Eleições para diretores: uma contribuição ao artigo “Por de trás do gabinete”

Por Arrison Berkenbrock

A gestão escolar se assenta em três princípios, a saber: gestão pedagógica, gestão de recursos humanos e gestão administrativa.

A gestão pedagógica, a meu ver a mais importante, contempla inúmeros fatores, destes, destaco as linhas de atuação, formulação de projetos políticos pedagógicos, planos de cursos, planos de aula, avaliação etc.
Cabe ao diretor articular a dinâmica pedagógica, avaliando o desempenho do corpo docente, discente e demais funcionários, com efeito, primando pela qualidade do ensino.

A gestão de recursos humanos atenta para as relações pessoais na unidade escolar (tarefa demasiadamente complexa). Trabalhar com seres humanos, mediar conflitos, manter os profissionais satisfeitos com o ambiente de trabalho constituem os grandes desafios a serem superados ou mitigados pelos gestores. Acredito que grande parte do sucesso ou insucesso da atividade escolar se dá em função dos relacionamentos estabelecidos nas unidades escolares.

A gestão administrativa se articula em torno de dois eixos: a estrutura física da escola (aquisição e manutenção do prédio escolar, salas de aulas, bibliotecas...). Estrutura institucional que diz respeito à legislação escolar, documentos de admissão de professores, alteração de carga horária etc...

Pois bem, conforme o exposto percebemos que gerir (e gerir bem) uma unidade escolar requer uma gama de conhecimentos que transcendem qualquer curso de licenciatura, inclusive aquelas da área humana. Contudo, infelizmente, muitos políticos que indicam diretores, não levam em consideração todo esse conjunto. Afinal, para algumas autoridades políticas, não importa a sua bagagem teórica ou experiência no magistério, antes é necessário que o candidato à direção escolar se afine com os seus projetos políticos. Conhecimento.... Ah, isso pouco importa! A competência está atrelada à inserção aos planos de políticos que concebem o administrador escolar como um possível cabo eleitoral.

Por isso e tantos outros motivos sou contra a indicação de diretores. Temos que reconhecer que indicação política não significa necessariamente incompetência (embora geralmente assim seja). Há outros problemas que devemos considerar. Quando alguma autoridade política indica o diretor, este, por sua vez, pode vender sua consciência. Isso é repudiável. Afinal de contas, como posso manifestar publicamente a minha indignação ao governo atual, se foi o mesmo que me indicou?

Acredito que concurso público para diretores também não é o caminho. O concurso, em si, não garante a escolha dos melhores, ademais confere caráter quase que vitalício ao vencedor do mesmo. Uma vez empregado, há o risco deste usufruir de estabilidade, sem, contudo, mobilizar-se na construção de uma educação democrática e de qualidade.

O caminho perpassa pela democracia. É mister promovermos eleições para diretores, envolvendo todos os segmentos da unidade escolar. Evidente que tal medida não assevera a escolha dos melhores, mas dificultará a permanência dos piores, devido seu caráter rotativo. Convém salientar que a eleição de diretores, na maioria das vezes, possibilita o acesso ao cargo a um novo contingente de professores que, pelo critério nomeação, jamais viriam a ocupar o cargo. Sem falar que o ambiente democrático fomenta o diálogo, tornando os segmentos das unidades escolares mais atuantes no processo educativo. A abertura ao diálogo muito provavelmente levará a conflitos de ideias. Não há problemas! A discussão é extremamente salutar para a democracia.

Portanto, a escolha pela eleição como mecanismo de seleção de diretores contribuirá e, diga-se de passagem, em larga escala no desenvolvimento de uma educação cidadã, incutindo na comunidade escolar a ideia de conscientização e participação política. Avante!

(link para a postagem Por de trás do gabinete)

2 comentários:

  1. Caro Arrison, analisando suas conclusões, creio que deveríamos ter um processo híbrido.
    Concordo com as eleições, desde que os candidatos passassem por um processo seletivo.
    As eleições, por si só, como você alertou, não garantem a qualidade na escolha, já que, inevitavelmente, qualquer processo eleitoral desse tipo sofre pressões políticas partidárias, como também outras artimanhas.

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  2. Pena,
    Concordo com você. Um processo híbrido conjugando conhecimento técnico e sufrágio eleitoral diminuirá a incidência de pressões políticas partidárias. Insisto na afirmação: diminuirá....Infelizmente, mesmo nesse paradigma, as práticas clientelistas não definharão. Grato pela contribuição!
    Arrison.

    ResponderExcluir

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