Instituto Chico Mendes: estaleiro de Eike Batista pode ser construído em Imbituba

Leitores, para quem está acompanhando na mídia impressa ou digital o empreendimento bilionário de Eike Batista em Biguaçu-SC, já deve ter lido que o estaleiro OSX pode ser instalado em nossa cidade, ao lado do Porto de Imbituba.

A maior surpresa para mim não foi saber disso, mas ler que o Instituto Chico Mendes-ICMBio, aquele que, por causa das baleias, embargou por alguns dias as obras de ampliação do cais do Porto de Imbituba, afirmou que é melhor fixar o estaleiro em nossa cidade (ou Itajaí).

O que está acontecendo é que várias entidades de proteção ambiental concluíram que a região (foto) em que se localiza o município de Biguaçu terá seu meio ambiente atingido negativamente pelas atividades do estaleiro.
Essas entidades, principalmente o Instituto Chico Mendes, questionam o EIA-Estudos de Impacto Ambiental  apresentado pela empresa de Eike Batista.

O Ministério Público Federal está acompanhando de perto todo o processo de análise para liberação ou não da construção do estaleiro OSX, e não descarta uma ação civil pública para impedir que o bilionário empreendimento seja construído em Biguaçu, caso se comprove que haverá grandes riscos ao meio ambiente da região.

Conforme li no Diário Catarinense, "o coordenador regional do ICMBio, Ricardo Castelli", disse que "a região escolhida para o empreendimento não tem vocação para essa atividade. Ele citou Imbituba e Itajaí como áreas alternativas, onde já existem portos em operação."

ICMBio questiona e destaca os seguintes riscos ao meio ambiente:
-ameaça à fauna, às atividades de pesca, maricultura e extrativismo;
-em caso de derramamento de óleo, atingiria praias e costões;
-durante a dragagem perturbará os golfinhos e interferirá na maricultura;
-a metodologia usada no estudo de impacto ambiental (EIA) da OSX subestima a probabilidade de contaminação do mar por óleo nas unidades de conservação;
-o destino final do material dragado para a abertura do canal é indefinido e pode ser depositado em áreas de manguezal ou na margem do Rio Cubatão;
-para a demonstração das caraterísticas do local em que será construído o estaleiro, há diferenças entre a carta náutica para a descrição do fundo da Baía Norte e o traçado da costa. O EIA considerou um mapa de 1902, e não o mais recente, feito pelo Instituo de Planejamento Urbano de Florianópolis (Ipuf) em 2002;
-com as obras, as ondas entrariam com mais força na Baía Norte e poderiam provocar erosões no Pontal da Daniela e no estuário do Rio Ratones, além de prejudicar a sobrevivência das espécies marinhas acostumadas a águas calmas;
-contaminação por arsênio – a dragagem e o aterro apresentam risco de liberação do arsênio, elemento químico tóxico encontrado no ambiente e que pode provocar câncer, mutações no DNA e malformações. O elemento químico foi encontrado em nível acima do aceitável para uma região produtora de marisco e onde 70% da população de Governador Celso Ramos depende da pesca como meio de sustento;
-tintas anti-incrustrantes – o EIA da OSX reconhece os efeitos prejudiciais, mas considera pequeno o risco de contaminação. Prevê o uso de outro tipo de tinta, mas não especifica qual nem os efeitos que essa outra tinta possa provocar;
-o EIA não considerou a possibilidade de ocorrência de acidentes com navios petroleiros de maior porte, somente com pequenas embarcações
-o estudo de impacto da empresa não prevê a construção da estação de tratamento de efluentes, o que é recomendável por causa do número de trabalhadores previstos para o estaleiro;
-a região possui 25 espécies ameaçadas em extinção, entre elas a estrela-do-mar Astropecten Marginatus. É a espécie ameaçada mais abundante no local e foi chamada no EIA como estrela-do-mar “não identificada”.

A posição do ICMBio não é imutável. O próprio instituto afirma que poderá mudar de opinião, desde que o projeto seja readequado e contemple as alterações necessárias para preservar o meio ambiente.

Ontem, no mesmo Diário Catarinense, publicou-se matéria alvissareira para o município de Imbituba. O município, que também teria sido sondado para receber o estaleiro OSX, seria a primeira opção para a sua instalação, se naufragarem as possibilidades em Biguaçu.

