Considerando que o Brasil tem cerca de 190 milhões de habitantes, a afirmação usada como título deste artigo já foi feita por pelo menos cerca de 130 milhões deles, excluindo-se, portanto, os que ainda não votam e os que são políticos.
A tradução desta afirmação, evidentemente, é que os políticos brasileiros são desonestos.
Desde quando iniciei este blog, tenho expressado minha opinião no sentido de exigir da população sua mea culpa diante da imagem que nossos políticos têm. Afinal, eles ocupam cargos políticos porque nós votamos neles. Certo que muitas vezes nos decepcionamos, pois acreditávamos que eles seriam "diferentes". Ou lá no fundo, no nosso íntimo, sabíamos que seriam tão iguais quanto os outros e nos deixamos enganar?
Há de se destacar que muitos ocupam cargos públicos porque não votamos neles. "-Como assim, Pena?" Respondo. Alguns, quando não eleitos, são indicados para
uma boquinha em algum lugar. E aí a culpa já deixa de ser nossa, diretamente.
A verdade é que a honestidade exigida não é observada pela maioria que a exige.
Muito já se escreveu que a desonestidade no Brasil é cultural. E parece que até a nossa apatia também é. Não nos revoltamos. Não nos indignamos. Não contrariamos.
Mas por que isso acontece? Porque nos acostumamos a ouvir notícias de corrupção na imprensa? Porque acreditamos que sempre será assim mesmo e isso "não tem cura"? Porque cansamos de votar e nada muda? Ou porque se aguarda a possibilidade de na próxima eleição fazer parte do jogo?
E quando alguém age de forma a criticar o status quo, logo é rotulado com vários adjetivos, mas nunca com algum que represente o ser ético, o cidadão, o indivíduo pautado na responsabilidade social, que almeja um governo vinculado à probidade administrativa.
Interessante é que a maioria da população deseja a aparição de políticos com essas características, porém, contraditoriamente, ela é a primeira a desdenhar e a maldizer os que assim surgem no seio da sociedade. O tão esperado messias é sempre crucificado!
Já ouvi de muitas pessoas, principalmente as que mais sofrem com a situação política brasileira, que se estivessem lá - no poder - fariam o mesmo, ou seja, aproveitariam a oportunidade para ser desonestos. E ainda completam: "se não sair rico, é burro."
Eu penso: nem precisam estar lá; já são desonestas. Afinal, não acredito que um cidadão que pense dessa forma é uma pessoa honesta.
Encaminhei emails, fiz vários contatos telefônicos, recebi o material para realizar as palestras e saí a campo. O público-alvo era os estudantes de algumas séries do Ensino Fundamental.
Fui na secretaria municipal de educação e apresentei o programa e disse que não haveria nenhum custo para o município, havendo necessidade apenas de um projetor. Não tinham! Nem vou informar aqui o motivo. Consegui um projetor emprestado. Tudo certo, agora. Só basta a secretaria fazer o contato com as escolas. Nem isso.
Pessoalmente, fui à escola de Campo da Aviação e agendamos a data. No dia previsto, eu estava lá, com todo o material. Esqueceram! Engoli minha indignação pela falta de respeito e voltei outro dia. Palestra dada e elogios.
Outra escola, contatada por mim mesmo. Agora, a do bairro Paes Leme. Tudo certo. Uma funcionária disse ter gostado tanto que manteria contato com a diretora da escola do bairro em que ela morava, para que eu apresentasse a palestra. Até hoje estou esperando.
Em seguida, a palestra foi feita para adultos, no CEJA. Muitos elogios e convite para uma entrevista na rádio. Aceito.
Depois disso, aguardei que a secretaria de educação ou outra escola fizesse contato. Em vão. Desisti.
Fiquei pensando: será que se eu fosse um indivíduo de outra cidade e cobrasse vendendo um produto do tipo descartável seria contratado? Ao que parece, o produto que eu entregava gratuitamente não é aceito no mercado. Não há interesse nesse consumo.
