Ninguém vai pro céu!

Por Malu Peters

Quem quer ir pro céu se a terra está cheia de chocolate?

Agora que estamos acordando do pesadelo, resolvi “lavar a alma” comendo chocolate.

Depois de mais de 20 anos morrendo de medo de voar — mas voando assim mesmo! — resolvi no começo deste ano fazer uma consulta com um especialista no assunto.

Admito que estava super tranquila, dormindo bem, não suando frio quando pensava no dia da viagem (20.04); achei mesmo que o tal especialista tinha feito “milagre”, curou-me do meu pavor de voar. Mas foi aí, então, que apareceu o tal do Eyjafjallajökull. Pensava que as cidades paulistas ganhavam em matéria de nomes complicados para falar (Pindamonhangaba, Caraguatatuba, etc) mas esse islandês deixa todos os repórteres com cãimbra na língua.

Aprendi que jökull = Gletscher = geleira. O resto fica fácil, então: “eiafiala”. Alguém contesta? Então, fala!

“O vulcão sob a geleira Eyjafjalla mais uma vez tornou-se ativo na noite de domingo, 20/03/10, pela primeira vez, desde 1823. O Eyjafjallajökull é a quinta maior geleira na Islândia”.

Notícia corriqueira em tempos de “padres pederastas, bispos batedores, Papa emudecido, pais matando crianças, filhos matando pais, bancos fazendo apostas contra os próprios clientes, político safado enganando o povo e roubando a própria mãe etc, etc, etc”.

Entrou por um ouvido, saiu pelo outro, nem dei importancia. Antes, tivesse dado!

Desde quinta-feira, dia 15.04, que ninguém vai pro céu aqui na Alemanha. Os aeroportos superlotados de gente que queria viajar, passageiros em trânsito que não podiam sair da sala. Mas nem um avião decolou ou aterrissou por ordem do Serviço de Segurança Aérea.

Minhas malas (cheias de chocolates comprados baratos, depois da Páscoa — hihihi!) estavam prontas há mais de uma semana. Continuam fechadas até hoje. E os chocolates continuam lá dentro.

A cada dia que passava os aeroportos enchiam-se mais, as companhias aéreas com “filas” de 5 horas no serviço de informações telefonicas. Eu esperei “só” 3 horas, depois desisti.

Um caos assim na Europa só aconteceu no “11 de setembro”.

O nosso vôo sairia no dia 20.04, de Frankfurt (foto). Em Munique teríamos que trocar e pegar o avião internacional para SP.

No dia 19.04, à noite, o vôo Frankfurt-Munique foi cancelado. O outro não. E se resolvessemos ir para Munique e o vôo de lá também tivesse sido cancelado? Dormir onde, na rua com 6 malas cheias de chocolates? Os hotéis da cidade estão lotadíssimos por causa da BAUMA — maior feira de maquinário pesado e de novos materiais na área de construção, que acontece a cada 3 anos. Os expositores internacionais viajaram de avião até a Turquia e, de lá, — a BAUMA organizou — em 7 ônibus até Munique. Aventura pura!

Nessa mesma noite mandamos um email para a locadora de automóveis cancelando nosso carro para o aeroporto de Frankfurt, para evitar multas.

No dia 20, de manhã, o nosso vôo de Frankfurt continuava cancelado, o de Munique ainda não.

Como ir para Munique carregando 6 malas cheias de chocolate? De trem — por causa da situação —, superlotados? Impossível!

No Brasil nossas passagens de ônibus e de avião também já estavam compradas, hotéis reservados, horas marcadas com instituições, parentes e amigos.

E a gente, aqui, sentada em cima de malas (cheias de chocolates!!!) esperando pra ver “que bicho vai dar?”
Já passei da idade, não é programa pra mim. Resumindo: cancelei tudo aqui. Viagem suspensa até “segunda ordem”. Dizem que o “eiafiala” ainda não deu tudo que tinha pra dar. Vou aguardar. Afinal, as malas ainda estão cheiinhas de chocolates, e o Natal, com certeza, um dia virá. Mesmo que o Papai Noel tenha cara de coelho.

(a foto principal do post é a vista aérea do aeroporto de Frankfurt, no dia 19/04/10)

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