Quando o poder religioso será tratado como crime eleitoral?

Domingo era dia de publicar o post Imagem da semana, mostraria fotos que fiz do estacionamento de uma igreja no qual haviam inúmeros veículos, quase todos plotados com propaganda eleitoral. Todos os adesivos tinham a cara do mesmo candidato a deputado federal.

Após solicitar orientação jurídica, resolvi não publicar o post, para não alegarem preconceito por isso ou aquilo. Pois agora é moda no Brasil imputar a alguém ação preconceituosa, quando a informação divulgada não atende aos interesses de determinado grupo social. E se essa moda cooptar a Justiça, adeus ao direito de expressão e ao livre pensamento. De qualquer forma, para evitar dissabores, decidi esquecer a publicação das fotos e escrever este artigo.

No início dos anos 90, algumas igrejas iniciaram sua participação político-partidária no Brasil. O que antes faziam de forma mais discreta, durante as reuniões de seus seguidores, há duas décadas investiram em seus próprios candidatos e na ideia de formar seus partidos. A partir daí, foram criadas bancadas religiosas no Congresso Nacional, que estão crescendo a cada eleição.

A bancada que mais cresce é a dos evangélicos, geralmente pastores que se candidataram apoiados por suas respectivas igrejas.
Foi no PL-Partido Liberal - que era conservador - que muitos candidatos evangélicos foram se abrigar. Alguns deputados desse partido se envolveram em maracutaias e a sigla perdeu força diante do eleitorado.
Em 2003, bispos da Igreja Universal do Reino de Deus deram início à formação do Partido Municipalista Renovador, que em 2005 mudou o nome para Partido Republicano Brasileiro-PRB, sob o número 10. Vários políticos do PL mudaram-se para a nova sigla, cujo estatuto partidário, no artigo 43, mencionava equivocadamente a sigla do Partido Liberal.

Conforme matéria publicada no site Veja.com (veja slide) o esquema de corrupção denominado sanguessugas, cujos integrantes se beneficiaram de superfaturamento nas compras de ambulâncias, em 2005, envolveu vários deputados evangélicos. Dos 60 deputados federais evangélicos, 30 foram envolvidos, dentre eles alguns do PRB, o que levou o partido a perder credibilidade.

Em 2009, o jornal O Globo publica que Edir Macedo dá guarida ao ficha suja Roriz, para tentar aumentar a reperesentatividade nacional do PRB. Hoje, Roriz cai nas pesquisas, atacado pelo também candidato ao governo do Distrito Federal, ex-ministro Agnelo, que é do PT, cujo partido está coligado com o PRB em favor de Dilma Rousseff. Chega a ser cômica essa situação, se não fosse trágica. O PT fala da corrupção praticada por Roriz, faz sua execração pública na TV, mas coliga com o partido ao qual Roriz é filiado.

Em 2008, Edir Macedo, através de livro, conclama todos os evangélicos de todas as igrejas - que já somariam mais de 30 milhões - a tomarem o poder no Brasil elegendo um evangélico para presidente da República.
Por enquanto, os sonhos do bispo da Universal só não se tornam realidade porque outras igrejas evangélicas não vêm com bons olhos as suas pretensões político-religiosas, mas já conseguiram colocar José Alencar (PRB) na vice-presidência do Brasil.

A separação do Estado e Igreja foi um dos objetivos da Proclamação da República, no século XIX, mas hoje, no século XXI, há sinais de que caminhamos rumo ao passado.
Para mim, bancadas religiosas são antidemocráticas e antirreligiosas, no momento em que pretendem legislar conforme seus preceitos religiosos e não de acordo com a vontade da população, de forma democrática.

Se a Constituição brasileira consagra que o Brasil é um Estado laico, como consentir a formação de bancadas religiosas no Congresso Nacional?
E se a legislação eleitoral define que é crime o abuso do poder econômico, entendo que o abuso do poder religioso também deva ser considerado crime, pois é inevitável que dinheiro de igrejas - recebidos sem impostos - sejam destinados às campanhas eleitorais de políticos religiosos.

5 comentários:

  1. Já passou da hora do brasileiro sair à rua Pena, reinvidicar leis, coibir esse monopólio eleitoral que existe, são sempre as mesmas "caras", se não alguém apoiado por uma "dessas caras".
    O brasileiro só "chora quieto", enquanto nós, não fomos atrás, do que a gente quer, nada vai mudar. Voto faz a diferença? sim e não, se tivessemos, mais opções de voto, mas hoje vejo, que só no voto não vai se nós não formos àluta atrás do que realmente queremos. tem mais pra falar sobre isso, quando tiver um tempo vou escrever algo com mais calma e tentar me expressar melhor.

    PS- em outro post voce falou dos carros de varias revendedoras em espaço público, além disso queria um post sobre material de construção nas calçadas, aqui na Divinéia já tá ridiculo!
    Outra coisa é sobre os caminhões na saída da Serra Morena, Posto Ipiranga e Majé, e entrada e saída do porto, alguém vai ter que morrer pra fazerem alguma coisa?

    Desculpa sair do tópico no "PS"

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  2. Graçasa Deus existe evngélicos neste País com coragem para estar lá no congresso ou pretender chegar a presidente e quem sabe diminuir a ladroagem!!
    Qto a ter evangélicos sanguessugas e bandidos, vai ter sempre. Sempre um ano antes das eleições os ex católicos se convertem ao evangelho para enganar o povco. E depois de ganhar nunca nais volta a igreja!

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  3. Vc fala em democracia ,mas só deixapostar os comentários q vc decide colocar! Que democrático é você?
    E graças a Deus hj não se pode mesmo falar de td e ofender ,porque é preconceito e vc é preconceituoso! Então por ter pessoas como vc,é q existe tais leis!

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  4. Nice (Nação eleita), eu não posso ficar 24h conectado a este blog. Não vivo disso e não ganho um tostão com isso. Eu não tenho como ficar olhando minuto a minuto quem enviou algum comentário ao blog. Por isso só agora vi seu comentário, porque só agora tive tempo pra olhar. Então, se você aguardasse um pouco, não precisaria enviar o segundo comentário criticando o que não fiz.
    Quanto ao preconceito, seu primeiro comentário foi extremamente preconceituoso, mas como AINDA vivemos num país que diz ter liberdade de expressão, eu o publiquei.

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  5. Rafa, é praticamente impossível se eleger sem dinheiro ou sem estar vinculado ao poder. E por isso não basta ter novos rostos na política, porque o eleitor não votará somente porque é um rosto novo, ou porque o candidato tem uma conduta ilibada, ou porque sempre defendeu a ética na política, ou porque é voluntário em uma importante causa.
    Acredito que a mudança não depende de leis ou de novas "caras", mas de um "novo eleitor". Mas isso demora...

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