Fatos que decidi não publicar

Faz duas semanas que um candidato a vereador do PC do B distribuiu um panfleto que mostrava sua revolta diante da impugnação de sua candidatura. O panfleto tinha o título "Judas vende PC do B imbitubense". Nesse documento, o candidato a vereador Francisco Gonçalves Medeiros, 60 anos, conhecido como Kico e tesoureiro do PC do B, soltou cobras e lagartos e atirou para todos os lados, acusando várias pessoas vinculadas à coligação da qual seu partido faz parte.


Kico é um homem humilde, um pescador, mas demonstra bom conhecimento sobre política. Conversamos mais de meia hora.

Perguntado sobre o motivo que o levou a produzir e distribuir o panfleto, ele respondeu: "Fiz isso porque eu sou uma vítima. (...) A gente entra na política com boas intenções e daqui a pouco o cara vai descobrir, quando chega no meio do caminho, o cara vai ver que foi usado, tá sendo usado todo o tempo. (...) Eu meto o pé no ninho. Seja quem for... se é doutor, seja quem for..."

Explicando: os três candidatos a vereador do PC do B tiveram suas candidaturas impugnadas porque nenhum deles tinha sua filiação registrada na Justiça Eleitoral. Recursos foram apresentados e aguardam julgamento.

Estava tudo pronto, há quase uma semana. Só faltava eu clicar no botão "publicar". Refleti e decidi não fazê-lo. Eu escreveria a respeito e publicaria o panfleto distribuído por Francisco. Ele me forneceu detalhes sobre suas acusações. Indicou nomes. Mas quem quer saber disso? A quem interessa isso?

Há duas semanas venho observando no Facebook e no Twitter conteúdos escritos por inúmeros indivíduos que se apresentam como defensores da ética e da democracia, mas que pensam apenas com a barriga, os quais nada fazem senão aumentar a discórdia nestas eleições. Muita hipocrisia, mentira, ataques pessoais, comparações patéticas e estúpidas, enfim, um turbilhão de fatos produzidos para enganar os eleitores. Diante disso, decidi não ser mais um a trazer a público fatos que só alimentariam essa disputa insana.

Nossa cidade está precisando de paz. E de pessoas que queiram a paz. Não de pessoas que promovam a dissensão.

Ademais, o processo dos candidatos cassados ainda está no Ministério Público Eleitoral e é praticamente certo que será julgado somente após as eleições. Nós, eleitores imbitubenses, votaremos no dia 07 sem saber se o eleito terminará o mandato. Ou se receberá a sentença somente após o fim desse mandato.
Justiça tardia não é justiça.

E pensando nessa morosidade, sentindo a angústia e a impotência de ser um cidadão num país sem pressa de julgar fatos tão graves como os que ocorreram em nossa cidade, resolvi não publicar nada. Seria apenas mais um fato que, embora pudesse ser visto como algo irregular e quem sabe investigado, se arrastaria por longo período e se dissiparia como uma lembrança de um passado distante.

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