Leitores, na última quinta-feira (21), recebi da imprensa da câmara de vereadores um release sobre o início do Ensino Médio na Escola André Antônio de Souza, do bairro Roça Grande, a partir deste ano letivo, e atenderá os vizinhos bairros Guaiuba, Boa Vista e Itapirubá. Segundo o texto oficial, essa conquista educacional foi "uma grande luta do vereador Thiago Machado (PMDB)".
Bem, não sei se há uma pessoa ou algumas pessoas que podem ser agradecidas por isso, pois essa "luta" vem de anos, muitos anos.
E é assim, demorado, demorado porque é uma ação que visa a melhorar a educação e contratar mais professores. Se fosse outra coisa, outra ação governamental/política que precisasse de uma empreiteira, uma licitação, talvez tivesse sido realizada há mais tempo.
No mesmo dia 21, eu lia um dos editoriais do Diário Catarinense, intitulado "Ensino reprovado". Se você quiser ler o texto completo é só acessar o
link.
O editorial trazia dados sobre a educação brasileira comparada com a média mundial, cujos números constam de um relatório da Unesco, órgão da ONU "voltado para a educação, ciência e cultura".
Expressava o relatório que "o Brasil conseguiu progressos e registra níveis altos" nos itens "atendimento universal, igualdade de gêneros e alfabetização." Por outro lado, o índice que "mede o percentual de crianças que ultrapassam o quinto ano (...) são muito baixos, como consequência de repetência e evasão" escolar.
Enquanto a "média mundial de repetência no Ensino Fundamental é de 2,9%", no Brasil, lamentável e assustadoramente, a mécia é de "18,7%". O absurdo é quase igual quando se comparam os índices de evasão no primeiro ano de escola. O índice mundial é de apenas 2,2%, mas em nosso país é de 13,8%.
Dizia o editorial que esses dados "são extremamente negativos para a educação do país, num momento em que o Brasil e o mundo consideram-na como fator fundamental para o progresso social e o desenvolvimento econômico."
E um dos "maiores obstáculos" observados no relatório da Unesco para que o Brasil apresente índices ínfimos é a baixa "qualidade da educação", cujas causas, dentre outras, "são a precariedade da estrutura física das escolas e o número baixo de horas em sala de aula. Quando a carga horária recomendada é de seis horas diárias no mínimo, os estudantes brasileiros do Ensino Fundamental têm 4,5 horas e os do Ensino Médio, 4,3 horas."
Em uma classificação que mede o "índice de desenvolvimento da educação", envolvendo 128 países, o Brasil está na 88ª posição, cujo primeiro colocado é a Noruega, nação que ocupa os primeiros lugares em outros relatórios de desenvolvimento, como também na lista de países menos corruptos.
Na questão de qualidade de ensino, o "Brasil está perfilado atrás de países como Honduras, Equador e Paraguai, por exemplo, e muito atrás de Cuba, Argentina e Uruguai, que são os melhores latino-americanos."
E pasmem, leitores! "17,8 mil escolas brasileiras, a maioria da zona rural, não têm energia elétrica." E somente "37% das escolas dispõem de biblioteca."
Leitores, evidentemente que há um objetivo em querer tanta má qualidade no ensino, especialmente quando ele é público. Quanto pior a educação, maior a corrupção.
Voltando ao início deste post, posso afirmar que haverá muitos políticos posando para fotos quando do início das aulas do Ensino Médio em Roça Grande, até porque, em política, é muito fácil dizer que a culpa ou a incompetência foi do outro. Entretanto, se tivéssemos governos que realmente se preocupassem com educação, aquele bairro já teria o velho 2º Grau há muito tempo.
Observação: a foto é do site Uniblog e mostra uma escola que parece estar localizada no Nordeste, mas fica no Norte do grande e rico Estado de Minas Gerais.
Em Santa Catarina não temos escolas de pau-a-pique, mas lembro que no ano passado assisti na TV notícia sobre uma que estava quase desabando sobre as crianças; enquanto em Imbituba, no bairro Araçatuba, outra estava sendo reformada e ampliada pelo governo do Estado, mas sem atender ao projeto original, além de já apresentar problemas de infraestrutura, cujo fato
publiquei neste blog.
Pena,
ResponderExcluirDifícil de falar, impossível ficar calado.
Na política de tapar o sol com a peneira, nossos governantes com sua propagandas, tentam nos fazer pensar que está tudo bem, que estamos caminhando para a perfeição, rumo ao desenvolvimento.
A realidade é que infelizmente estamos caminhando de marcha à ré, para a lanterna, despencando para o fim da fila, na contramão da via de outros países com melhores níveis educacionais e nível de vida.
Nossos governantes, com suas políticas equivocadas, aplicam erroneamente suas verbas, esquecendo-se da educação e da sua qualidade, ignorando que um país para crescer, precisa necessariamente investir na educação das suas futuras gerações senão, não existe chance.
Não adianta colocar milhões de pessoas nas ruas, formadas com diplomas de araque, sem que de fato elas tenham adquirido os níveis mínimos de conhecimento necessários para exercerem sua profissão a contento.
A grande maioria que entra no competitivo mercado de trabalho acaba conseguindo apenas sub-emprego, que nada tem a ver com sua formação ou vocação.
