Por Arrison Berkenbrock
A educação é um daqueles temas que suscitam inúmeros debates e controvérsias. Dos muros da academia à porta do boteco, guardada as devidas proporções, encontramos alguém discorrendo algo a respeito da mesma. Há teorias educacionais para todo gosto, algumas de tendências socialistas, outras de matiz liberal e há também as híbridas.
Nesse intrincado jogo de teorias tão díspares encontramos consensos. O primeiro é a concepção de educação como força motriz na construção de uma sociedade mais justa, igualitária e, por isso, mais democrática. O segundo é a certeza da incompetência do
ensino público em garantir em termos quantitativos e, sobretudo qualitativos, esse direito asseverado pela Constituição.
Há quem diga que o nosso atraso educacional se deve ao fato de estarmos situados num solo rico em recursos. Ora, um país rico em recursos naturais não vê motivos para investir em suas instituições. Talvez a tese esteja correta, embora se configure reducionista. Mas, o fato é que referida teoria nos leva à outra conclusão e, esta sim, verossímil. Vejamos: a riqueza de um país não advém de seus recursos naturais, mas, sim, das ideias e da genialidade de seu povo. E mais, os recursos naturais podem se constituírem em óbices do desenvolvimento social de um povo. O exemplo do Brasil é contundente. Portugal e Espanha também podem ser inseridos nesse modelo.
Ora, se a riqueza de uma nação está vinculada à questão da educação, é necessário torná-la prioridade na gestão das políticas públicas. Isso não é novidade! Sabemos disso, os governantes também. Mas, por que não o fazemos? Há muitas respostas! Penso que governar rebanhos cujas tarefas se restrinjam ao ato de produzir e consumir bens e serviços é mais fácil do que conduzir um povo cônscio de seus direitos e deveres. Ademais, o investimento em educação não produz resultados imediatos, com efeito, não garante sufrágios. Por isso, muitos governantes preferem viabilizar
investimentos que, dada sua natureza, produzem efeitos imediatos. Não foi à toa que Washington Luís certa vez pronunciou: “governar é construir estradas”. O problema - se é que podemos utilizar o termo - é que o julgamento que conta é o julgamento da História e, quando a mestra dos homens sentencia, o veredicto incide sobre os mortos. Eis o dilema: ser reconhecido pelos seus ou pelos seus pósteros?
A bem da verdade é que pagamos caro por escolher o imediato, o visível. Não obstante, a questão da educação é premente. A escolha é nossa: ou investimos bem ou estamos fadados a perpetuar nossa condição de retardatários no que concerne ao desenvolvimento econômico e social. Insisto na afirmação: investir bem! Por conseguinte, não basta investimento maciço, faz-se necessário gerenciar os recursos de maneira que possibilite uma maior igualdade de oportunidades entre os indivíduos.
No caso específico do Brasil, a educação como vem sendo historicamente processada não fomenta a igualdade de oportunidades, tampouco se constitui um instrumento de justiça social; muito pelo contrário, verificamos na Pátria Amada uma educação pública opressora, incapaz de promover melhorias nas condições reais da existência dos filhos seus. Isto porque não garante condições de igualdade entre o pobre e o rico, permitindo com que este adentre no ensino superior público e aquele, na melhor das hipóteses, conclua o ensino técnico.
Como percebemos, o fundamental é a igualdade de oportunidades, e ela depende da qualidade da educação básica. Estimular políticas de cotas nas universidades pode atenuar o problema, mas não resolve a situação. Logo, enquanto não lançarmos um olhar especial para o ensino fundamental e médio, a educação brasileira continuará beneficiando os mais ricos e, deste modo, sendo um instrumento legal da marginalização e exclusão sociais. A solução está na educação? Depende! Avante!
(A foto foi extraída do blog ColetivoSopros's Weblog)
Prezado Arrisson,
ResponderExcluirAcredito que sem educação não há salvação como ja afirmado em outros comentários anteriores.
Como contribuição a sua Coluna, tomo a liberdade de transcrever o comentário de Eduardo Lima de Carvalho, Edu Lima, ex- jogador de futebol, atualmente técnico de futebol que vive e trabalha na Finlândia sobre a educação de um povo - no caso, da Finlândia.
