Os paradoxos da modernidade
Por Arrison Berkenbrock
Temos boas e satisfatórias razões para acreditar que estamos vivendo um momento ímpar em toda a história da humanidade. A nossa época pode ser caracterizada como a época das múltiplas revoluções. Testemunhamos uma mudança tecnológica extraordinária, enfocada na tecnologia da informação e que se estende para as mais diversas áreas do saber humano. Os novos mercados globais possuem um alcance, uma capacidade especulativa sem paralelos; estima-se que no mercado mundial movimenta-se diariamente cerca de 1 trilhão de dólares.
A capacidade produtiva mundial vem ascendendo a níveis galopantes, países estão mantendo cada vez mais maiores vínculos não só econômicos, mas também políticos, culturais etc... O planeta está cada vez mais rico e, no entanto o fosso que separa os países desenvolvidos e subdesenvolvidos vem se acentuando drasticamente. Os riscos que se abatem sob o meio ambiente são de escalas estarrecedoras e de consideráveis impactos. As mudanças climáticas que estão ocorrendo em nosso planeta exigem de nossa parte gestos concretos no sentido de dirimir ou pelo menos emudecer os riscos engendrados pela intervenção humana na natureza. Todos estes fenômenos convivem e reforçam-se uns aos outros.
Juntos, são a mola propulsora e os efeitos dos processos que chamamos de globalização. A riqueza e a miséria marcam a vida do homem no início deste século, trata-se de uma abertura, ao mesmo tempo suntuosa e assustadora, que ao oferecer à humanidade oportunidades, criatividade e riqueza traz consigo uma série de perigos imprevisíveis; há quase, com certeza, uma mudança já em andamento cujo impacto futuro ainda não pode ser identificado.
Diante desta atmosfera de caráter dúbio, os discursos otimistas e pessimistas podem ser proferidos com igual fervor. A apreciação mais otimista acerca desta realidade nos aponta para uma permanência sólida e flexível do atual sistema, isto é, embora o mesmo apresente algumas pequenas crises, o seu poder de recuperação enfraquece todos os argumentos (fundamentalismos, partidos nacionalistas) que contestam sua solidez. Prova disso foi a crise na Ásia em 1998; um ano após a economia global já respirava a plenos pulmões. Enfim, a década de 90 torna-se outro dado que corrobora a tese dos otimistas, apesar da ocorrência fortuita de alguns países, como os Estados Unidos, de colocarem o interesse nacional acima da administração coletiva do sistema. Os anos desta década foram pródigos em revelar que estamos vivendo numa época de maior internalização e não o contrário.
“A globalização veio para ficar e, embora haja percalços e reveses inevitáveis, não há como voltar atrás. Os próximos vinte anos serão irregulares, mas em essência o sistema parecerá o mesmo de hoje e o mundo ficará ainda mais rico” (No limite da racionalidade, Giddens, p.302),
Contudo, igualmente plausível, a perspectiva pessimista também nos oferece uma importante chave hermenêutica sobre o atual sistema. Para eles, a considerável desigualdade entre o excesso de oferta global e a falta de demanda adequada, expandida na década de 90, pode nos levar a longos períodos de estagnação geral, fazendo com que países se fechem às questões do mundo. Fatos não faltam para justificar essa tese; basta analisar algumas posturas estadunidenses como: a recusa em assinar o Tratado de Proibição Total de testes nucleares e na relutância de pagar as contribuições para as Nações Unidas, o FMI e o Banco Mundial. Similares atitudes podem levar ao protecionismo, deste modo, afligindo o sistema de livre comércio multilateral e fortalecendo fundamentalismos religiosos e ufanismos nacionais.
“Nessas circunstâncias a ascensão da direita nacionalista na Europa e na Ásia e o fortalecimento contínuo dos fundamentalismos religiosos no mundo muçulmano poderiam tornar-se muito perigosos. A globalização e a atual ordem mundial liberal ficariam seriamente minadas” (p. 302).
O grande problema disso tudo é a ausência de um plano alternativo diante da inevitável falência do vigente sistema. O socialismo global é uma perspectiva detonada, a autarquia nacional é igualmente pouco atraente; sabemos que medidas protecionistas produzem menos crescimento e podem levar à formação de hostilidades nacionais provocando guerras locais. E o que é pior, com armamento nuclear mais largamente disponível, as guerras deste século terão efeitos nefastos à humanidade. O que fazer?