Tanto o prefeito José Roberto Martins, quanto o diretor de Operações da Santos Brasil Tecon Imbituba, Caio Morel, "concordam que o empreendimento do bilionário Eike Batista poderia ser implantado numa área ao lado do Porto de Imbituba."
Conforme informação do DC, o terreno que seria usado pela OSX em Imbituba já foi pesquisado quando se pretendeu a construção de um outro estaleiro que "esteve nos planos de um consórcio que incluía a construtora Construcap". As tratativas teriam esbarrado "na falta de acordo com o dono do local."

"– Aquele terreno é particular. Não cheguei a me envolver no projeto, porque os empreendedores se precipitaram e não conseguiram fechar negócio com o proprietário. Mas, se for conclusivo que o Estaleiro OSX não poderá ficar em Biguaçu, Imbituba vai entrar na briga. E, desta vez, farei o que estiver ao meu alcance para atrair o empreendimento para o nosso município – disse Martins."

"O diretor da Santos Brasil, Caio Morel, destacou que um estaleiro não atrapalharia o projeto de expansão do terminal no porto.

– Pelo contrário. Um empreendimento deste porte combina com as operações portuárias. O porto pode ser a porta de entrada para os equipamentos importados que o estaleiro vai precisar. E também ajudaria a desenvolver a região, profissionalizando os serviços e estimulando mais comércio, mais cabotagem e, consequentemente, mais cargas portuárias.

No Relatório de Impacto do Meio Ambiente (Rima) do projeto OSX, quatro alternativas foram estudadas: Biguaçu, Baía da Babitonga (Norte do Estado), Itajaí e Imbituba. Biguaçu foi o local escolhido. Na Baía da Babitonga, a avaliação negativa de Itapoá passa pela falta de infraestrutura urbana, dificuldade de acesso e baixa disponibilidade de mão de obra, além de impedimentos ambientais." (DC)

Conforme divulgado pelo jornal, Imbituba possui as melhores condições dentre as cidades pesquisadas para receber o enorme empreendimento, mas o ponto negativo seria o fato de que não há área suficiente para abrigar toda a estrutura do estaleiro. Para isso, teriam que remover moradores, como ocorreu quando da construção da Indústria Carboquímica Catarinense-ICC.
Além da falta de espaço disponível, o local a ser usada está dentro da Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca.

O jornal finalizou a matéria publicada ontem com a seguinte menção do prefeito José Roberto Martins:
"– Eliezer Batista (pai de Eike Batista), quando fez o masterplan de Santa Catarina, disse que Imbituba era a joia da coroa por sua capacidade futura. Quem sabe, o filho considere isso agora".

Leitores, será que não só a cidade, mas a nossa região estaria preparada para abraçar tamanho empreendimento? Ou será possível, posteriormente, efetuar os investimentos necessários na área social e de segurança pública para abrigar uma população que para cá se deslocará?
A questão a ser analisada não passa apenas pela questão ambiental, referindo-se aos animais, fauna e flora. Nós, pessoas humanas, estamos inseridos nesse meio ambiente, e precisamos também de proteção e infraestrutura para sobrevivência.

(Fonte: Diário Catarinense)
(Foto extraída do blog Mirante Sul)

5 comentários:

  1. Ler, Esta postagem, Para Imbituba sobra sempre o lixo rejeitado pelos mais inteligentes. E nossos politicos não querem nem saber se nós pessoas que moramos aqui e pagamos nossos impostos estamos de acordo. Nem cito o meio ambiente flora e fauna, pq eles simplesmente dizem que são bichos e plantinhas.E nós? o que somos?
    Tudo o que o prefeito esta fazendo com seus projetos visa o lado de empresário, que vai trazer mais dinheiro para eles.E pergunto vamos deixar? A APA vai deixar? Qdo mandou pararem o barulho para não perturbar as baleias? oO q achei o cúmulo do absurdo, pq no mar nenhum navio para para não perturbar as nossas turistas baleias. Eu amo a natureza e a fauna e flora. Mas tem coisa que fazem que não da para entender. Barulho não pode, mas poluição pode. PRECISAMOS É EVOLUIR. Estou pasma!
    O ser humano, e falo daqueles que tem poder aquisitivo, SEMPRE PENSANDO NAS SUAS CONTAS BANCARIAS,O POVO QUE vive do seu trabalho suado que SE EXPLODA.
    PARABÉNS PELA POSTAGEM, E PELO SEU GRITO DE ALERTA.
    Fica aqui toda minha indignação. Acho que vai chegar o momento que temos que nos mudar de cidade.

