se concretizará.
Acredito que estão vendo muito noticiário da Globo!

Nenhum comentário:

Seu comentário não será exibido imediatamente.

Para você enviar um comentário é necessário ter uma conta do Google.
Ex.: escreva seu comentário, escolha "Conta do Google" e clique em "postar comentário".

Caso você deseje saber se seu comentário foi respondido ou se outros leitores fizeram comentários no mesmo artigo, você poderá receber notificação por email. Para tanto, você deverá estar logado em sua conta e clicar em Inscrever-se por email, logo abaixo da caixa de comentários.

Eu me reservo ao direito de não aceitar ou de excluir parte de comentários que sejam ofensivos, discriminatórios ou cujos teores sejam suspeitos de não apresentar veracidade, ainda que o autor se identifique.

Comentários que não tenham qualquer relação com a postagem não serão publicados.

O comentarista não poderá deletar seu comentário publicado sem que haja justificativa relevante. Caso proceda assim, republicarei o teor deletado.


As regras para comentar neste blog poderão ser alteradas a critério do editor, o qual também poderá deletar qualquer comentário publicado, mediante justificativa relevante, sem prévio comunicado aos leitores/comentaristas.

Você assumirá a responsabilidade pelo teor de seu comentário.
Este espaço é livre e democrático, mas exerça sua liberdade com responsabilidade e bom senso!

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
Copyright © 2012 Pena Digital.