Diz ele:
"A Finlândia não tem muitos recursos naturais. O Hino nacional (deles) já diz: ...somos um país pobre que não tem ouro. O recurso que temos é o nosso povo. Assim, investimos no nosso povo. Toda pessoa tem de receber formação, educação, para ir tão longe quanto a sua capacidade permitir. Não é suficiente que a sociedade possua algumas pessoas muito capacitadas. Toda a sociedade tem de ter a possibilidade de formação durante toda a vida. Não basta que uma criança pobre receba alguma formação quando pequena. Ela tem que poder estudar o quanto quiser.
Se o Brasil busca inspiração para enfrentar dois dos seus principais problemas (educação e corrupção), dificilmente poderíamos deixar de visitar um lugar mais apropriado que a Finlândia. Um povo educado elegerá dirigentes honestos e competentes. Estes escolherão os melhores assessores. Um povo educado não tolera corrupção. Um povo educado sabe muito bem diferenciar um discurso sério e uma falação demagógica. Um povo ignorante desperdiça seus recursos e empobrece. Um povo ignorante vive se iludindo. Um povo educado sempre prospera, mesmo que em condições adversas.
A Finlândia possui uma economia de mercado altamente industrializada, com produção per capta maior que a do Reino Unido, França, Alemanha e Itália. O padrão de vida é elevado. O setor chave de sua economia é a indústria, principalmente madeireira, metalurgia, engenharia, telecomunicações e produtos eletrônicos. O comércio externo é importante, representando cerca de 1/3 do PIB. Com exceção da madeira e de vários minérios, a Finlândia depende da importação de matéria-prima, energia e alguns componentes de bens manufaturados.
E olha que lá são 5 milhões de habitantes…"
Acho que não preciso dizer mais nada.
Sds,
Cândido
Grato pela contribuição.
ResponderExcluirA Finlândia aprendeu desde cedo a lição. Acredito que o Brasil, após sucessivos resultados vergonhosos em exames internacionais, resolveu começar a esboçar um projeto. Não podemos tirar o mérito do governo atual, afinal para quem conhece um pouco da história da educação no Brasil, perceberá que avanços significativos foram impingidos.
Arrison.
Minha bisa era da Filândia e meu bisavô era Suéco.
ResponderExcluirEu cresci ouvindo as histórias, como era por la.
Eles vieram em tempo que na suécia estava em uma grande crise ,Eles chegaram no Brasil em 1879. Segundo ele na familia todos trabalhavam e estudar era fundamental e tinha que se saber de tudo um pouco.
Recebi de meus parentes que moram na Suécia o livro da familia, e o que ja traduzi deu para notar que Todos estudam muito e tem muita educação.
As filhas do rei da suécia estudaram em escolas publicas, imagine aqui no Brasil Jamais . A rainha da Suécia é Brasileira.
Uma curiosidade.
E no ponto mais setentrional da Finlândia, o Sol não se põe durante 73 dias no verão e não chega a nascer durante 51 dias no inverno.
Imaginem se fosse aqui..Praiaaa e dormir.. rs
De acordo com o estudo do Auditório mundial a Finlândia é o país menos corrupto e mais democrático do mundo.
Marlene, grato pela contribuição.
ResponderExcluirSeu comentário só veio reiterar àquilo que já postulava. Verifica-se na grande maioria das famílias brasileiras um total descompromisso com a educação de seus filhos. Muitos pais delegam exclusivamente à escola um papel que é deles. A motivação vem de casa, se o jovem não encontra esse respaldo familiar, muito provavelmente não apresentará um bom desenvolvimento nas atividades escolares.
O problema mencionado acima não se restringe apenas a escola pública.Trata-se, portanto, de um problema generalizado, atingindo, portanto, as escolas particulares. É claro que esta é provida de instrumentos, geralmente, mais eficientes para dirimir o problema. Todavia, de nada adianta a escola qualificar seus profissionais, se o problema não está somente nela. A educação é um processo dialético, envolve participação da família. Enquanto esta não intervir, continuaremos com os mesmos problemas.
Arrison
A Escola e a Família: uma aliança importante!
ResponderExcluirEducação engloba ensinar e aprender. E também algo menos tangível mas mais profundo: passar o conhecimento, bom julgamento e sabedoria. A educação tem nos seus objetivos fundamentais a passagem da cultura de geração para geração.
Como os tempos mudaram!
