'Não culpe o Capitalismo'

"Não culpe o Capitalismo" é um livro recém-lançado pelos geógrafos Fernando Raphael Ferro de Lima, Luiz Lopes Diniz Filho e pelo meu colega Anselmo Heidrich, o qual tem um artigo publicado neste blog

Conforme consta no primeiro parágrafo da introdução desse trabalho produzido a seis mãos, "Este livro é fruto do trabalho voluntário de três geógrafos que se conheceram pelo acaso, mas não por acaso tornaram-se amigos e se dedicaram à mesma causa: combater de modo privado, individual e constante as mediocridades escritas e divulgadas incessantemente na Academia e imprensa brasileiras nos diversos tópicos afins à geografia".

E como eu não poderia deixar de prestigiar meu colega Anselmo, o qual conheci nas atividades embrionárias do Partido NOVO e a quem tenho muita admiração pelo seu conhecimento e coerência em suas opiniões, adquiri ontem dois exemplares deste livro. Um para mim e outro para sortear no dia 21/11 no programa de rádio do qual faço parte: Eles e Ela.
Para participar do sorteio, basta compartilhar a postagem feita na fanpage do programa. Acesse e compartilhe!


8 comentários:

  1. Bom dia Sérgio!

    Realmente um livro sem precedente na geografia econômica brasileira.

    Como estudante de geografia econômica que sou, quando soube (por terceiros) que você estava divulgando o livro pensei: "irei escrever um email para ele". Isso porque, ao ler o livro e por conhecer o Professor Diniz Filho, também escrevi para os autores, expondo a minha sensação sobre a problemática central do livro. Como você postou no blog, então resolvi expor minha opinião por aqui mesmo.

    Pois bem,

    Vivemos uma grave crise no pensamento brasileiro. Historicamente nunca tivemos uma teoria brasileira, senão recortes e remendos trazidos de fora. Não há problemas nisso, contudo não somos originais. É interessante ver a tese de Gildo Marçal Brandão!

    Na academia, vivemos a difícil crise do "politicamente correto", do esquerdismo maniqueísta e da histórica falta de concorrência entre os pares pesquisadores. Resumindo em falta de preparo, doutrinação e elaboração de políticas para resolver problemas das políticas do passado que não deram certo. O resultado é produção de novas políticas, presumo que a maioria também não darão certo. Entretanto, estimado colega digital, é o que temos para hoje. O que podemos vislumbrar é um quadro para ser debatido e exposto, com responsabilidade e coerência.

    Mas o que tem haver com o livro?
    O que vejo; é que esse problema não tem nada haver com o capitalismo. Afinal o capitalismo não nos trás ou nos causa nada. É difícil talvez perceber que a defesa da composição capitalista é uma "furada" teórica e política, pois é justamente isso que o "esquerdismo" quer. Transformar em vilão, em adversário e em combatente. Ou você tem dúvidas de que o capitalismo não sucumbirá diante uma investida "socialista" qualquer? O capitalismo é orgânico, capaz de se refazer e se reconstituir, enquanto o socialismo é frágil, arquitetônico e ficou prezo a líderes e manuais de história amarrados a diversos revisionismos.

    É nesse sentido que retorno a questão da divulgação do livro. Vale a pena, é ótima leitura. Porém está lançando mão de uma estratégia que já foi abundantemente e frustradas vezes, utilizada pela esquerda. Colocar-se como a melhor opção, para desconstruir, mistificar e reler a história dos adversários. Honestamente, gostaria de ver uma contribuição desses autores na busca pela democracia, pela liberdade, na explicação do desenvolvimento e da sociedade (Sugiro a tese de Luiz L. Diniz Filho, que é muito interessante nesse sentido). O livro no patamar da "luta" política é uma opção dos autores. Na minha modesta opinião é uma opção que fortalece, ao invés de esclarecer e contrapor, as barbaridades propostas pela esquerda maniqueísta. Em suma, me parece que é a própria direita assumindo uma posição maniqueísta no sentido de querer construir, melhorar e reafirmar o capitalismo!!!
    Enfim! Apenas a minha opinião. Fazia tempo que não lhe escrevia. Abraço e até logo...