O resultado é que talvez, daqui a pouco tenhamos que importar profissionais qualificados de outros países, talvez da China, devido a péssima qualidade dos profissionais aqui formados por nossas escolas.
Tomara que eu esteja errado, ou que esteja sendo vítima de algum pesadelo.
Cândido, você não está errado em quase nada. Penso, contudo, que certas políticas governamentais não são "equivocadas"; são propositais! As verbas não são aplicadas "erroneamente", pois eles sabem muito bem onde aplicar o dinheiro público: nas meias, cuecas, contas de laranjas e empreiteiras.
ResponderExcluirNão faz muito tempo li uma entrevista de um especialista internacional em educação (infelizmente não me recordo do nome dele), na qual ele afirmava que o Brasil gasta muito dinheiro com universidades públicas, local onde a grande maioria dos estudantes tem condições de estudar em universidades privadas. Por que será que isso acontece? Equívoco? Erro? Não acredito!
É bom lembrar que a culpa do péssimo ensino no Brasil, são dos governos FEDERAL, ESTADUAIS e MUNICIPAIS. As prefeituras só pensam em gastar grandes verbas nas construções das escolas. Não investem nos profissionais de educação, dando-lhes condições de trabalho e salários dignos. O ensino básico, que é mantido pela prefeitura, deve ser muito fraco, porque quem pode pagar mensalidade, coloca o filho muna escola particular, porquê? Porque acha que na escola pública o filho não vai aprender coisa alguma, deve achar o professor sem condição de dar aula, acha que é um incopetente. E escutasmos os políticos de nossa cidade (os filhos deles estudam em escolas particulares), dizendo que temos um ensino de primeira. Isso é o Brasil. Que Deus nos ajude.... Amém
ResponderExcluirNó no nó, certa vez recebi um email, desses tipo corrente, para que fosse criada uma lei que obrigasse os políticos a matricularem seus filhos em escolas públicas, pois somente dessa forma a educação teria os investimentos e qualidade que desejamos. Claro que uma lei dessas é inconstitucional, mas com certeza seria a solução para a educação brasileira.
ResponderExcluirOs políticos não gastam somente na construção de escolas. Se a população e os vereadores quisessem mesmo fiscalizar os governos municipais, constatariam muito dinheiro sendo usado para pagamento de muitas coisas desnecessárias, contratos superfaturados de compras que não necessitam de licitação. Para que você possa ter um exemplo local sobre gastos da secretaria municipal de educação, copie o link a seguir e acesse o post que publiquei no ano passado.
http://blogpenadigital.blogspot.com/2009/07/contas-de-osny-nao-sao-aprovadas-na.html
Obrigado por mais uma participação sua.
Caros coegas.... concordo com tudo que está colocado aí em cima, mas não podemos esquecer que tem cidades no Brasil, menores que o nosso município em que a educação basica é referência para todo o país. Com índices de avaliação altíssimios.
ResponderExcluirOutro fato que deve ser levado em consideração é o fato de vários professores não serem formados estarem lecionando, ou então lecionando em outras áres, como formado em educação física e dando aul,as de biologia.... ou engenheiro lecionando matemática e por aí vai.... Queria ver se um matemático poderia assinar uma planta de um edifício? Pena, com certeza não faltarão papagaios de pirata para a foto de inauguração (como se construir escolas não fosse uma obrigação do estado) parece que estão fazendo uma benéfice para a população, mas na verdade é a OBRIGAÇÃO!
Pena sei o quanto é complexo esse tema, mas o investimento no ensino superior tambem é valido, o que tem que mudar éo investimento na educação básica, não podemos cair no conto de especialistas que não querem em nosso país mão de obra desqualificada. Esse caso me faz lembrar quando passou na TV que o Brasil era o único país em que a cerveja era mais barato que o leite, e o que fizeram? Aumentaram a cerveja ao inves de abaixar o preço do leite. Então não podemos perder o invetimento nas universidades pois lá são formados nossos médicos, advogados, professores, engenheiros, intelectuais...... e sim exigir um maior investimento na educação básica. Pois cada centavo que é investido em saúde e educação é um centavo a menos para eles desviarem.
Abraços Arthur Silveira
Arthur, não faz muito tempo (ou ainda acontece), a escolha de professores ACTs (admitidos em caráter temporário) era feita politicamente. O próprio processo já demonstra a precariedade do ensino público. Se todos os anos se precisa contratar ACTs, é porque há um déficit de recursos humanos que não é sanado pelos governos estadual e municipais.
ResponderExcluirPor outro lado, há um problema gravíssimo nas escolas que contribui para a má qualidade do ensino: a indisciplina dos alunos, que chega aos patamares da delinquência. E o problema é generalizado, fruto de uma série de fatores tanto familiares, sociais ou escolares. Eu tive a oportunidade de ministrar algumas palestras em algumas escolas e me assustei com o que presenciei. Posso afirmar que o futuro do país não será nada bom.
Pensando em Imbituba, acredito que há de ser aberta uma discussão envolvendo todos os órgãos públicos afins e a sociedade, para dar um basta na delinquência em sala de aula. Ou se faz isso, ou teremos uma cidade (um país) cada vez pior, sem respeito e sem educação. Aboliu-se os castigos, esquecendo-se que a liberdade possui limites que devem ser respeitados e exigidos.