Centenas de pessoas participam da manifestação contra presídio em Imaruí - parte II

A campanha foi tomando corpo em Imaruí. Mesmo assim, os políticos da situação a viam como uma campanha paralela e não algo que se vinculasse à campanha eleitoral. Ademais, seria fácil neutralizá-la, se conseguissem mostrar à população que o complexo penitenciário traria mais benefícios que prejuízos ao município. Não conseguiram.

(Leia a primeira parte deste artigo)

Elina Vieira Roussenq, líder do movimento contra o presídio, movimentou as redes sociais e atraiu mais simpatizantes para a luta. Muito embora a grande maioria dos imaruienses não estivessem conectados às redes sociais, a divulgação nesses meios de comunicação produziram multiplicadores.

As promessas de obras de compensações por um suposto prejuízo social com a vinda do presídio não foram suficientes. O movimento crescia e o calendário eleitoral chegou. Agora, sim, a campanha contra o presídio passou a ser a mesma campanha política da oposição. E enquanto Amarildo (PSD) defendia a instalação do presídio em Imaruí, César Souza Júnior (PSD), em Florianópolis, agradecia ao governador a retirada do presídio da Capital. Diante dessa contradição, Manoel Viana e Elina Roussenq conduziram os opositores e se elegeram em 07 de outubro, numa vitória que meses antes não era prevista.

A eleição acabou, mas uma campanha ainda subsiste: a do presídio. Para Manoel/Elina, talvez seja a maior batalha que enfrentarão durante sua administração. Barrar a construção do presídio não só é cumprir o que prometeram aos eleitores, como também sustentar o futuro político de ambos.

O terreno custou ao estado R$ 1,7 milhões. Manoel e Elina querem que o estado doe a área ao município, para algum empreendimento social. Assim como esperam que o Judiciário não aceite a construção do presídio naquele local, em razão de questões ambientais levantadas, como se pode verificar nesse ofício da FATMA.
Além disso, e conforme contato com Elina, a compra do terreno está sob investigação do Ministério Público, tendo em vista que foram desapropriados 70 hectares, mas o projeto apresentado à FATMA informa uma área de apenas 5 hectares. Esse é, segundo ela, apenas um dos pontos questionados pelo Ministério Público, pois a área não foi declarada de utilidade pública e nem houve audiência pública e estudo de impacto de vizinhança.

E dando continuidade à campanha contra o complexo penitenciário, foi marcada uma manifestação para ontem (17), no local escolhido para a construção. Centenas de pessoas participaram. Talvez, mais de mil pessoas. E até acredito que o sucesso da manifestação só ocorreu em razão dos atentados que  acontecem em Santa Catarina. Se havia apenas o medo baseado na suposição de atos delituosos vinculados a um presídio, os atentados fundamentaram o medo daquela população. Agora, mais do que nunca, acredito que a quase totalidade dos moradores de Imaruí dirão "não" à penitenciária, incluindo aí muitos dos que votaram no atual prefeito.

Fato é que precisamos de mais presídios em nosso estado, e ainda nesta semana eu lia que o sistema prisional de Santa Catarina ultrapassou todos os limites. Com capacidade para 10 mil vagas, abriga hoje 17 mil presos. E ainda existem mais de 10 mil mandados de prisão para serem cumpridos.
A superlotação das cadeias é um dos motivos desses atentados. É o que dizem os especialistas. Sendo assim, é necessário encontrar uma saída. Ou melhor. Lugares para a construção de presídios. E, mais ainda, uma forma de socializar e controlar esses milhares de presos.

Como disse nesta semana o ministro Celso de Mello, “A prática de lei de execução penal (Lei 7.210/84) tornou-se entre nós um exercício quase irresponsável de ficção jurídica. Cabe ao Ministério da Justiça exercer um papel de liderança de grande importância, de vital importância, sob pena de se comprometer, sob pena de se frustrar a finalidade para a qual a pena em última análise foi concebida”.
Em todos os estados brasileiros o problema de superlotação é comum. E, pelo que se vê, ninguém quer pôr em prática a Lei 7.210/84. Dizem que é caro. Não seria mais caro esse preço que estamos pagando nesses atentados?