De um modo geral, pode-se afirmar que a população brasileira é desonesta e não pode, esquecendo de seus defeitos, dizer que os políticos são ladrões. Essa mesma população fura filas em qualquer lugar; furta canetas disponíveis aos clientes em agências bancárias; furta energia elétrica; não informa ao INSS quando o parente falece, pra continuar recebendo a pensão; recebe troco a mais e não devolve; frauda documentação pra conseguir bolsa na universidade; oferece propina a policial; vende seu voto; paga por um atestado falso pra faltar ao trabalho; faz inscrição pra receber seguro-defeso, mesmo não sendo sequer pescador de pesque e pague; e por aí vai.
Concordo que há um descalabro da corrupção envolvendo políticos, e que se fosse passar um
pente fino e querer minimizar o problema, haveria de se construir alguns presídios pra abrigar tanta gente. Entretanto, está faltando à população uma atitude mais firme contra isso, saindo do silêncio e passando a atuar de forma a combater esse mal tão pernicioso à sociedade. Começando por casa.
Pena, o político brasileiro é um mero reflexo de seus eleitores. Já fui criticado várias vezes por dizer que mais de 80% da população brasileira não esta apta a votar. Acredito que todos tem direito a livre expressão, a manifestar sua intenção de voto, mas partir efetivamente para o gozo desse direito NÃO. Você acha que um cidadão que elege e re-elege incontáveis vezes um José Sarney sabe votar? Um cidadão que vota numa Edeli Salvatti sabe votar? E o que dizer daqueles que votam em outros nomes envolvidos em escândalos como mensalão, Valerioduto, dinheiro na cueca, desvio de verbas, superfaturamento de obras, tráfico de influência e tantas coisas mais? Se eu fosse citar nomes aqui ficaria o dia todo citando deputados estaduais, federais e senadores que, através da vontade da maioria estão no poder, mesmo com o nome mais sujo que pau-de-galinheiro.
ResponderExcluirAcredito que para o direito a voto o minimo de escolaridade uma pessoa deverei ter. Há alguns anos atrás cheguei a pensar que com o avanço da internet essa situação mudaria, mas me enganei. O povo, em geral, gosta de quem lhe proporciona pão e circo; se roubam ou não se tornou um mero detalhe, lamentavelmente.
Alisson, antes se pretendia barrar os candidatos de pouca escolaridade, agora já se vê opiniões como a sua no sentido de que é o eleitor quem deve ter conhecimento para votar. Não deixa de ter seu fundamento.
ResponderExcluirCom referência aos candidatos, faço uma comparação. Uma pessoa comum condenada por crime contra o patrimônio, mesmo que cumpra sua pena, não será bem vista na sociedade. Pergunto: por que essa mesma sociedade não age assim com os políticos que já sofreram a pena de inelegibilidade?
Nas próximas eleições municipais devem aparecer cabos eleitorais ou mesmo alguns desses políticos que já foram inelegíveis, mas receberão muitos votos. Esses eleitores têm o direito de reclamar de alguma coisa?
Pena, falando um português bem "abrasileirado", o povo brasileiro é cagão e puxa-saco. Esses são os motivos por votarem em pessoas com a ficha suja, com condenações por improbidade administrativa ou até mesmo corrupção ativa. Uns por medo de serem perseguidos e outros simplesmente para "babar nos ovos" do dito cujo. Nosso povo adora adular quem tem poder, por menor que seja o poder em questão. Sentem-se poderosos e protegidos com isso, e acabam deixando de lado o que é mais importante; sua individualidade e seu caráter, e quem paga o preço dessa irresponsabilidade? Todos. Por isso defendo que para o direito ao voto o cidadão deveria ter o mínimo de instrução. Primeiro grau completo já serviria. Com essa medida creio que evitaríamos ter de aturar Lulas, Sarneys, Paloccis e Idelis no poder.
ResponderExcluirO segredo está na educação meu amigo. Tenho convicção que a grande maioria das pessoas com nível superior nesse país nunca votou no Lula.
Abs