O médico Odimar Pires Pacheco levantou uma polêmica na cidade sobre a suposta venda do Hospital São Camilo, o que o levou a duas entrevistas na Rádio 89.
No
jornal Notisul, no dia 15, foi publicado que "Quanto à venda do hospital, Irmã Célia ressaltou que foi feita uma proposta ao prefeito de Imbituba, José Roberto Martins (PSDB), mas até agora não obtive (
sic) resposta. “Existiu uma proposta para que o hospital ficasse com uma entidade filantrópica. Não podemos vender o que nos foi doado, somente o que compramos”, justifica a Irmã."
A minha opinião sobre essa tal probabilidade de venda do hospital não passa de um jogo de cena para receber mais recursos públicos do município. A diretora já percebeu que toda vez que se divulga que o hospital fechará as portas o dinheiro público pinga no caixa.
O Hospital São Camilo é imprescindível à saúde local, mas não podemos ficar reféns de uma entidade que está fixada em Curitiba e não abre o livro para mostrar à população de Imbituba onde gasta o dinheiro - que não é pouco - recebido do município e do governo do estado.
Vou voltar no tempo. Em 1996, eu e o agora radilista Antônio Linhares, fazíamos o pequeno jornal O Independente (era tão independente que parou de funcionar por falta de dinheiro), que no início era distribuído apenas em Nova Brasília.
Naquela época, iniciou-se na cidade uma campanha para ajudar financeiramente o hospital, porque a diretora do São Camilo dizia que não tinha dinheiro e poderia fechar. Sabem quem era a diretora? A mesma de hoje, Ir. Célia Volpato.
Nós divulgamos a campanha que consistia em doar alguma quantia através da conta de energia elétrica. Posteriormente, fui até a a agência da Celesc e conversei com o gerente, que se não estou enganado, era o atual vereador Humberto Carlos dos Santos. Minha ida até lá era para saber quanto estava sendo arrecadado e quantos eram os contribuintes, pois isso seria importante para melhorar a campanha, como também seria uma questão de transparência. O gerente disse que não podia fornecer os números sem a autorização da diretora do hospital.
Em contato com Ir. Célia, esta disse que não forneceria nenhuma informação. Não me recordo se divulguei isso no nosso jornal.
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Vereador Dorlin, secretário Dado Cherem e Irmã Narcisa |
O conselho se desfez meses depois porque a entidade que administra o hospital resistiu em fornecer informações sobre receitas e despesas. Queriam apenas receber dinheiro, mas nada de mostrar onde estava sendo gasto.
Hoje, após eu postar no Twitter que O hospital sempre recebeu muito dinheiro público, mas nunca prestaram contas e nem pretendem mostrar o caixa, o radilista Arenilton repassou minha postagem a Odimar, o qual afirmou que o balanço contábil do hospital é feito em Curitiba, impossibilitando-se o acesso às informações financeiras.
Aquele grupo de políticos e empresários também sofreram a resistência de alguns médicos que eram contrários a certas sugestões administrativas propostas, as quais tinham como único objetivo encontrar uma solução para melhorar a saúde financeira do São Camilo e os serviços que ali eram prestados.
Certo dia desse período em que o conselho realizava constanstes reuniões, eu tive uma conversa longa com a Ir. Narcisa Pasetto, que veio de Curitiba especialmente para endurecer a conversação com o município. E ela, numa conversa que deveria ser gravada - ou gravei? -, disse-me que havia interesse em fechar o hospital e fazer dele uma clínica de tratamento para deficientes mentais, pois para esse tipo de serviço o governo do estado disponibilizava maiores investimentos e repasses de verba.
Na época, pensei em escrever sobre essa conversa, mas eu sabia que a divulgação prejudicaria o esforço que cidadãos, políticos e empresários estavam fazendo para "salvar" o hospital. Hoje, arrependo-me de não ter divulgado, tendo em vista que as iniciativas do grupo foram abortadas.