Temos boas e satisfatórias razões para acreditar que estamos vivendo um momento ímpar em toda a história da humanidade. A nossa época pode ser caracterizada como a época das múltiplas revoluções. Testemunhamos uma mudança tecnológica extraordinária, enfocada na tecnologia da informação e que se estende para as mais diversas áreas do saber humano. Os novos mercados globais possuem um alcance, uma capacidade especulativa sem paralelos; estima-se que no mercado mundial movimenta-se diariamente cerca de 1 trilhão de dólares.
A capacidade produtiva mundial vem ascendendo a níveis galopantes, países estão mantendo cada vez mais maiores vínculos não só econômicos, mas também políticos, culturais etc... O planeta está cada vez mais rico e, no entanto o fosso que separa os países desenvolvidos e subdesenvolvidos vem se acentuando drasticamente. Os riscos que se abatem sob o meio ambiente são de escalas estarrecedoras e de consideráveis impactos. As mudanças climáticas que estão ocorrendo em nosso planeta exigem de nossa parte gestos concretos no sentido de dirimir ou pelo menos emudecer os riscos engendrados pela intervenção humana na natureza. Todos estes fenômenos convivem e reforçam-se uns aos outros.
Juntos, são a mola propulsora e os efeitos dos processos que chamamos de globalização. A riqueza e a miséria marcam a vida do homem no início deste século, trata-se de uma abertura, ao mesmo tempo suntuosa e assustadora, que ao oferecer à humanidade oportunidades, criatividade e riqueza traz consigo uma série de perigos imprevisíveis; há quase, com certeza, uma mudança já em andamento cujo impacto futuro ainda não pode ser identificado.
Diante desta atmosfera de caráter dúbio, os discursos otimistas e pessimistas podem ser proferidos com igual fervor. A apreciação mais otimista acerca desta realidade nos aponta para uma permanência sólida e flexível do atual sistema, isto é, embora o mesmo apresente algumas pequenas crises, o seu poder de recuperação enfraquece todos os argumentos (fundamentalismos, partidos nacionalistas) que contestam sua solidez. Prova disso foi a crise na Ásia em 1998; um ano após a economia global já respirava a plenos pulmões. Enfim, a década de 90 torna-se outro dado que corrobora a tese dos otimistas, apesar da ocorrência fortuita de alguns países, como os Estados Unidos, de colocarem o interesse nacional acima da administração coletiva do sistema. Os anos desta década foram pródigos em revelar que estamos vivendo numa época de maior internalização e não o contrário.
“A globalização veio para ficar e, embora haja percalços e reveses inevitáveis, não há como voltar atrás. Os próximos vinte anos serão irregulares, mas em essência o sistema parecerá o mesmo de hoje e o mundo ficará ainda mais rico” (No limite da racionalidade, Giddens, p.302),
Contudo, igualmente plausível, a perspectiva pessimista também nos oferece uma importante chave hermenêutica sobre o atual sistema. Para eles, a considerável desigualdade entre o excesso de oferta global e a falta de demanda adequada, expandida na década de 90, pode nos levar a longos períodos de estagnação geral, fazendo com que países se fechem às questões do mundo. Fatos não faltam para justificar essa tese; basta analisar algumas posturas estadunidenses como: a recusa em assinar o Tratado de Proibição Total de testes nucleares e na relutância de pagar as contribuições para as Nações Unidas, o FMI e o Banco Mundial. Similares atitudes podem levar ao protecionismo, deste modo, afligindo o sistema de livre comércio multilateral e fortalecendo fundamentalismos religiosos e ufanismos nacionais.
“Nessas circunstâncias a ascensão da direita nacionalista na Europa e na Ásia e o fortalecimento contínuo dos fundamentalismos religiosos no mundo muçulmano poderiam tornar-se muito perigosos. A globalização e a atual ordem mundial liberal ficariam seriamente minadas” (p. 302).
O grande problema disso tudo é a ausência de um plano alternativo diante da inevitável falência do vigente sistema. O socialismo global é uma perspectiva detonada, a autarquia nacional é igualmente pouco atraente; sabemos que medidas protecionistas produzem menos crescimento e podem levar à formação de hostilidades nacionais provocando guerras locais. E o que é pior, com armamento nuclear mais largamente disponível, as guerras deste século terão efeitos nefastos à humanidade. O que fazer?
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