PÚBLICO e PRIVADO
O nepotismo não é a única nem a pior praga que aflige a Administração Pública brasileira. Obviamente que na iniciativa privada inexiste nepotismo porque o proprietário da empresa tem total autonomia para contratar quem bem entender. Afinal, o dinheiro é dele.
Já na Administração Pública, o dinheiro provém dos tributos e serviços cobrados de mim, de você, leitor, de todos nós.
Por isso, o uso dos recursos são submetidos a diversos regramentos legais e normativos, que se mostram ineficazes porque sempre se dá um “jeitinho” – instituto tipicamente brasileiro – de burlá-los. O mesmo acontece com a utilização dos bens públicos.
É nesse contexto que viceja na seara pública, qual erva daninha, a tendência dos políticos eleitos e seus apaniguados de julgar que os bens públicos lhes pertencem por direito – adquirido nas urnas ou por influência política – e, por isso, podem ser utilizados em benefício de suas atividades particulares e familiares.
Raymundo Faoro, em sua mais importante obra, "Os donos do poder" (Editora Globo), demonstra de forma magistral que nossos segmentos dirigentes administram o patrimônio público levando em conta seus próprios interesses. É o denominado Patrimonialismo Estatal.
Os exemplos são inúmeros. Apenas a título exemplificativo lembremos o caso dos seguranças e mordomo utilizados pela família Sarney e pagos pelo Senado Brasileiro, ou seja, por todos nós.
Mas, não nos enganemos. A mistura do público e privado, do prevalecimento do interesse pessoal, familiar ou grupal em detrimento dos interesses do povo não é coisa recente, vindo desde o período colonial, por influência portuguesa. E, infelizmente, persiste até o presente.
É, o nepotismo é nefasto, principalmente quando vem revestido de legalidade... Pois, por que será que nunca vimos publicado em lugar nenhum os nomes dos juízes e promotores de nosso estado (acredito que de outros Estados também), será que iremos ver nomes de família (sobre-nomes) repetidos muitas vezes? Ora, o Ministério Público é conhecido por combater o nepotismo nos órgãos públicos, mas será que teria coragem de publicar uma relação de todos os promotores e procuradores do Estado, incluindo os aposentados. E, se cruzarmos os nomes do Ministério Público com os do Judiciários? Talvez seja mesmo uma questão histórica de cultura ou algumas famílias têm alguma inteligência que outras não têm...
ResponderExcluirFavor aguardar resposta do autor da postagem. Agradeço sua opinião e solicito que retorne, mas observe a regra estabelecida, sob pena de não ter seu comentário publicado, por usar a identificação "anônimo".
ResponderExcluir"Acredito que o problema do nepotismo no Judiciário e MP Catarinenses tenha sido praticamente eliminado, exceto um caso ou outro, pontual. Com relação ao Executivo e Legislativo já não posso dizer o mesmo.
ResponderExcluirPor outro lado, a questão não são os Juízes, Desembargadores, Procuradores e Promotores de Justiça, porque todos se submetem a rigoroso concurso público (falo de Santa Catarina), para ingressar na carreira. O problema são os famosos cargos comissionados ou terceirizados, que dependem apenas do famoso Q.I. Aí é onde mora o perigo.
De todo modo, cabe a nós todos, cidadãos que pagamos a conta, mantermos constante vigilância e denunciarmos, especialmente à imprensa, os casos que tormarmos conhecimento. É nossa obrigação e dever, como membros da polis.
Obrigado por sua participação."
César de Oliveira