O comércio deve ou não fechar nos fins de semana e feriados?

Está havendo uma tentativa do sindicato dos comerciários de impedir o funcionamento do comércio em Imbituba nos fins de semana e feriados. A ação sindical já fez até o empresário Nivaldo da Rosa chorar em programas de rádio. Parece que ele não chorou só por isso, mas também por isso.
Eu não consigo compreender essa proibição. Não vejo lógica. Contudo, todos têm o direito de buscar o que é de seu interesse.

Eu pretendia fazer uma entrevista com a presidente - hoje licenciada - do sindicato dos comerciários, porém, depois de uma conversa que tive com ela no Facebook, não será possível. Entretanto, o teor da conversa foi quase uma entrevista, a qual discorrerei aqui.

Na semana passada, publiquei na minha página no Facebook o seguinte comentário: Vamos falar a verdade: o ócio deve ser algo maravilhoso, quando se sabe o que fazer com o tempo. Trabalhar é ver a vida passar.
Você trabalha demais, leitor? Eu trabalho. Qual tempo você tem para sua família? Qual tempo você tem para se instruir? Quando você tem tempo para resolver problemas de sua vida privada? Qual sua disponibilidade para participar da vida da cidade? Quando você consegue tempo para acompanhar seu filho nas atividades escolares ou ir na escola? E para se divertir, quanto tempo você possui? Quanto tempo você tem para você mesmo?
E repito o que escrevi no Facebook: Trabalhar 8 horas por dia é escravidão moderna!
E a partir de meu primeiro comentário iniciou-se uma interação com outros usuários da rede social, momento em que a presidente do sindicato iniciou um diálogo comigo. 

Disse a presidente que concordava "plenamente" que a carga horária de 40 horas semanais era muito grande, impedindo o lazer e a participação social do empregado na vida da cidade, e era por isso que o sindicato "lutava pela não abertura do comércio aos domingos e feriados". Argumentou que "O trabalho aos domingos desemprega e reduz salários, segundo a última pesquisa feita pelo DIEESE".

Retruquei dizendo que não concordava com o comércio fechado nos fins de semana. Concordo com a diminuição da carga horária e com a abertura de novas vagas nesses períodos. Afinal, há muitas pessoas que só têm esses períodos para irem ao comércio. Para mim, esse fechamento é um atraso. 
Diante de minha discordância, ela escreveu uns "kkkkkkk" (gargalhadas) e disse que meu "discurso" era "vazio". E espetou dizendo que "o discurso, quando é para o outro, fica fácil, mas quando tenho que doar algo, nem que seja comprar num outro dia... aí, não quero".

Eu disse a ela que a vida em sociedade não se faz apenas em fins de semana, logo, diminuindo a carga horária e permitindo o funcionamento do comércio naqueles períodos, abrirão novas vagas de trabalho. Não vejo onde está a minha incoerência.

E assim seguiu o diálogo:

Dienir - Nesse caso você propõe que o trabalhador de segunda à sexta não seja o mesmo de domingo, certo??? Porque ele também quer curtir o domingo em família, ele também quer ter vida social.
Porque eu não gostaria de trabalhar aos domingos e feriados. Eu que já fui comerciária, por exemplo, não gostaria de trabalho aos domingos e feriados, em hipótese nenhuma.

Eu - O trabalhador de fim de semana pode ser revezado. E ele só terá emprego com a diminuição da carga horária e trabalho de segunda à segunda.  
Existe diferença entre trabalhadores, na sua visão?

Dienir - sim, muita.

Eu - Qual a diferença entre os trabalhadores, por exemplo?

Dienir - Qual a jornada de trabalho de um funcionário público? Ele trabalha domingos e feriados??

Eu - Você está defendendo apenas os comerciários, certo?

Dienir - Não, defendo o mais explorado. Queremos, no mínimo, ser tratados parecidos.

Eu - Parecidos com quem?

Dienir - Com quem tem uma jornada inferior, com direito a descanso e lazer nos dias assegurados por lei, principalmente descanso. 

Eu - E se todas as categorias resolverem pleitear o que você está pleiteando?

Dienir - Vejamos: uma categoria que citei como exemplo, que é o funcionário público, já tem o seu feriado e domingo garantido. Construção civil, também; profissionais liberais, também; empregadas domésticas, também; professores, também; indústria, também...

Eu - Indústria?

Dienir - Sim, com exceção de alguns setores que trabalham em turnos. O sindicato já propôs criar turnos de trabalho para gerar emprego e facilitar a vida dos que preferem comprar nos domingos e feriados, mas não foi aceito.

Eu - Vamos lá. Imagine que os empregados do transporte público, segurança, indústrias, médicos, professores, restaurantes, lanchonetes, estabelecimentos de diversão, judiciário não trabalhassem nos fins de semana!

Dienir - Isso seria ruim? Sim. Não tenho dúvida, mas, pergunto: esse pessoal é o mesmo que puxa uma jornada de segunda à sexta, das 8 às 22 horas??

Eu - Ah!, aí o problema não é trabalhar ou não no fim de semana. Ai é uma questão que deve ser resolvida judicialmente, com fiscalização da DRT (Delegacia Regional do Trabalho).

