O que acontece em outras cidades também é da nossa conta

É comum se dizer que os problemas que acontecem em outras cidades não são da nossa conta. Ledo engano!
Em época de luta pela preservação do meio ambiente, a frase usada em campanhas ambientais tem de ser cada vez mais repetida: "Temos de pensar globalmente e agir localmente."

Quando escrevi sobre o projeto de exploração de fosfato na cidade de Anitápolis-SC, um leitor registrou o seguinte comentário:
"Também tem que se ter o cuidado de não interferir na autodeterminação do Povo de Anitápolis, afinal não há povo que goste de elementos alienígenas que fiquem dando pitacos nos seus assuntos e interesses. Em Anitápolis não é diferente."

Minha resposta ao leitor, nesse ponto, foi a seguinte:
"Indiretamente, estaríamos interferindo na autodeterminação do povo de Anitápolis; porém, se o projeto de lá trouxer algum prejuízo para Imbituba, nós, assim como eles, devemos defender a parte que nos cabe. Ninguém aceitaria que parte do esgoto da casa do vizinho fosse parar no nosso quintal."

Hoje pela manhã, ao cumprimentar os colegas no twitter, deparei-me com a mensagem enviada por @ElinaViroussenq (Elina Vieira Roussenq, vereadora em Imaruí-SC), na qual trazia um link para acessar seu blog, cujo post denunciava a pulverização de agrotóxicos sobre plantações de arroz no município de Imaruí, localizadas no "Rio D'Una". A pulverização, conforme denunciou a vereadora, era realizada com avião.

Ao ver as fotos, suspeitei que o avião sobrevoava não só terras daquele município como também de Imbituba. E não só por isso resolvi escrever sobre o fato trazido por Elina. O que me chamou a atenção foi o nome Rio D'Una. É daí, leitores, que vem a água que consumimos!

Em seu blog, Elina aponta uma lei municipal de Imaruí que estabelece a proibição de "lançamento de agrotóxicos e de outros produtos congêneres e seus componentes, através de aeronaves, nas lavouras cultivadas em imóveis rurais situados na área territorial do Município de Imaruí."

Pelo twitter, em conversa reservada, Elina confirmou que a área sobrevoada e atingida pelo agrotóxico localizava-se contiguamente nos nossos municípios.
Sinceramente, desconheço lei que proíba tal ação em Imbituba, mas se há lei em Imaruí é porque havia embasamento legal para essa proibição, até porque as plantações existentes estão às margens de tão importante rio de nossa região.
Em outubro de 2009, escrevi um artigo sobre a qualidade da água da Casan, no qual eu citava o problema de agrotóxicos na região de captação dessa água.

O fato denunciado pela vereadora nos diz respeito, também. É da nossa conta.
Diante disso, o município de Imbituba tem a obrigação, através de seus órgãos responsáveis pela fiscalização ambiental investigar a denúncia e tomar as providências que a lei permitir.
Da mesma forma deve assim proceder o Poder Público do município vizinho, coibindo e autuando os responsáveis pela ação ilegal.

Se já não bastasse a água amarelada servida pela Casan, vamos consumir também os agrotóxicos lançados pelos rizicultores.

Quanto ao Projeto Anitápolis, aguardo posicionamento do município de Imbituba, pois embora esteja provado tecnicamente que terá seu ambiente prejudicado, ainda não ingressou na ação judicial movida por outros municípios da Bacia Hidrográfica de Tubarão contra esse projeto.

2 comentários:

  1. Pena,

    Quem viaja pela BR 101, de Tubarão até a Ponte sobre o Rio Maciambu, aquela ponte antes da subida do Morro, dos Cavalos em Palhoça, percebe a extensão da área ocupada pela rizicultura em toda essas regiões ao longo da rodovia.

    Trata-se de uma monocultura que pela sua extensão, certamente poderá vir a causar problemas ambientais, com repercussões desfavoráveis, entre outros, no sistema hídrico desses locais em curto espaço de tempo.

    Acho que está na hora de nossos orgãos ambientais e demais representatividades começarem a se dar conta desse problema.

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  2. Cândido, extraordinária sua observação, mas não temos em SC um órgão estadual que execute suas atividades com excelência. As matérias negativas que leio sobre a FATMA só me fazem acreditar que esse órgão precisa ser reconstruído pelo governo do Estado. Creio que a falta de funcionários pode ser um dos problemas, mas a falta de comprometimento com o meio ambiente é o maior pecado desse órgão estatal.
    O problema a que você se refere tem de ser tratado em nível de associações de municípios, como Amurel, para que possa surtir os efeitos esperados.

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