A duplicação que Colombo prometeu e não cumpriu

Na sessão de ontem da câmara, o vereador Luiz Dutra (PSDB) apresentou um dado interessante. Ele informou que o Porto de Imbituba, administrado pela SC Parcerias nos últimos 18 meses, já possui "em caixa" mais de R$ 50 milhões.
Luiz também informou que Colombo, que prometeu a duplicação da Florentino Machado - acesso viário ao Porto de Imbituba - e ainda não cumpriu, está barganhando junto ao governo federal: só duplica se ganhar mais 25 anos para a SC Parcerias na administração portuária.
A obra de duplicação da Florentino Machado está orçada em pouco mais de R$ 50 milhões. E Colombo não apresentou nenhum fator condicionante quando prometeu duplicá-la. Por que está querendo barganhar, agora?

Quando fez a promessa, tinha a sua frente centenas de curiosos, bajuladores e outros indivíduos no salão do Imbituba Atlético Clube, que o aplaudiam após cada vírgula, cada ponto. Hoje, continuamos com a Florentino Machado sem duplicação. A única coisa que vem se duplicando é o número de mortos em acidentes de trânsito.
Quem ainda insiste em aplaudi-lo?
A federalização da Florentino Machado ocorreu e o encargo para duplicá-la foi repassado ao governo de Santa Catarina, que o aceitou, pois ganhou de mão beijada o Porto de Imbituba. Entretanto, o Porto se transformou em mais uma empresa pública, administrada por indicados políticos e acolhendo outros apadrinhados em cargos de menor relevância. Todos os apadrinhados sem, no mínimo, processo seletivo, sem se saber se são necessários ou se possuem conhecimentos suficientes para ocupá-los. É interessante a ligação - inclusive familiar - entre os escolhidos e os políticos estaduais e locais. É o velho QI: quem indica!

Vista da Rua Manoel Florentino Machado
Evidentemente que não pode a SC Par Porto de Imbituba duplicar a Florentino Machado, mas pode-se, como disse o vereador Luiz Dutra, fazer "compensações" financeiras dentro do governo para que a obra seja realizada.
Luiz Dutra destacou que o Porto de Itapoá, totalmente privado, recebeu do governo de Santa Catarina todo o empenho para pavimentar com asfalto o trecho viário que liga a BR 101 àquele porto. O de Imbituba, porém, antes privado, agora público, só recebe as atenções governamentais para a arrecadação portuária e a ocupação política.
O trecho pavimentado em Itapoá foi de 27,5 km, com um custo de quase R$ 50 milhões. Enquanto a VAP-Via Arterial Principal, em Imbituba, com apenas 4,76 km (incluindo a Av. Marieta Konder Bornhausen), aguarda a boa vontade de quem tem a caneta na mão.

Decidiu-se na sessão de ontem que será realizada uma reunião amanhã (26), com todos os vereadores, para decidirem as estratégias políticas para forçar o governo do estado a sair da toca, a se pronunciar a respeito de quando pretende - se é que pretende - iniciar a VAP.
Sugeriu-se, inclusive, com apoio de vereador do partido do governador, bloquear o trecho rodoviário por algumas horas, quando houver navios no porto, para provocar a paralisação das atividades e quebrar a inércia do governo. Sinceramente, duvido que isso ocorra. Se ocorrer, não acredito que todos os vereadores estarão à frente da mobilização, por existir ligações íntimas com o governo estadual. Posso estar errado e ver, novamente, vereador batendo panela na estrada. Só o tempo dirá.

Eu não tenho dúvidas, porém, que esse modelo portuário com gerenciamento público não possui mais espaço dentro da economia de mercado, globalizada. Precisamos nos espelhar nos modelos eficientes utilizados na Europa, se quisermos que os portos brasileiros deixem a angustiante 130ª colocação no ranking mundial (2012).
A qualidade de infraestrutura portuária é a pior entre os itens de infraestrutura no Brasil, incluídos aí os acessos portuários, conforme estudo realizado em 2011, de onde extraio alguns pontos, que seriam os atuais gargalos do setor portuário brasileiro:

-Portos tem capacidade insuficiente para atender o crescimento de movimentação de cargas;
-Falta de infraestrutura portuária e de acessos adequados;
-Número excessivo de diversos órgãos envolvidos agindo sem integração;
-Marco regulatório pouco flexível e sem clareza jurídica;
-Operações portuárias ineficientes e com alto custo;
-Autoridades portuárias com gestão politizada e sem continuidade;
-Baixa capacidade financeira por parte das autoridades portuárias para investir;
-Carência de gestão profissional no setor portuário.

De tudo isso, continuo com a minha opinião: esse governo estadual é só propaganda! E o federal, também!

(Na primeira foto aparecem moradores dos bairros Vila Alvorada e Village fazendo manifestação em protesto ao número de acidentes na Rua Manoel Florentino Machado. Ambas imagens foram cedidas pelo administrador do perfil mencionado nelas)

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