    Paulo H. Schlickmann
    Doutorando em Geografia Econômica - UFSC.

    ResponderExcluir
  2. Obrigado pelo apoio Sérgio. Saiba que a admiração é mútua. Oxalá nossos homens públicos tivessem o empenho em corrigir as distorções administrativas e processuais que dificultam o funcionamento do estado brasileiro. A propósito... Em caso análogo, se eu escrevesse um livro na óptica de um liberal radical, ou fundamentalista-liberal poria um título bombástico como "Culpe o Estado", mas como procuro analisar em detalhe uma situação complexa, que contém uma constelação de causas que produzem um determinado problema trocaria o mesmo título por "Não culpe o estado" porque, não há solução simples quando o diagnóstico é complexo. Isto é justamente o que querem e fazem os extremistas que, outrora, em priscas eras diziam que o mal é Satã ou Lúcifer ou Nosferatu e hoje eles estão por aí maldizendo o Capital ou qualquer que seja o nome que se dê. Portanto, sou favorável sim à reformas, que melhorem, aprimorem as estruturas e, sumamente, contrário às revoluções que pensam em um átimo de segundos trocar tudo e renascer como uma fênix religiosa no deserto de ideias. Nada mais ilusório... Não culpar o capitalismo é isto, analisá-lo e diagnosticar problemas pontuais, afinar sua estrutura de acordo com externalidades negativas que porventura ocorram, até por causas alheias à relação de trabalho assalariado.
    Por isto convido à crítica, mas com uma condição: para não falar besteria, leiamos o livro. Daí, de posse de conteúdo e conhecimento de causa, toda crítica é bem vinda.
    Falando nisto, outro dia enviei um link do blog do livro que continha esta dedicatória (que também consta na versão impressa):

    "Dedicamos a todos os intelectuais que passaram vinte anos apoiando o discurso oposicionista do PT e mais de uma década apoiando os governos desse partido, apesar de tais governos terem jogado as propostas dos tempos de oposição na lata do lixo. Esses intelectuais são a prova viva de que, tal como mostramos neste livro, esse pensamento que se diz crítico não tem autocrítica e nem pensamento é."

    Sabe o que alguém me respondeu?

    "Grato, vou ver.
    Mas além de YouTube, vcs não teria um texto sintético apresentando os principais argumentos do livro.
    Acredito que o diálogo deva ser com toda a sociedade e não apenas petistas e ex-petistas."

    Por que cargas d'água o sujeito achou que escrevemos um livro inteiro para petistas ou ex-petistas?! Por que fizemos uma ironia com eles?? Sinceramente, eu adoro a internet, mas acho que há excessos em seu uso, esta "geração twitter" não vai além do título ou, no máximo, da epígrafe...

    E como é que se combate um vício desses? Com debate.

    Estou aqui, pronto para o debate.

    Abraço Sérgio.

    ResponderExcluir
  3. Bom Professor Anselmo, tem toda a razão. Favorável as reformas, ao aprimoramento das estruturas e contrário as revoluções do dia para a noite! Concordo com o que escreveste.

    Contudo, o que chamo atenção é a difícil tarefa de se avaliar as constelações de causas e as complexidades dos problemas. A abordagem crítica, assim como a liberal, a conservadora, ou qualquer outra, não dará conta. O que a abordagem crítica melhor fez, foi jogar as culpas para os outros (Não sei se concordas comigo!). No entanto, há contribuições da abordagem crítica que podem ser aproveitadas nessas constelações de causas e consequências. Se não de forma positiva, mas de forma negativa para se evitar práticas semelhantes em outros recortes escalares! Isso os autores reconhecem e exploram bem no livro. Nesse sentido, ainda acho que há contribuições das leituras críticas. Assim como da liberal, da conservadora, da fenomenológica, etc...

    A minha questão é com o discurso político de combate. Há um discurso de combate no livro! Ou estou enganado? Posso estar não escrevo que não. Mas me parece que há uma leitura crítica política direcionada aos leitores críticos. Há um discurso, pelo que entendi, nalgumas vezes irônico, que pelos "adversários" pode ser lido como um chamado ao "combate". Afinal, nós sabemos o que os adeptos das leituras críticas pensam do mundo (Adversário e combate é o que eles mais procuram). Qualquer viés contrário (irônico ou não) pode ser lido como um chamado. Pelo menos isso é o que tenho visto e vivido.

