A difícil tarefa de escolher os candidatos

Chegam as eleições e com elas a pergunta "em quem vou votar?" Não é uma tarefa fácil, quando se pretende realmente escolher o melhor - ou até mesmo o menos ruim.
De outra banda, a escolha é tão simples quanto optar por uma marca de cerveja, se o eleitor for filiado a algum partido, ou se já tem uma empatia por algum candidato, ou se para ele não interessa quem seja, o importante é ganhar algo em troca do voto. Para uma imensidão de pessoas, o voto é algo perfunctório.

Nas discussões entre amigos ou até mesmo na internet, diz-se que temos que conhecer o político e sua história, principalmente quando ele já ocupou algum cargo eletivo ou comissionado.
As orientações são no sentido de nos remeter a investigações de seu passado e até suas amizades. Identificar suas ideias e as ideologias de sua sigla partidária.
Se já ocupou algum cargo eletivo, buscar notícias sobre sua administração ou seu comportamento como legislador.

Qual o conceito que ele imprimiu por onde passou? Já foi condenado por algum tipo de corrupção? O que falam dele nos jornais? Essa última questão deve ser investigada com base em jornais sérios, o que está difícil de encontrar ultimamente, pois quase todos recebem dinheiro - ainda que indiretamente - para falar bem ou mal de certos políticos.

Veja só, leitor, enumerei apenas algumas perguntas, mas há muitas outras para constar no menu. Não é fácil, não é? É muito complicado escolher alguém para nos representar no Poder Legislativo stadual, no Congresso e, principalmente, na Presidência da República!

E onde encontrar todas as respostas para essas perguntas? O melhor local, para mim, é a internet. E você poderá dizer que não é um meio confiável, pois se encontrará informações que não correspondem à verdade. Concordo. E por isso temos de saber escolher o que lemos. Precisamos saber escolher nossas fontes de informações, para a partir daí optar por um nome a ser votado.

Pense, leitor, quantos eleitores têm acesso à internet? A jornais? A revistas? Ou que, no mínimo, gostem de assistir aos telejornais, quando o assunto é política?
Mas vamos esquecer o "gostar" de política. Voltemos às questões primeiras.

Se o leitor é impossibilitado de ter acesso a conteúdo suficiente para lhe ajudar a escolher seu candidato, como ele escolherá?
Além de ser tantos, de todos os cantos, não há informações completas sobre cada um deles. Nem sequer quando as informações são oficiais, como a declaração de bens à Justiça Eleitoral, pois os valores ali mencionados não precisam espelhar o valor real desses bens.

Como você vê, até o eleitor mais esclarecido sentirá muitas dificuldades de optar por algum nome. Portanto, é injusto que se diga que o povo não sabe votar. É mais justo dizer que ele não possui meios para escolher.
Uma parte pode não se preocupar com eleições. Outra pode mesmo estar interessada somente em conseguir um emprego ou alguma vantagem financeira. Muitos outros apenas votam para agradar a alguém ou para manter seus salários, mas nessa Torre de Babel e diante de uma profusão de partidos e candidatos, a escolha mais acertada pode exigir de nós um esforço hercúleo.

E se já não bastasse todos os obstáculos citados, ainda temos que conviver com a triste incerteza de que, depois de eleito, o nosso escolhido, aquele que inspirou nossa confiança, não se debandará para o lado daqueles que nós excluímos de nossa lista.

Leitor, vejo que quanto mais nos distanciamos dos tempos da ditadura militar, mais nos esquecemos do motivo pelo qual muitas pessoas lutaram e morreram para chegarmos ao voto popular. Depois que a vitória foi conquistada, parece que não se sabe o que fazer com o voto. A corrupção aumenta, as instituições estão fragilizadas, a democracia é tênue, o povo não acredita nos políticos, nos partidos, mas dá credibilidade a um governo populista.

Os que ainda resistem a essa deterioração da Nação certamente devem estar pensando como Rui Barbosa:
De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.

Como você vai escolher seus candidatos, (e)leitor?

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