A triste realidade da Polícia Civil catarinense - parte I

Nos últimos dez anos a Polícia Civil catarinense vem recebendo cada vez menos atenção dos governos, e a situação se agrava sensivelmente a cada ano, embora a propaganda governamental tente a todo custo mostrar o contrário, uma imagem de uma segurança e de um efetivo suficiente para Santa Catarina. Só engana os quem não conhecem ou não querem conhecer a realidade e saber do que está ocorrendo.

Vejam os dados:

-Número de Policiais Civis em SC no ano de 1985: +- 3.100 (na ativa)

-População do estado de Santa Catarina em 1985: +- 3,5 milhões de habitantes

-Número de Policiais Civis em SC no ano de 2015: +- 2.900 (na ativa)

População do estado de Santa Catarina em 2015: +- 6,8 milhões de habitantes

-quase 200 delegacias possuem apenas um policial civil, sendo que este único policial é auxiliado por estagiários, empregados terceirizados ou cedidos pelas prefeituras dos municípios.

Há de se esclarecer que esses auxiliares estão presentes em todas as delegacias de polícia do estado. Muitos desses não policiais exercem atividades finalísticas da Polícia Civil, quando para execercê-las seria necessário concurso público, mas todas as instituições fecharam os olhos para essa, em tese, ilegalidade.
Em São Bento do Sul, o prefeito teria manifestado intenção de retirar das delegacias servidores e estagiários, no total de sete, o que dificultaria muito os serviços prestados pelo estado na área policial e de trânsito (licenciamento/transferência de veículos).
Imagino que, se todos os prefeitos decidissem fazer o mesmo, a Polícia Civil praticamente pararia suas atividades em muitos municípios catarinenses.

Então, vem a pergunta: como os governos recentes permitiram que a Polícia Civil ficasse refém de prefeituras e de servidores que não fazem parte do quadro nem foram formados para estarem atuando dentro dela? Como uma população de quase 7 milhões de pessoas se permite ter uma instituição policial funcionando dessa forma?

Recentemente, o deputado governista - e delegado aposentado - Maurício Eskudlark deu entrevista a uma rádio da Capital e afirmou, em outras palavras, que a situação não está ruim e os policiais estão com bons salários.
Diante disso, o presidente do sindicato dos policiais civil logo rebateu: "É uma mentira. Não há estrutura, as delegacias caem aos pedaços; onde há uma boa delegacia não tem policial; onde tem policial, falta viatura. Então, estamos vivendo um inferno".
"Eles falam que reduziram a criminalidade. Falem isso para a médica morta em Criciúma, para a menina estuprada em Morro da Fumaça. Um policial começa, sim, com 4,5 mil, mas um delegado inicia com R$ 18 mil. Não há justiça nisso!", contestou Anderson Amorim (presidente do Sinpol).

(A falta de efetivo) "Não é exclusividade de Santa Catarina. Os governos são maquiavélicos neste sentido. O Estado precisa de polícia para existir, mesmo que haja um clima de paz. Quando a polícia não resolve, quando não consegue dar resposta, a sensação de segurança cai e a confiança na polícia despenca. Isso é ruim para todos", advertiu Anderson.

As recentes ações do atual governo dão sinais de que não sabe o que fazer para restabelecer uma situação pelo menos satisfatória na questão de efetivo policial. Para evitar a aposentadoria em massa, de policiais que amam a atividade mas que não suportam mais o que vem ocorrendo na Polícia Civil, o governo muda leis que ele mesmo encaminhou para aprovação, reduzindo salário daqueles que pretendem ir embora, para inatividade, ou reduzindo daqueles que entram em gozo de férias, em licença-gestação, em licença para tratamento de saúde ou até mesmo quando receberem o 13º salário.

No dia do Policial Civil, no ano passado, publiquei aqui o desabafo de uma policial que deixou a instituição pelos motivos que ela expôs, de forma dramática, angustiante e assustadora. A realidade que ela descreveu pode ser a mesma de muitos Policiais Civis, Por Toda Santa Catarina!

2 comentários:

  1. Nas duas vezes que precisei da PC de Imbituba o atendimento foi feito por um estagiário e um terceirizado. No caso do estagiário tive que fazer um novo BO e com um Escrivão, dois dias após o estagiário foi desligado. No segundo caso o terceirizado me intimou para uma audiência no fórum e não encaminhou para lá processo. No fórum me orientaram a procurar o Delegado, e foi o que fiz. Vi ele falar com o terceirizado e este refez o BO e ai sim o processo andou, mas levou mais dias e continuei sendo ameaçado pelo denunciado. Após a audiência ele, o denunciado não me perturbou mais, o que fez por quase um ano.Este processo encontra-se parado no fórum, mas as providências adotadas pelo promotor aquietaram o ameaçador. Recentemente fui informado por um amigo da precariedade de atendimento da PC de Imbituba mas desconheço se ele, o atendimento foi feito por servidor concursado ou terceirizado.

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    1. A situação é gravíssima aqui e em muitas outras delegacias pelo Estado. Não se sabe o que o governo pretende com isso.

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