Embora eu não acredite nessas previsões de que Imbituba vai crescer muito em dois ou três anos, como Odimar divulgou na entrevista de hoje, com base em pesquisas realizadas pela Unisul, Imbituba necessita manter o hospital, mas o hospital necessita ser melhor gerenciado. E se querem dinheiro da população, sejam mais transparentes em sua administração.
Na entrevista, que não se restringiu apenas à saúde financeira do hospital, mas, também, à saúde da população, Odimar Pires Pacheco sugeriu várias ações de governo para melhorar o atendimento.
Um dos radialistas questionou se haveria dinheiro suficiente para a implementação de suas sugestões. Luiz Cláudio Carvalho de Souza (Cláudio do Raio-X), que também estava na entrevista e também sugeriu algumas mudanças na saúde, afirmou que há dinheiro para implentá-las.
Eu acredito que para algumas mudanças pode ser que haja verba suficiente, porém, para outras, como o serviço de sobreaviso dos médicos, como foi sugerido por Odimar, não creio que tenha, se não houver acordo sobre valores razoáveis a serem pagos. Já ocorreu esse tipo de serviço no hospital e gasto era astronômico.
Em 1º de março de 2009, publiquei aqui
Farmácias de plantão e posto de saúde 24 horas, em cujo artigo eu argumentava que o posto 24 horas descongestionaria a emergência do hospital, que passaria a atender apenas os casos constatados como emergenciais, podendo-se, então, prestar melhor atendimento. Hoje, na entrevista, em relação ao horário de atendimento do posto de saúde do Centro, sugeriram apenas estender em algumas horas. E essa mudança teria como objetivo o que eu escrevi no artigo acima mencionado, em 2009.
Em referência ao atendimento médico-hospitalar, o São Camilo deixa muito a desejar. Quem não sabe de algum atendimento equivocado que levou à morte ou ao agravamento do quadro clínico do paciente?
Recentemente, em 2009, minha esposa poderia ter morrido ali, se não fosse levada com urgência para o Socimed, em Tubarão, onde disseram que ela não foi medicada corretamente no São Camilo.
Há 10 anos, meu filho foi internado com pneumonia. O médico que acompanhava seu estado de saúde disse que não precisava levá-lo para Florianópolis, pois caso não se conseguisse "curar uma simples pneumonia, aqui", poderia-se fechar as portas do hospital.
O problema agravou-se e o levei para o Joana de Gusmão, onde recebeu atendimento de urgência, senão meu filho poderia perder a vida.
Não podemos ser injustos com os profissionais que ali trabalham e que salvaram inúmeras vidas. Não podemos deixar de lembrar que as condições de trabalho no hospital não devem ser muito boas. É sabido que os municípios de Imaruí, Garopaba e Paulo Lopes também enviam pacientes para cá, emperrando ainda mais os serviços no setor de emergência (Até pouco tempo os dois municípios não contribuíam financeiramente com a infraestrutura do São Camilo. Não sei se persiste a situação).
Contudo, o quadro atual não pode permanecer. Serviços emergenciais que param no fim de semana é inconcebível. A falta de transparência nas contas é inaceitável.
O anúncio da diretoria sobre a tentativa de venda do hospital pode ter deixado a população em polvorosa, mas se isso está sendo feito como artimanha, o tiro poderá sair pela culatra. O tema deverá ser muito debatido e muitos cadáveres poderão ser levantados, pois o problema do hospital não se restringe apenas a uma questão financeira. Há muitos caroços nesse angu.
Já que a "saúde" é municipalizada, boa oportunidade para que a Prefeitura assuma e torne-o em um Hospital Publico Municipal com administração de médicos do próprio hospital. Pelo que sei o Hospital foi doado pela população de Imbituba! Então volte ao povo e a prefeitura administra e tira das "Irmãs de caridade", que de caridade tem bem pouco!
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