    Porém eu acho que devo ter lido errado o livro. Mas me pareceu uma combinação de um discurso acadêmico / teórico (Muito bom, na minha opinião - Utilizarei como referência nas minhas pesquisas. Sobretudo porque vocês retiram o caráter objetivista que o capitalismo exerce sobre as cabeças - Leitura tão cara aos críticos - Adorei esse caráter). Além da dosagem de um discurso político que encontra um adversário. Isso é a mesma coisa que a esquerda acadêmica sempre fez (Apenas não gostei disso - Mas isso foi uma opção dos autores e uma opinião minha). Daí que eu escrevo, para concluir meu ponto de vista, que os autores acertaram e produziram um trabalho sem precedente na geografia econômica brasileira. Muito bom e que vale a pena a leitura. Apenas, se eu pudesse optar ou escrever algo do tipo, optaria pelo discurso acadêmico¹. Deixaria para o Blog, Magazine ou Jornais o discurso político. Como ainda não tenho condições de escrever livro que for, e, por entender que, tendo um livro sido escrito e lido, eu possa tecer algum comentário, decidi expor meu honesto ponto de vista.

    ¹ - Que os PTs erraram, os intelectuais críticos erraram e que produziram um monte de barbaridades teóricas e práticas na academia e no governo brasileiro, isso está sendo demonstrado diariamente. Finalmente, sem a autocrítica.

    Obrigado, Sérgio e Professor Anselmo.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Caro Paulo,

      Obrigado pelo comentário. Sim, nós três estamos propondo um combate, mas não com armas com marcação de série... Quero dizer, nossas 'armas' não são tão previsíveis assim. Eu entro e saio de grupos com frequência, sejam eles liberais, libertários, conservadores ou um misto disto porque, fundamentalmente, acredito na proposta de Popper, de que uma teoria para ser aceita, cientificamente aceita, tem que ser posta a prova constantemente. Por isto me torno uma pedra no sapato de qualquer sectário, assim como no passado foi minha passagem entre as hostes de esquerda (comunistas, socialistas e anarquistas, dentre outros). Daí a linguagem de blog, ou 'internética', para atingir um público maior do que o acadêmico, ao qual já estamos acostumados. As chances de se ler este livro são maiores do que minha dissertação ou artigos espalhados em revistas acadêmicas. Estas têm seu valor, mas um valor distinto. Analogamente, eu admiro aquele músico de rock (ou outro gênero popular) que faz mais do que se restringir à três acordes porque estudou em conservatório musical e, de vez em quando, executa um recital para um público mais exigente. Ou o contrário! Como é o caso dos instrumentistas do 2 Cellos que transitam com maestria no pop/rock, para além de suas execuções clássicas e eruditas. São linguagens, não adotá-las é uma opção, mas trilhar mais de um caminho, estrada pavimentada e off road é um desafio.

      Seja bem vindo,
      Anselmo

      Excluir
  4. Perfeito Professor Anselmo. Depois que escrevi o comentário anterior pensei: "Mas eles estão buscando outro publico e eu estou lendo apenas pelo viés acadêmico". Por sinal, adorei a parte da tese do Mercadante e da "Insustentável Sustentabilidade Ambientalista".

