Apagão alemão

por Malu Peters

Caro Pena Digital!

Muito obrigada pela confiança depositada e pelos votos de boas-vindas ao seu blog e a sua Zimba. Quem sabe apareço por aí mais cedo do que você pensa, hein? Por que esse nome, Zimba?

Caro leitor, hoje resolvi escrever algo mais leve - leve porque, no fim, tudo deu certo! - , pois estou curtindo uma bruta dor de (falta de) dente e isso basta para "queimar a mufa". Não consigo "politicar" nem filosofar. Também não querendo fazer trocadilhos (mas fazendo!) estou "penando" mesmo. Dizem que quando se tira o siso, a gente fica menos ajuizada, emburrece um pouco. Ainda bem que ainda tenho dois, que vou defender com unhas e dentes (com os outros que ainda restam!)

Se você tem alguma curiosidade, em especial sobre a Alemanha (Europa não prometo, é grande demais, mas posso tentar) sobre a qual eu possa escrever, é só mandar seu recado. Dentro do possível, eu pesquiso. Seja como for, uma resposta você sempre terá. Mesmo que não seja a que você quer ler. Aconteceu há uns 4 anos atrás, uma única vez, em mais de 20 anos, mas aconteceu.

Vou contar pra vocês, porque essa história mostra a fragilidade dos países ricos, modernos, industrializados. Eles também têm seu tendão de Aquiles.

Numa tarde de verão, assustei-me com alguém batendo - esmurrando, seria a palavra certa - na minha porta da sala. Irritada, pensei comigo: por que não toca a campainha, como todo mundo, diabos? Olhei pela janela. Era a vizinha da casa diretamente ao lado. Estranhei. Aqui, vizinho quase não vai na casa do outro. Abri. A mulher, um pouco assustada, perguntou-me, esbaforida - era quase a hora do jantar -: "a senhora, também, está sem energia?" Não que eu saiba, respondi, mas vou dar uma olhada. Como eu estava no quintal cuidando das minhas flores, não me dei conta de que a luz havia acabado.

Tenho não, informei, talvez algum pequeno curto-circuito; volta logo.
Vou exagerar um pouquinho: aqui, uma coisa dá defeito hoje, ontem já consertaram!

De qualquer maneira, resolvi ligar pra minha sogra, que mora aqui pertinho, pra saber se lá também estava faltando energia. (Surpreeeesaaaa!!!) O telefone também não funcionava. Claro, né? Peguei o celular e liguei pro meu marido e pedi para ele, depois do expediente, passar numa loja qualquer e comprar alguma coisa pronta para comermos, pois, hoje, “a cozinha vai ficar fria” (quer dizer, não tem comida!). Nosso fogão é com chapa de vidro cerâmico, portanto, elétrico.

Foi o que ele fez. Passou no supermercado (aqui, supermercado também vende comidas prontas, fresquinhas) e aí veio outra surpresa: uma fila enorrrrme do lado de fora e outra do lado de dentro. Ninguém entrava, ninguém saía. Claro, porta automática! A turma que estava de fora, querendo entrar para comprar comida e não podia. A turma de dentro (sortuda!?) já tinha feito suas compras. Mas, como a caixa registradora não funcionava (também eletrônica), foi todo mundo obrigado a deixar as compras lá, passar pelo estoque e sair pela saída de funcionários e fornecedores. Se os de fora deram azar, por que eles teriam mais sorte, né? A Constituição alemã, tal qual a brasileira, diz que perante a lei todos são iguais. Aqui, porém, a igualdade é respeitada até quando falta luz! Diferente do Brasil, onde “uns” são “mais iguais” que outros.

Aiaiai... onde será que guardei aquele pacote de velas que comprei há 10 anos atrás? Cadê o fósforo?

Umas 4 horas depois “fez-se a luz”, novamente. Todo mundo já estava nervoso, pois ninguém sabia o que havia acontecido. Saber como, se todos os meios de comunicação pararam de transmitir? Caos total! Pensamos em um atentado.

Quando a luz voltou, fomos informados pelos noticiários que, durante trabalhos de revisão nos postes mais importantes de retransmissão de energia do sudoeste alemão, alguém fez uma bela duma merda trapalhada e cortou a luz de quase metade do País.

Até em “apagão” a Alemanha é mais organizada que o Brasil; quando apaga, apaga tudo mesmo!

Naquela noite, com certeza, umas 20 milhões de pessoas comeram o alimento sólido (o líquido é a cerveja, isso todo mundo sabe!) mais amado pelos alemães: os famosos pães pretos. Nós, também!




2 comentários:

  1. Isto me fez lembrar de quando teve um apagão em Florianópolis (outubro de 2003, sem luz por mais de 50 horas). Cenas que jamais esquecerei: helicóptero com o facho de luz iluminando os morros e atravessar a UFSC de moto, sem nenhuma iluminação, pessoas ou carros (parecia uma cidade fantasma). Constatações pós apagão: muita gente ainda luta na justiça para ser indenizada, muitos comerciantes venderam alimentos que ofereciam riscos a população, os índices de violência ficaram bem aquém do que se imaginava.

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  2. Malu Petersagosto 20, 2009

    Que acidentes acontecem, todos nós sabemos. Mas o Estado deveria ser o primeiro a tentar sanar os prejuízos do povo. Afinal ele é dirigido pelos políticos (pelo menos são eles que votam as leis que dirigem nossas vidas) e, estes, deveriam ter interesse em salvar os próprios empregos pois, com certeza, nas eleição seguinte o povo iria apresentar a conta. Mas eles não se importam, sabem que o povo é esquecido, no mínimo 3/4 da população brasileira sofre de Morbus Alzheimer. O alagoano "com aquilo roxo" está aí para não me deixar mentir. Quem quiser votar nele outra vez, vote. Mas não se esqueça de guardar tudo que tem no colchão, senão ele "rapa memo"!!!

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