Dienir - Pois é... judicialmente. E aí, quando o sindicato faz o papel dele de denunciar, entrar na justiça, somos ameaçados, e o trabalhador é ameaçado... Se dependesse de nossa luta, já teríamos, sim. Mas vejamos... no feriado, supermercados não abrem mais. Isso é uma luta do sindicato.

Eu - Quem não pode com a mandinga, não carrega patuá. 

Dienir - Isso mesmo, e o uso do cachimbo faz a boca torta. Por isso que digo que o discurso de muitos são vazios, porque quando não têm mais argumentos para melhorar a sociedade, jogam para cima da justiça... mas a lei poucos cumprem.

Eu - O Judiciário deve resolver os conflitos. É a função dele. Há quantos anos você é presidente do sindicato?

Dienir - Estou no sindicato desde 2002, mas, como presidente, duas gestões.

Eu - Duas gestões de quantos anos?

Dienir - Três anos.

Eu - E nesse tempo todo você e seus dirigentes não conseguiram impedir essa carga horária excessiva?
Se eu tivesse num sindicato, por 10 anos, e não estivesse atendendo às perspectivas dos associados, eu renunciaria.

Dienir - É sempre assim o discurso de quem não tem comprometimento... culpar o outro. Não te conheço, sei que também não me conheces; portanto, não julgue o que não sabe.

Eu - Foi você quem disse que não estava conseguindo resolver o problema, porque sofriam ameaças. Logo, entendi que estavam com medo da situação. E se há medo, dá-se lugar a outro. Aceitas uma entrevista ao blog? (não respondeu e o diálogo acabou)

Num outro comentário meu no Facebook, no dia seguinte, a respeito de política, Dienir deu sua opinião e aproveitei para dizer que aguardava sua resposta sobre a entrevista, mas ela disse: "minha resposta já dei lá e encerrei minha fala com você. Não discuto 'bandeiras' com quem não tem ou com quem não dá a cara a tapa."

Até agora estou tentando descobrir qual bandeira eu defendia no meu diálogo com ela. Muito menos entendi o que ela quis dizer com dar a "cara a tapa". 

Leitor, numa rápida participação de Dienir no programa Microfone Aberto, do radialista Arenilton, num daqueles sábados nos quais se entrevistava pré-candidatos, ela disse que havia vereadores que já estavam há muito tempo na Câmara e precisavam sair para darem lugar a outros. Grande contradição dela, na minha opinião. Por que ela pode ficar durante 10 anos no sindicato e um vereador não pode exercer vários mandatos na Câmara, se ambos são eleitos pelo voto? E esta é uma pergunta que eu esperava que Dienir respondesse, mas não me deu oportunidade.

Só espero que os frentistas de postos, os empregados do ramo hoteleiro, do setor de serviços em geral, dos restaurantes, do transporte público, da área de saúde e segurança públicas, do setor de comunicação, enfim, de todos os empregados que, como eu, trabalham em fins de semana e feriados não consigam na Justiça o direito de não trabalharem nesses dias. Seria o caos!

3 comentários:

  1. Pena,embora seja funcionário público federal concordo com a Sra, Presidenta do sindicato dos comerciários, mas somente ai, pois está é uma das razões que o País enfrenta muitos problema. vantagens excessivas para alguns. Por outro lado informo que não fui beneficiado por estas vantagens, pois trabalhava sempre que necessário nos finais de semana e feriados, as vezes somente pela compensação. Estes trabalhos propiciaram condições de desfrutar longas folgas, o mais importante com recursos financeiros no bolso. Por ocasião da aposentadoria tive incorporado salários referentes a atividades em desvio de função que proporcionaram minha vinda para cá. Nunca deixei de aproveitar a vida social, diga-se de passagem movimentada. Em muitas e muitas ocasiões viajava a noite e trabalhava de dia.Esta sra. esta prejudicando o desenvolvimento de Imbituba e o mercado de trabalho para aqueles que não possuem qualificação para exercer atividades que exijam um conhecimento maior e utilizando o prestígio que do cargo para, com demagogia, subir politicamente. Não acredito que consiga seus objetivo, nem um nem outro.
    Concordo com tudo que escreveste, principalmente com relação a não haver condições de novos diálogos.

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  2. Pena e demais... eu li essa entrevista e talvez voce e mais alguem não entendeu a posição da presidente do sindicato, ela foi bem clara: ela é a favor da abetrura do comércio nos domingos e feriados, desde que seja com uma equipe extra, porque é muito fácil, você abrir seu comércio com as mesmas pessoas que já trabalham de segunda a sábado, o problema e fazer essa manobra com os empregados eu sei muito bem como é isso. Ten-se empregados trabalhando descontente, mau humorado e a culpa não é do empregado, e sim do patrão que o sobrecarrega de carga horária. Então é isso que ela foi bem clara... concorda, desde que com equipes contratadas para tal.

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  3. Não entendi assim e acompanho o trabalho dela desde o início.Não tenho notado descontentamento entre os empregados, pelo contrario, estão feliz por ter onde trabalhar o que lhes propicia meio de subsistência e novos conhecimentos. Os acomodados ficarão sempre neste serviço e a culpa é deles, pois Imbituba conta hoje com Universidade que presta ensino a distância e, acredito eu, tão bom como o com frequência diária.

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