Festival Nacional do Camarão: quem deve pagar a conta?

Nesta semana, meu filho de 12 anos chegou em casa falando dos valores que cada banda cobrou para se apresentar no Festival do Camarão. Um de seus professores comentou sobre isso em sala de aula. Ele se mostrou surpreso com os valores: Tchê Garotos - R$ 38 mil; Gabriel Valim - R$ 75 mil; e Pixote - R$ 77 mil.

Hoje pela manhã, conversava pelo Facebook com um colega que se mostrava indignado com a gastança com as bandas e pretendia divulgar os valores na mesma rede social. Eu disse a ele que, quando divulgasse, a maioria dos que porventura reclamasse do custo, participaria da festa. O povo quer festa. Pode até reclamar depois da festa ser encerrada, porque já encheu a barriga, mas não deixaria de ir porque foi gasto o que considerou muito dinheiro gasto.

E eu também disse que mesmo que a oposição reclamasse, faria o mesmo se estivesse no comando da administração municipal. Só que a oposição não reclamou. E não poderá reclamar, porque aprovou por unanimidade os gastos com o evento, na ordem de "até R$ 450 mil", na sessão da Câmara de Vereadores, no dia 20/01/14 (o projeto encaminhado para votação poderá ser acessado aqui).

Durante a sessão, três vereadores se manifestaram, conforme constou na ata:

"...Vereador Anderson Teixeira que falou que o município precisa definir qual o objetivo que ele deseja alcançar com a Festa do
Camarão, ou seja, se ele deseja fomentar o turismo no município, proporcionando shows de qualidade que atraiam turistas para a região, ou, simplesmente, possibilitar aos moradores de Imbituba acesso à festa como ocorreu no ano passado, através do acesso gratuito a shows pequenos e que não agregam nada ao turismo do município. Por fim, falou que o município deveria pensar em realizar shows de qualidade que atraiam não só os munícipes, mas turistas para incrementar o turismo na região. Em discussão, o Vereador Walfredo Amorim declarou que o município precisa sim investir em eventos, não só para proporcionar lazer aos munícipes como para atrair turistas para a cidade. Ainda em discussão, o Presidente concedeu a palavra ao Vereador Dorlin Nunes Júnior que declarou que a Festa do Camarão se tornou uma festa popular e declarou considerar gratificante ver que as pessoas humildes do município podem agora, também, participar da referida festa."

A Festa do Camarão, hoje Festival Nacional do Camarão, sempre deu o que falar. "Verbas" e mais "verbas" foram despejadas nesse evento, vindas de todas as esferas governamentais, via entidades que não eram conhecidas ou que nem funcionavam. E era tanto dinheiro que a Procuradoria da República desconfiou da prodigalidade e foi investigar o caso, como pode ser visto nesse artigo Organizador de várias edições da Festa do Camarão é condenado.
E mesmo com tanto dinheiro público sendo gasto por aqui, era necessário pagar ingresso para assistir aos shows. Hoje, pelo menos, é gratuito. Se isso compensa.

É bom lembrar que num passado recente, no primeiro ano de Beto Martins como prefeito, ele não estava querendo a realização da festa, em razão dos custos e da situação financeira ruim da prefeitura, deixada pela administração anterior. A reclamação ecoou nos quatro cantos do município! E Beto sentenciou: se é para o bem do povo e felicidade geral da cidade, faça-se a festa! 

A população tem de decidir se quer festa paga com dinheiro privado ou com dinheiro público. Se quer entrada franca ou onerosa. Alguém tem de pagar pela festa. Qual sua sugestão?

8 comentários:

  1. Acrescento ainda nesta discussão a participação do Governo do Estado. Aí do governador se não libera uns tostões para as festas. Tem cidade que não pede uma ambulância para o governo, mas exige o dinheiro da festa. E o povo...

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    1. Primeiramente, é um prazer receber seu comentário em meu humilde blog.

      Se o governador não mandar dinheiro, isso é usado politicamente, de forma negativa. E, pelo que ouvi dizer - ainda não comprovei - , o governador não mandou para essa festa.

      E só para complementar, às vezes o povo reclama mais pela falta de festas (diversão) do que de uma ambulância.

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  2. Aqui tivemos um MENTIROSO durante oito anos na Prefeitura jogando o dinheiro do contribuinte em festas de todos os tipos. Foram milhões jogados fora e não adiantava levar os fatos ao MP por que eram arquivados. Essas bandas não custam isto e o afirmo com convicção. Meteram a mão no dinheiro do contribuinte. Quando administrações são honestas buscam patrocínio privado para tais festas, pois o dinheiro arrecadado em impostos é destinado a ser aplicado na cidade e nunca em festas.

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    1. Essa festa daqui é híbrida. Meio pública, meio particular. E houve anos que o derrame de dinheiro era muito maior. Vinha dinheiro até da Petrobrás. Mas o povo adora a festa, mesmo assim. Tanto que milhares de pessoas ficaram de fora, porque não tinha mais espaço para entrar. Agora, estão reclamando que faltou cerveja, faltou lugar, faltou isso e aquilo, e já esqueceram do dinheiro.

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  3. Moro numa cidade do interior da Alemanha tao pequena quanto Imbituba (40.000 habitantes). Aqui temos muitas festas populares o ano inteiro. Inclusive a maior festa italiana do sudeste alemao é aqui.
    Em cada festa temos várias bandas que revezam-se nos palcos espalhados pelas pracas públicas, apresentando música para todos os gostos. Nao só as bandas, toda a festa é patrocinada por empresas locais (cervejaria, padarias, restaurantes, lojas, butiques, fábrica de cosméticos, revendedoras de automóveis, Bosch, Michelin e muitas outras), o povo nao paga nada (só gasta comendo, bebendo, comprando) e a prefeitura também nao. Se o nosso prefeito gastasse o nosso suado imposto para financiar festas… hummmm… sei nao, acho que a gente capava ele :)

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    1. Maglu, esta festa hoje não recebe tanto dinheiro público. Bem, tanto dinheiro comparado com anos anteriores, e inclusive houve gente condenada por isso na Justiça Federal. Mas o povo aqui quer é festa, sem se importar com o dinheiro público. Depois que acaba a festa, às vezes reclamam da gastança, mas aí já é tarde e nem sei se têm o direito de reclamarem. Nós somos muito atrasados nisso. Esperamos tudo do governo. Somos um país que inveja a Europa, mas com desejos latinos: espera tudo do Estado.

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  4. Na sexta-feira vamos para uma "Oktoberfest dos pobres", numa cidadezinha aqui perto. Desde a barraca onde haverá palco para shows até as várias bandas contratadas, tudo é financiado pela caixa economica daqui. E nem do governo ela é. E nem propaganda como patrocinadora ela faz.

    A principal rotatória da cidade é toda ajardinada. A +- cada 5 semanas uma firma de jardinagem refaz todo o canteiro, sempre com temas diferentes e centenas de novas flores. Me aborreci com essa gastanca toda com dinheiro público e fui pedir informacoes na prefeitura. Resultado da pesquisa, quem banca todos os gastos com a jardinagem da rotatória é o Deutsche Bank. E nem uma plaquinha informando isso tem lá (certamente para nao poluir a beleza da rotatória).

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    1. Aí é Alemanha e aqui é Imbituba, num país em que Lula se apresenta como o pai dos pobres, e a Dilma a mamãe deles. E o povo pagando pela corrupção e o Estado inchado. Evidentemente que reflete tudo isso na minha pequena cidade de Imbituba, que não se preocupa que se gaste milhões de dinheiro público com festas.

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