Publico, abaixo, as fotos que fiz durante a manifestação ocorrida em Imaruí.

A concentração

Entrevistas

Início da caminhada




Manoel Viana e esposa, e Elina Roussenq

Chegada no local previsto para a construção do presídio





Ex-prefeito Pedro Roussenq cumprimentando manifestantes



Manifestantes plantando árvores e fincando bandeiras de paz no terreno




Concentração para discursos rápidos

Manoel, Elina e manifestantes cantando o Hino Nacional


Leia mais: Centenas de pessoas participam da manifestação contra presídio em Imaruí - parte I

4 comentários:

  1. Faz uns cinco ou seis anos estivemos em Imbituba e Omo chovia muito decidimos conhecer Imaruí atraídos por ser homônima da Lagoa que a banha. Uma cidade pequena e simpática. Para minha surpresa passamos por um prédio onde estava estabelecido um templo da Ordem à qual pertenço, a Maçonaria. Lembro que comemos um lanche em estabelecimentos junto à margem da lagoa. Os preços surpreenderam de forma positiva, pois muito baixos se comparados com Imbituba, cidade de Floriano ou mesmo Xangri-Lá, município que concentra cerca de 80% do PIB de nosso estado durante o veraneio.
    Pergunto se Imaruí é uma cidade abençoada e nela não ocorrem ilícitos penais, mesmo que apenas contravenções?
    Por certo nela ocorrem sim ilícitos penais. Qual razão da minha pergunta? Simples, pois se ali ocorrem ilícitos e se ali for erguido um Presídio pequeno e não os tradicionais depósitos de presos, por certo deveria a comunidade pensar por si própria e não se deixar manipular por políticos, pois estes pensam apenas nos próprios interesses, embora não tenham a coragem de assumir tal.
    No Vale do Taquari aqui no Rio Grande do Sul há um presídio que é considerado exemplar. Está na cidade de Arroio do Meio. Ali os apenados trabalham, tem remuneração assim como aprendem uma profissão, elementos que entendo imprescindíveis à reintegração do apenado ao contexto social.
    Finalizo sugerindo ao povo que não se deixe manipular por interesses político-partidários, pois estes não são necessariamente o interesse do coletivo.

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  2. Será uma penitenciaria de segurança máxima, se é tão bom como você sugere Jorge, tente leva-la para o RS.

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    1. Também sou desta opinião, se é tão boa ai no RS, leve para la. Pq aqui nós não queremos.

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  3. Não se tratar de querer ou não querer ter uma Penitenciária perto de nossa residência, isto é muito cômodo. Trata-se de solucionar um problema que está crescendo cada vez mais e nos temos cobrado de nossos governantes.Onde vão eles colocar os presidiários, se não podem construir penitenciárias?. As penitenciárias estão super lotadas em todo o Pais. Os Direitos Humanos cobram tratamento mais digno aos apenados. A justiça manda soltar presidiários para esvaziar os "depósitos de presos" super lotados. A população cobra a prisão de marginais. Até agora não vi uma postagem sugerindo possíveis soluções dos moradores da região, sòmente não a querem ali. O que precisa ser feito é a união e trabalho do povo na busca de soluções. Precisamos eleger políticos responsáveis.Meu diagnóstico da situação atual é que foi aproveitada uma situação como programa de governo e foram eleitos. Agora tem que prestar serviço mesmo que sejam derrotados, pois estarão cumprindo com suas promessas. Minha previsão é que a penitenciária vai ser instalada e voces estão perdendo tempo em reclamar em vez de cobrar um projeto que não traga prejuizo para a população local. Encerrando digo, não adianta mandar eu trazer ela para cá, já tenho uma a três quilômetros da minha casa a 22 anos.

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