Não esqueça de Mariana! Não esqueça dos nossos problemas!

Muitos incluíram uma bandeira da França sobre a foto de seus perfis no Facebook. É uma forma de se solidarizar com as famílias de centenas de vítimas, de compartilhar a dor sentida pelos franceses, já que não há o que possamos fazer por eles. Entretanto, há algo que possamos fazer por nós mesmos.

Não adianta querermos tentar encontrar os motivos que levaram a essa e tantas outras matanças mundo afora, às quais nominamos como atos terroristas. Dentro de nossa capacidade de querer entender tudo isso, parece que a intolerância é o que mais se encaixa nessas ações de terror contra pessoas indefesas. E quantas dessas pessoas que morreram ou ficaram feridas, ou seus familiares, já não estiveram em manifestações pelas ruas francesas pedindo paz, mais liberdade, mais tolerância e o fim das guerras no mundo? O destino pode ter sido irônico com elas.

Em outra tragédia, aqui no Brasil, ao contrário, parece que foi a tolerância a causa que ceifou um número ainda incerto de vidas, que devastou uma região, que poluiu um rio inteiro e outras inúmeras nascentes, que deixou centenas de milhares de pessoas sem água potável. A tolerância estatal de não fiscalizar devidamente as barragens país afora. Não foi essa a primeira tragédia, nem será a última.

Quando ocorreu o incêndio numa boate em Santa Maria-RS, governos municipais e estaduais passaram a divulgar que seriam mais exigentes com as vistorias em estabelecimentos de diversão. Esquecidos os mortos, esquecida a tragédia, não duvido que tudo permaneceu como antes em cada município brasileiro. Como estão os de sua cidade, leitor? Estão aptos a funcionar com segurança?

Agora, após o ocorrido em Mariana-MG, com consequências que atingiram o estado do Espírito Santo, o IBAMA quer mudar a lei para ampliar as multas ambientais. Não seria melhor o governo aumentar a eficiência na fiscalização, para evitar as tragédias? E considerando que apenas 1% das multas aplicadas são cobradas, aumentar o valor delas não muda nada.

O Brasil assistiu a uma tragédia anunciada. Mariana não foi um acidente. Foi a tolerância estatal que a produziu. Por quais motivos se deixou de exigir maiores condições de segurança, melhores estruturas para suportar a pressão do lixo resultante da extração de minério?
E após a tragédia, o que fez o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT)? Foi dar entrevista coletiva dentro da sede da empresa Samarco. Foi muita insensatez! 

Mas por que não damos mais atenção à tragédia de Mariana? Por que Paris importa mais aos noticiários televisivos brasileiros e às redes sociais? Por que as pessoas parecem se importar mais com as vítimas parisienses do que com as brasileiras?

Voltando ao início deste post: há algo que podemos fazer por nós mesmos. Pelos nossos problemas. Porque não é apenas um lugarejo de Mariana que está sob lama. As instituições estão sob lama. Os órgãos estatais que deveriam evitar essa e outras tragédias estão sob lama. O Brasil está sob lama. E nós nos calamos! É possível que alguém resolva promover uma manifestação nas ruas contra o horror na França, mas quem promoverá manifestação contra o horror em Mariana? As ruas já se calaram diante da lama no governo federal, e parece que a própria lama foi quem calou os brasileiros. Não deixe, porém, que a lama o impeça de enxergar quais são nossos problemas.



Mas se você acredita que dá muito trabalho ir às ruas, porque nada se resolve dessa forma, deixo três opções para você escolher o que fazer:

2-Doações para Mariana: Banco do Brasil, agência 2279-9, conta corrente 10000-5, CNPJ 18295303/0001-44 (http://exame2.com.br/mobile/brasil/noticias/veja-como-ajudar-os-desabrigados-da-tragedia-de-mariana)
3-fotos para seu perfil no Facebook:


3 comentários:

  1. O Problema é que estas barragens de mineradoras, são construídas com a própria argila dos rejeitos da mineração... diferente das barragens de usinas hidrelétricas, que são construídas com concreto armado, pedras e um material de alta resistência. Além disto, as barragens de hidrelétricas, também são dotadas de válvula de escape, que são os vertedouros. Uma barragem de mineradora, não tem uma saída de água, existe apenas um pequeno dreno. Não havendo uma saída para a água, quando saturada, chegando ao seu limite, vai com certeza ocorrer vazamento e num pequeno vazamento, abre-se uma enorme fenda, levando tudo que for a jusante de arrasto...infelizmente!

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    1. Obrigado por essas informações adicionais, Tadeu! Mas veja que a falta de fiscalização estatal, aliada à quase certeza da impunidade levam a desastres como este.

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  2. O centro de convenções ainda está recebendo doações?!

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