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  2. Nó no Nóabril 10, 2010

    Economicamente, a instalação do estaleiro seria a melhor coisa pra Imbituba, porque o empreendimento será o maior investimento privado em Santa Catarina. Vai gerar 4 mil empregos diretos e 4 mil indiretos, poder-se-ia até dizer que o problema do desemprego estaria resolvido. Entretanto temos o lado ambiental, que segundo o IMCBio (Instituto Chico Mendes), em sua análise sobre o estudo de impacto ambiental, concluiu que os danos ao meio ambiente provocados pelo empreendimento é permanente e irreversível, além de não poderem ser atenuados por medidas preventivas e de compensação ambiental. E diz ainda que irá contaminar e alterar a qualidade da água. E as nossas queridas baleias como ficam? Não somos a capital da Baleia Franca. E a praia do Rosa? Não somos uma das 30 mais Belas Baías do Mundo. E a praia do Porto, da Ribanceira. E a tão famosa Praia da Vila, Sede do Surf Mundial. Somos ou não uma cidade turística? Já passamos por uma experiência dessas, lembram da ICC, as autoridades da época queriam que a fábrica fosse instalada no centro da cidade, e conseguiram instalar, e o que aconteceu depois? A cidade ficou sem o turismo, era só pó vermelho. Agora a história se repete, caso venha a ser instalado o estaleiro. Somos cidade turística ou não, se não temos somos é bom avisar para o turista escolher Laguna ou Garopaba para passar suas férias, porque aqui ele só irá ver navios.

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  3. Nossa cidade esta sem rumo mesmo. Com a notícia de que Biguaçu não seria o local ideal para o estaleiro, o pessoal que “manda” na cidade acha que a ideia é maravilhosa e esquecem do meio ambiente. Essas pessoas são as mesmas que também que transformar Imbituba em cidade turística. Poluição e Turismo que não combina. Falo isso, porque no site globoesporte.com de hoje (24/04/2010) saiu uma matéria sobre Imbituba, com título “Na onda do surfe, Imbituba ataca 'com Zico' no futebol para reerguer o turismo” Diz a reportagem: “Patinho feio das estatísticas imbitubenses, o turismo começou a ser soterrado em 1979, com a criação da Indústria Carboquímica Catarinense (ICC). Somado a isso, uma grande indústria ácido fosfórico, uma de cerâmica e o porto. Aos poucos, os moradores foram vendo surfistas e turistas seguirem outro caminho, rumo às vizinhas Ferrugem, Rosa, Guarda do Embaú e Silveira. O único atrativo que resistia bravamente, de longe, era a baleia franca, espécie comum em Imbituba”. Mais adiante: “A cidade só voltou a respirar em meados da década de 90, quando a ICC fechou as portas. Mas, para se recuperar do “antiturismo crônico”, ainda era preciso um empurrãozinho. E ele veio do mar, como uma boa ondulação, quando Teco Padaratz comprou os direitos da única etapa brasileira do Circuito Mundial de surfe, em 2003”. E mais adiante diz: “Surfista nas horas vagas, o prefeito é figurinha fácil nos campeonatos. Mas, agora, ele quer aproveitar a outra maré. A cidade de Imbituba tem a chance de recuperar a identidade que perdeu nos anos 80, quando optou pela indústria, em detrimento do turismo”. A coisa ta complicada.

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  4. Nó no Nó, eu havia lido essa matéria.
    Como eu já escrevi certa vez (não sei se em minha coluna no jornal ou aqui), temos de saber o que realmente queremos para nossa cidade. Um dia se quer turismo, noutro se quer indústria poluente.

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  5. Para quem quiser ler o artigo citado por "Nó no Nó", acesse este link: http://migre.me/zrMK

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