A LIBERDADE, O RESPEITO E A SOBERANIA

Por Anselmo Heidrich *

A questão é por que estamos aqui? Porque fazemos o que fazemos?

“Nunca antes na história desse país” diria um não saudoso presidente, houve tamanha manifestação exigindo a destituição deste governo. A verdade é que, com muita frequência, se sugere, se pede, se clama e se brada pelo fim deste governo, sim senhores e senhoras. Mas fim do governo, de seu executivo e nada mais? Não. Na verdade, fim de muito mais do que um mero staff de ocasião. Trata-se de urrar pelo fim e descaso com a corrupção como instituição, pelo fim dos desmandos políticos, pelo fim do sufoco induzido como política econômica, pelo fim do arriscado e irresponsável jogo geopolítico em que nos meteram no cenário internacional, do qual o Itamaraty serve como ator coadjuvante ou, na melhor das hipóteses, mero títere.

Quase tudo isto não vem de hoje, não vem de apenas 12 anos para cá, embora seja a mais absoluta verdade que tudo isto piorou, exponencialmente, de pouco mais de uma década para os dias que sobrevivemos. Mais que estancar a sangria desatada é pela liberdade que marchamos, pela liberdade que choramos, pela liberdade que sopra nosso último ar.

Deixe-nos dizer a que viemos, legiões de indivíduos sim, mas não somos massa, não somos agregados, não somos bandos, somos cidadãos organizados e ordeiros querendo ser ouvidos, querendo interlocução e um artigo um tanto quanto raro nos dias atuais, respeito. Alguém já ouviu falar nisto? Pois sim, e ele só é alcançado com a liberdade de se expressar, com o livre-arbítrio e responsabilidade decorrente.

Sem esta liberdade não teremos como apontar onde, quando, como e quem comete a corrupção lesando o erário, a confiança e nossa fé. Sem liberdade de expressão somos reféns da mão pesada do estado rumo ao naufrágio, como se fôssemos formigas escorregando em madeira flutuante nos rios turbulentos de nossas vidas. Sem poder falar, escrever livremente, nada podemos alertar sobre o mau uso político da máquina pública, com seus vícios fisiológicos e clientelistas.

Corremos um risco de extinção enquanto nação e vegetarmos como povo, de sucumbirmos como indivíduos livres e soberanos, dotados de consciência e caráter, tendo sido derrubados e esmagados por uma máquina burocrática.

Exerça seu poder como indivíduo e mostre que somos mais do que um número figurativo de dezenas de milhões de habitantes. Mostre e prove a eles que não somos gado jogado de um lado a outro em uma caçamba, mostre que esta “caçamba” é um território, com proprietários e produtores, consumidores e cidadãos que exigirão o que lhes é de direito, a liberdade, o respeito e a soberania.

*Professor Anselmo Heidrich é membro do MBL-Movimento Brasil Livre em Florianópolis

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