    Faz uns três anos eu desenvolvi algo sobre a "Educação do Campo", em algumas falas e textos, porém numa concepção bastante ainda atrelada e devedora ao materialismo. São inúmeros os problemas, sobretudo a produção em massa de militantes, pregação do ódio e a divulgação panfletária, você deve saber. Mas meu projeto de doutorado me afastou da linha de embate contra o discurso dos caras (Diria que "ainda bem" e me sinto muito melhor, pois no longo prazo, eles se acabam sozinhos. Se continuasse querendo comprovar algo contra os caras, acho que eles conseguiriam acabar comigo primeiro). Contudo, faz duas semanas que ocorreu na UFSC o II Encontro Nacional dos Sem Terrinhas - crianças entre 8 - 14 anos. A professora no palanque berrando "esgoelada": "O agronegócio acabou com nossas terras. Quem poderia oferecer a vocês esses dias maravilhosos aqui na UFSC, senão nós?". Ao fim as crianças iam em fila para o ônibus e, comandadas por um grandalhão, encaminhavam-se ao Restaurante Universitário. Qualquer um que saísse da Biblioteca Universitária e fosse tomar um café no Centro de Conveniência, escutava e via isso. Por isso que comentei no primeiro comentário, a "crise é profunda" e a grande maioria que entra, enquadra-se no discurso fácil. No entanto, parece que a eleição para reitor na UFSC na semana passada já demonstrou alguma mudança de viés. Veremos!

    Abraço e novamente obrigado Sérgio e Professor Anselmo.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado pela deferência, Paulo, mas pode me chamar de Anselmo mesmo. Sabe... Em 1984 (tenho 50 anos) fui à Fazenda Annoni, próximo à Passo Fundo, RS visitar um acampamento dos sem-terra que seria, mais tarde, um dos pólos do movimento nacional. A época eu era um simpatizante e os achava extremamente ideologizados, o que via com bons olhos. Mal sabia eu que o projeto de doutrinação já estava em curso e o resultado é o que vemos aí, militantes menos preocupados com fertilidade, produtividade e muito mais imbuídos de um senso de "justiça econômico" particular que corresponde a sua visão de mundo. Impressiona-me perceber que para eles pouco importa se se trata de solo arenoso, com topografia desfavorável etc., é tudo uma questão de 'justiça'. Assim como qualquer empresário bem sucedido no campo não passa de um "herdeiro de uma situação injusta". Ideologice pura.

      Excluir
  5. Certamente Anselmo. Agradeço o contato e as respostas.

    Assistindo alguns vídeos de vocês três, vários aspectos chamaram minha atenção. O principal é a exposição do estágio precário que se chegou a geografia humana na universidade, mediante a expansão do pensamento crítico. Isso ninguém tem coragem de fazer. Acho que chegamos a outro ponto em comum. Parece que vivemos o estágio em que P. Claval chamou de "O Mal-estar da geografia francesa" dos anos 1940 / 1960, devido as posições dos geógrafos filiados ao PC. No entanto, não vejo como solução, substituir ideologia por outra. (http://revistas.ufrj.br/index.php/EspacoAberto/article/viewFile/2429/2075)

    Temos trabalho a fazer. O mal estar é latente!

    Abraço!
    Poço lhe enviar um email para conversarmos? Até logo.

    ResponderExcluir
  6. Sem dúvida, Paulo. Minha conta é aheidrich@gmail.com e também tenho nas redes do facebook e G+.

    ResponderExcluir

Seu comentário não será exibido imediatamente.

Para você enviar um comentário é necessário ter uma conta do Google.
Ex.: escreva seu comentário, escolha "Conta do Google" e clique em "postar comentário".

Caso você deseje saber se seu comentário foi respondido ou se outros leitores fizeram comentários no mesmo artigo, você poderá receber notificação por email. Para tanto, você deverá estar logado em sua conta e clicar em Inscrever-se por email, logo abaixo da caixa de comentários.

Eu me reservo ao direito de não aceitar ou de excluir parte de comentários que sejam ofensivos, discriminatórios ou cujos teores sejam suspeitos de não apresentar veracidade, ainda que o autor se identifique.

Comentários que não tenham qualquer relação com a postagem não serão publicados.

O comentarista não poderá deletar seu comentário publicado sem que haja justificativa relevante. Caso proceda assim, republicarei o teor deletado.


As regras para comentar neste blog poderão ser alteradas a critério do editor, o qual também poderá deletar qualquer comentário publicado, mediante justificativa relevante, sem prévio comunicado aos leitores/comentaristas.

Você assumirá a responsabilidade pelo teor de seu comentário.
Este espaço é livre e democrático, mas exerça sua liberdade com responsabilidade e bom senso!

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
Copyright © 2012 Pena Digital.