Ex-comandante da PM fala o que ninguém teve coragem de falar

Em razão das matérias que têm sido publicadas na mídia catarinense a respeito da crise entre Polícia Civil e Polícia Militar, recentemente postei em meu perfil no Twitter que a imprensa estava prestando um desserviço à população ao abordar o assunto, pois não sabe ou faz que não sabe dos reais motivos desse problema. Andam falando muita asneira e pondo lenha no fogo.

Hoje, no blog de Moacir Pereira, o ex-comandante da PM encaminhou uma narrativa corajosa na qual discorre as origens que levaram ao que estamos vendo hoje na mídia. E posso afirmar que ainda não foi dito tudo. Vejam o que disse hoje o coronel Paulo Roberto Fagundes de Freitas:
“Prezado Moacir
Diante dos últimos acontecimentos entre PM e PC, bastante lamentáveis, considerando os reflexos negativos diante da sociedade tão ávida por uma segurança mais efetiva, tenho certeza que uma reflexão muito profunda deverá ser feita, por que as verdadeiras razões e origens dessas divergências e antagonismos não está no que à primeira vista se apresenta. Tudo está relacionado, Data Máxima Vênia, ao abandono que verificou-se em governos anteriores, mormente no último com oito anos de duração, no setor de segurança pública, consubstanciado na drástica redução de efetivo com congelamento das inclusões na PM; inchamento de órgão públicos com policiais militares, em alguns casos até atropelando a legislação básica da PM em prejuízo a atividade fim e, pior, atendendo única e exclusivamente a nefastos interesses políticos; multiplicação de organizações policiais militares (Batalhões, Companhias, Guarnições Especiais(?) ,etc.) tudo sem um anterior plano de articulação e aumento de efetivo, capazes de, efetivamente, melhorar o nível de atenção às comunidades. O que se viu foi um contínuo desmembramento de OPMs, visando atender, hipocritamente, interesses outros, nunca os de segurança!! Ou seja despiram santos e vestiram outros, como no dito popular! Negligenciou-se os salários em ambas as instituições; estabeleceu-se critérios odiosos, até através de inconstitucional Emenda a Constituição Estadual fixando diferentes tetos salariais dentro do mesmo poder, privilegiando setores do executivo em detrimento da área de segurança pública, mormente da Polícia Militar. Mesmo dentro da área de segurança pública, tentou-se beneficiar a PC, olvidando a PM, com fixação do abono para uma e não para a outra, o que não ocorreu diante do posicionamento dos oficiais da PM, mas que deixou sequelas entere as instituições. Os investimentos, ridículos e beneditinos, quando existiram. E, pior, nunca visando as reais necessidades ou das instituições ou mesmo das comunidades, visto que quando os parcos recursos eram distribuidos (viaturas, equipamentos, armamento, etc.) os aspectos técnicos e estratégicos da instituição eram os últimos a serem considerados, se é que alguma vez isso aconteceu! A visão era unicamente política, para atender esse ou aquele correligionário capaz de mais tarde retribuir a gentileza com os ambicionados VOTOS! As reais necessidades dessa ou daquela comunidade que se danasse!!! Viaturas foram adquiridas, mostradas na vitrine da Avenida Beiramar, para ilusão de todos, pois após distribuidas pelos critérios já abordados anteriormente, ficaram e ainda ficam estacionadas nos pátios dos quartéis por uma singela razão: FALTA DE HOMENS ( EFETIVO) PARA COMPOR AS GUARNIÇÔES DE SERVIÇO !!! Pura perfumaria ou hipocrisia!!!!!
E mais, caro Moacir, poderia relatar de absurdos, inconsequências e incompetências, que foram perpretadas nesse nefasto último governo contra a segurança pública de nosso Estado, que, além de tudo, foi comandada por um secretário totalmente despreperado para o cargo e somente preocupado com seus interesses políticos e que lhe renderam uma vaga na Câmara Federal – lamentavelmente!!!!
Toda essa situação só poderia desaguar no que hoje assistimos: insegurança total da sociedade; atritos entre instituições; sucateamento das mesmas; falta de efetivo, etc., e, difícil resgate da situação!!!
Na verdade, Moacir, o que está acontecendo , em última análise, entre PM e PC, não é uma invasão deliberada, maliciosa, deletéria, de tarefas entre as mesmas, mas quase uma inconsciente tentativa de suprir as necessidades flagrantes de uma sociedade que GRITA por segurança, por paz. Se a PM realiza o famoso e polêmico Termo Circunstanciado, hoje plenamente reconhecido pelo STF (VIDE ANEXO), é com vistas a melhor atender a sociedade, embora a PC assim não entenda. Talvez também no afã de atender a sociedade a PC também não se furta em realizar o policiamento ostensivo.”
Como se vê, não se pode aceitar que a mídia nos ofereça opiniões simplórias sem atacar os reais motivos dos problemas existentes entre as duas instituições. Com base nessa manifestação acima, é de se concluir que o problema é muito mais de ordem política que operacional, deixando de ser, como muitos gostam de mencionar, uma simples disputa de egos entre oficiais e delegados.

Leitor, se você tiver um pouco mais de interesse e não seja mais um daqueles que acredita ingenuamente que esse problema não interfere em sua vida cotidiana, leia os artigos vinculados às palavras em cor azul destacadas neste post.

(observação: o texto em destaque não sofreu qualquer revisão ou edição ao ser publicado aqui)

Um comentário:

  1. Alguns Bos que registrei na época deste Secretário foram arquivados sem nenhuma providência. Levei ao conhecimento da Corregedoria da PC e também nada de positivo foi feito, tinha até falsificação de assinaturas comprovadas.

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