A mudança é necessária? É. Mas, às vezes, ela não traz progresso. Um exemplo é que, antes, a família era cúmplice da escola; hoje, é promotora de seus erros e falhas...
A Escola e a Família: uma aliança importante!
ResponderExcluirEducação engloba ensinar e aprender. E também algo menos tangível mas mais profundo: passar o conhecimento, bom julgamento e sabedoria. A educação tem nos seus objetivos fundamentais a passagem da cultura de geração para geração.
Como os tempos mudaram!
A mudança é necessária? É. Mas, às vezes, ela não traz progresso. Um exemplo é que, antes, a família era cúmplice da escola; hoje, é promotora de seus erros e falhas...
Quem é o maior prejudicado? O aluno.
Hoje, se não houver maturidade e visão pedagógica por parte da escola, as reüniões com os pais viram arenas, onde a escola fica na defensiva e os pais fazem sua catarse de erros pedagógicos e parentais do passado...
Quem é o maior prejudicado? O aluno.
Escola e Família esquecem que essa vida é uma passagem e que nosso papel só se enriquece se temos como objetivo compartilhar, dividir e contribuir para que outros vivam melhor, pricipalmente aqueles com quem convivemos e amamos.
Haver uma aliança entre pais e professores é altamente produtivo e eficaz. Ambos devem agir em conjunto. A própria escola tem de mostrar coesão e transparência, trabalhando em equipe, entre si, e em relação à família de seus alunos.
Sempre acredito que o mais forte e amadurecido abrirá a porta da liberdade e da conscientização.
Acredito que a Escola pode dar o primeiro passo, pela própria base de formação da qual é portadora.
Sabemos que os pais exercem extrema influência, mais do que eles próprios imaginam.
Educar demanda uma grande responsabilidade. "A educação começa no berço", dizem.
Na verdade, a educação começa ainda no útero. Sabe-se através de pesquisas recentes que a criança ouve "ruídos" do mundo externo e sabe distinguir a voz do pai e da mãe. Sendo assim, no berço, começa a aprender as relações interpessoais.
Mas, isto diz respeito à educação informal. E quanto à educação formal?
A educação informal é aquela que se aprende no dia - a - dia com as pessoas de nosso círculo familiar ou amigos. É nela também que se aprendem as regras do convívio social, cabendo aos pais ensinar estas regras, já a educação formal ou acadêmica é função da escola e seria uma continuação da educação familiar.
Por vários motivos (falta de tempo por ambos terem que trabalhar), os pais colocam seu filho cada vez mais cedo na escola e delegam seu papel de primeiro educador à escola.
No livro do Paulo Freire "Professora sim, Tia não", Paulo Freire tenta resgatar o verdadeiro papel da escola. Ser Professor (a) é muito mais do que ser babá ou substituto dos pais. Educar é muito mais que ensinar boas maneiras, ler e escrever. É criar consciência crítica e formar um cidadão em cada um de seus alunos.
continua:
Definido os papéis de cada um, podemos descrever uma situação que deveria ocorrer para que haja uma educação efetiva e a formação de um verdadeiro cidadão (no caso de uma criança em idade escolar de 6 a 14 anos).
ResponderExcluirMesmo com pouco tempo, pequenas coisas podem ser feitas, porém muito importantes. É extremamente gratificante para a criança quando os pais se interessam pelo seu progresso na escola. Isto pode ser feito, perguntando o que a criança fez na escola, vendo seu boletim e, sempre que possível, comparecendo às reuniões de pais e mestres. A escola deve deixar claro para os pais a importância dessas e outras atitudes, desde as primeiras reuniões.
Aliás, é importante ter em mente que as reuniões de pais e mestres não são para falar mal ou bem do aluno, ou do filho, e sim reportar seus progressos e dificuldades, discutindo melhorias ou soluções de problemas.
A participação dos pais na escola é importante para a escola e para o filho. Pais e escola devem educar juntos (e não separados) para um bem maior. A criação de um verdadeiro cidadão, construtor de um futuro melhor para as próximas gerações, depende dessa aliança.
Escola e Família precisam resgatar a tradicional parceria e, na minha opinião, isso só pode ser feito se os erros do passado forem relegados a segundo plano e um processo de confiança mútua for reconstruído.
Elisabeth Salgado
Recebi este texto e repasso.
Esta é verdade, na educação. A maioria dos pais Acham que a escola tem que fazer tudo...
obrigada