Ano eleitoral: ano dos salvadores da pátria!

Não suportei! Definitivamente, não consegui ouvir hoje um programa de entrevistas em uma rádio e ficar quieto. Escrevi alguns posts no Twitter e resolvi escrever aqui, também. E não usarei apenas esse programa como base para escrever este artigo, mas alguns outros de outras rádios, os quais tive a oportunidade e dissabor em ouvi-los.

É muita hiprocrisia, muitas falácias e sofismas nas bocas de pessoas que se apresentam como salvadores da pátria! Senhor, tende piedade dessa gente! Mas tenha mais piedade de nós e nos ajude a não escolher o pior deles!

Chega o ano eleitoral e pessoas se apresentam como os detentores da verdade e defensores da sociedade. Onde estavam? Eu nunca os vi! Nunca ouvi falar deles! E de repente, feito um bando de pássaros - maldosa comparação - que migra em certas épocas do ano, pousam nas rádios e jornais a gorjear tantas baboseiras que chego a perder as esperanças em ver um mundo mais sábio, com pessoas melhor qualificadas no cenário político.

Diriam os meus críticos que esses oradores de porta de boteco fazem parte da democracia. Ah!, a democracia que eles tanto falam e defendem. "O povo quer democracia", "A população quer participar do governo", "A sociedade...".

A população? O povo? A sociedade? Quem disse que eles querem tudo isso? Não querem nada! E adiante vou fundamentar minha afirmação.

Hoje haverá um show em Imbituba com aquela grande cantora Tati Quebra Barraco. E não duvido que lote o estabelecimento produtor do evento. A minha dúvida é o que leva uma pessoa a participar de um evento desses. Isso faz parte da cultura? Pode ser da sua cultura, não da minha. É, acho que sou conservador demais. Melhor assim, porque não tenho que gostar desse tipo de coisa. Tenho bom gosto. Mas voltemos ao que interessa, embora esse fato não deixe de ter relação com a minha afimação feita no parágrafo anterior.

Bem, os tais pré-candidatos a vereador se apresentam como capazes, os melhores, os iluminados, os enviados para cumprirem sua missão política entre nós. Sabem de todos os problemas de seus bairros, da cidade e da administração. Eles têm solução para tudo.

Eu pergunto: qual desses salvadores da pátria apresentou um anteprojeto na câmara de vereadores de Imbituba?

Se são tão competentes como dizem, e afirmam que podem ser melhores do que os vereadores que hoje legislam, por que nunca redigiram um - eu disse um - anteprojeto para ser apresentado na câmara? Sabem fazer isso? Pelo menos sabem desse direito de fazê-lo? Oras, vocês podem enganar a maior parte da população, mas não vão enganar a todos! Vocês podem se achar competentes para assumir o cargo de vereador, mas isso é o que vocês pensam de si mesmos. Não o que as pessoas pensam de vocês. É preciso demonstrar essa competência.

E, por favor, procurem ter algumas aulas de Língua Portuguesa, pois chega a doer os ouvidos quando vocês falam. Vai uma dica como exemplo: o plural geralmente é acrescido da letra "s".

Ouvi de um deles que o vereador tem um excelente salário e por isso não vai exercer sua profissão, mas, sim, exercer somente a função legislativa. Se ele acreditou que sua frase lhe renderia futuros votos, penso que caiu do cavalo. Vereância não é emprego. Ser candidato para ter o "emprego" de vereador não deve servir de exemplo para os bons políticos.

Vamos, agora, àquela minha afirmação. A população, de um modo geral, não está interessada em participar da administração pública. Posso estar errado nisso, mas é o que constato nas redes sociais, nas ações cotidianas, nas conversas que tenho com pessoas de todas as classes sociais. Salvam-se alguns. Muito poucos.

Vou usar o meu blog como estudo de caso. Quantos comentários dos leitores? Raríssimos. Por quê? Não há interesse em opinar? Não têm opinião sobre os assuntos comentados? Existe medo em falar? Acreditam que não adianta se posicionar, porque nada mudará? E o silêncio muda alguma coisa? Como o Poder Público será forçado a mudar suas ações, se o povo se cala?

Os meus artigos passaram a ser divulgados no Facebook e houve um aumento de acessos ao blog, numa demonstração de que há quem se interesse em saber mais sobre política, sobre sua cidade, estado e país. Mas ainda são poucos. E embora alguns comentem lá no Facebook sobre os artigos publicados, informo a eles que as suas opiniões têm mais peso, se publicadas no blog.

Vou usar outro blog como exemplo da falta de interesse popular por essa participação na política administrativa. O vereador Dorlin Nunes Júnior (PSDB) nunca recebeu uma sugestão em seu blog para apresentação de algum projeto de lei na câmara de vereadores. Lá, também são raros os comentários de leitores, para elogiar ou criticar as ações legislativas.

Outro exemplo. O deputado estadual Jailson Lima (PT) também usa seu site para receber sugestões dos cidadãos, mas pelo que observo em suas divulgações nas redes sociais, a participação é muito tímida.

Então, pergunto: será que o cidadão está mesmo interessado em participar da administração pública? Está interessado em saber e opinar sobre as ações de governo? Não participa quem não quer. Pode ser que sua opinião não seja apreciada, por motivos diversos, mas nenhum cidadão de Imbituba poderá afirmar que não possui nenhum canal para expor sua opinião, quer seja nas redes sociais, nos blogues, nas rádios, na tribuna da câmara, em qualquer meio de comunicação. E essa sua opinião é relevante para auxiliar não só a administração pública municipal como todo o Poder Público local a mapear democraticamente suas ações.

Evidentemente, é bom ressaltar, que opiniões descabidas ou extravagantes serão ignoradas.

E vou citar um recente fato ocorrido nesta semana. No dia 26, publiquei o post Leitor reclama dos obstáculos nas calçadas de Nova Brasília. No dia seguinte, um jornal da cidade publicou matéria semelhante e informava que o Poder Público já marcou reunião para resolver o problema. Coincidência? Penso que não. A nossa opinião, relevante e apropriada, quando é expressa em um meio de comunicação, chega ao conhecimento do Poder Público, vinculando-o à obrigação de dar resposta à coletividade, ainda que não se manifeste sobre a opinião ofertada.

Assim, seria prudente que esses candidatos a vereador deixassem de lado o discurso retórico, pois insuportável, e partissem para ações concretas que demonstrassem que possuem mesmo competência para exercerem o cargo de vereador. Falar o que estão falando nas rádios só comprova que não possuem condições para legislar.

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