Eleições 2016 em Imbituba: o resultado inesperado!?

Que eleição foi esta? Ninguém esperava por isto! Nem os institutos de pesquisa contratados conseguiram chegar perto do resultado. Todos, não. Teve um que acertou, mas não se divulgou nem internamente, e a carreata às vésperas da votação seria a bala de prata.

"Não temos como perder esta eleição!", era o que mais se ouvia nos bastidores políticos, do início até o meio da campanha. E parecia mesmo que não se poderia ter outro resultado. É, mas só parecia. Creio que foi a maior derrota já vista em Imbituba. E não foi só em números.

De um lado, o respaldo do governo do estado e do Porto de Imbituba, toda a máquina administrativa municipal e o poder político que comandou a cidade por doze anos. De outro, uma meia oposição ao governo atual. Meia porque trazia consigo parte de um grupo que esteve na situação até o início da campanha, ou seja, parte do PMDB.

A quem se deve os méritos pela vitória? Ou quem foram os maiores perdedores? Não quero fazer uma análise à la Dilma Rousseff, mas, na minha opinião, os méritos não cabem ao PT ou a Rosenvaldo ou a Zaga ou a quem quer que seja. Acredito, porém, que houve perdedores, e os maiores foram Beto Martins e Christiano Lopes de Oliveira, identificados pelo eleitor como sendo os atores principais da proposta de unificação de dois lados políticos antagônicos. O primeiro, porque tentou manter o controle de tudo, mas ninguém consegue controlar tudo. O segundo, porque, na voz do povo, traiu seu eleitorado, que esperava ver um candidato que representasse mudança. Pois era o que prometia até meses antes das eleições.

Eu, como candidato a vereador e mantendo contato com eleitores em quase todos os bairros, o que mais eu ouvia era a indignação de verem juntas a oposição, liderada pelo PSD, e a situação, liderada pelo PSDB. Não se falava do PP, partido de Beto Martins. Talvez, porque a maioria nem saiba em qual partido ele está.

A população se comportava de forma inquieta, pois tinha de esquecer o que viu, leu e ouviu nos últimos anos, nas redes sociais, nos jornais e nas rádios locais.

Parte do PSDB não se deu por vencida vendo o partido ser direcionado a um projeto que objetivava misturar água e óleo, e essa parte não aderiu ao projeto. Não tinha como dar certo.

Disseram que eu era visionário ao afirmar em junho de 2016 que Rosenvaldo poderia ser o novo prefeito, diante dessa tentativa de coligar PSDB e PSD, verdadeiros inimigos adversários ferrenhos por seis anos. Não era uma profecia, era uma constatação. Nem parte do PSDB nem o eleitorado de Imbituba engoliu essa! Viram que não se tratava de um projeto que visava a uma cidade melhor, mas de simplesmente manter o poder político e econômico da cidade, pelo menos esta foi a visão do eleitor, ainda que o projeto fosse mesmo satisfazer as necessidades mais prementes da população.

Dentro de meu partido, o PR, briguei pela terceira via, como falei na postagem anterior. Estava ali a chance de se fazer um partido crescer, ter visibilidade, em pouco tempo. Não duvido que qualquer que fosse nosso candidato, conseguiríamos expressiva votação. Poderiam ser votos de indignação, mas daríamos aos imbitubenses a possibilidade de votarem em alguém, em oposição mesmo aos dois lados postos. O eleitor, lamentavelmente, não teve opção. Penso que os imbitubenses não queriam votar no PT ou em Rosenvaldo, mas era a única resposta que tinham pra dar aos que acharam que tudo podiam. Da próxima vez que tentarem fazer isso novamente, lembrem-se desta eleição. Lembrando Garrincha, não tracem estratégias, antes de combinarem com os russos.

Para quem reside fora de Imbituba, não consegue compreender como se elegeu o PT para governar a cidade, na contramão da derrocada da sigla Brasil afora. Nosso caso é especial. Repito: não houve interesse de se votar no PT. Não se queria votar no PT, mas não havia, na concepção do eleitor local, possibilidade de se votar num projeto político que não respeitou o que pregou durante anos. E não tenho dúvidas de que a diferença seria maior, se Rosenvaldo não fosse filiado ao PT, e isso comprovaria a minha análise até aqui.

Diante desse quadro estranho, restará ao novo governo o compromisso de uma administração voltada para o crescimento econômico e social da cidade, pois, caso contrário, enfrentará uma derrota fragorosa em 2020, porque o eleitor provou nesta eleição que está atento aos movimentos políticos, muito embora tenha votado de forma fisiológica para o Legislativo local. Foi uma no cravo e outra na ferradura. Mas a democracia tem seus problemas e temos que aprender a conviver com eles, enquanto não se inventa um sistema melhor.

Uma preocupação minha é se Rosenvaldo terá pulso para controlar o ímpeto de alguns apoiadores, o desejo de vingança de outros, e a vontade de vários de se fazer um governo populista, quando é necessário, no momento econômico pelo qual passamos, termos um governo voltado ao incentivo ao empreendedorismo, a uma máquina enxuta e eficiente. Mais do que qualquer outro governo, Rosenvaldo terá que ser exigente ao escolher uma equipe qualificada para sua gestão, de modo a dar respostas rápidas à população, pois as contas estão sendo entregues no azul. A qualquer sinal de uma administração incompetente, terá uma oposição popular no seu calcanhar.

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