A polêmica feira no bairro Paes Leme e o repúdio dos lojistas

Depois de mais de um mês sem postar nada, resolvi aproveitar a polêmica gerada pela feira do "Brás" Leme* para voltar a este blog.
E a polêmica iniciou antes mesmo da feira ser instalada, quando lojistas já criticavam a autorização dada para seu funcionamento. Vale ressaltar que todos os alvarás foram devidamente requeridos e expedidos.

Falaram-me que esse comércio itinerante passou por algumas cidades catarinenses, como Tubarão, e não sei se causou tanta polêmica quanto em Imbituba.

Vou iniciar com a nota de repúdio divulgada pelas entidades representantes dos lojistas de Imbituba. Ipsis litteris:

"A Câmara de Dirigentes Lojistas de Imbituba e o Sindilojas Imbituba, vem a público expressar os seus votos de repúdio à realização de feiras itinerantes que comercializem produtos de qualquer natureza, em nossa cidade.

Essas feiras prejudicam: as pessoas por comprarem produtos de baixa qualidade e procedência duvidosa, o comércio local pela concorrência desleal e evasão de capital e o Município e o Estado pelo não recolhimento dos tributos devidos.

Imbituba, 06 de dezembro de 2013.

Custódio Juvenal Pacheco                   Luiz Dário Rocha                      Flávio Maurício
Presidente da CDL                           Presidente E. E. da ACIM         Presidente do Sindilojas"

É de se compreender, em parte, a reação dos lojistas. Afinal, a atividade do comércio é a sobrevivência deles. Entretanto, devem saber que a atividade do comércio é de alto risco. Talvez, por isso mesmo, resida aí a irresignação dos senhores empresários.

Mas vamos analisar o problema num plano macroeconômico. Primeiro, vivemos num país capitalista e de livre concorrência. E bem por isso que cada um desses empresários iniciou sua atividade comercial. Houve liberdade para isso, baseada na livre concorrência. É certo, contudo, que até nos sistemas capitalistas existem mecanismos para que essa concorrência não seja desleal. Mecanismo que, no Brasil, geralmente, protege apenas os grandes.
Mas daí pretender coibir a "realização de feiras itinerantes que comercializem produtos de qualquer natureza" extrapola qualquer regra capitalista e estrangula a livre concorrência.

Dizer que "essas feiras" vendem "produtos de baixa qualidade e procedência duvidosa" é pretender que se acredite que os produtos vendidos no comércio local são de boa qualidade e procedência insuspeita. Ora, senhores, no comércio local temos várias lojas que enchem as prateleiras com produtos trazidos da 25 de Março ou do próprio Brás! Por que os senhores não compraram em Santa Catarina?

Há lojas que trabalham quase que exclusivamente com produtos vindos do Paraguai.
Repetindo meu questionamento que fiz no Facebook: quem não tem um produto do Paraguai dentro de casa ou um produto que sabe ser falsificado? Até os comerciantes que estão reclamando devem possuir algum. E eu perguntaria a eles: por que os senhores não compraram no Brasil?

Portanto, senhores lojistas, não venham falar de concorrência desleal, evasão de capital e muito menos de recolhimento de tributos.

Não esperem que alguém valorize o comércio local, se consegue nessas feiras pagar até quatro vezes menos o que pagaria no mesmo produto em lojas de Imbituba. Assim como vocês querem que o comércio seja valorizado, os consumidores também querem valorizar seus salários. Ninguém, por mais bairrista que seja, deixará de pagar muito menos em outro local para valorizar o comércio de sua cidade. Como falei no início, vivemos em um país capitalista, onde a regra maior é a lei da oferta e da procura.

E cá entre nós, senhores, sem falar para ninguém mais: onde vocês e seus familiares compram suas roupas, seus carros e outros produtos para consumo?

Penso que o choro é livre, mas a choradeira passou da conta. Foram apenas três dias. Um curto período de tempo que boa parte da população pôde comprar produtos baratos, fazer economia e presentear. Foram poucos dias para esses consumidores saberem quanto custa alguns produtos no Brás e por quanto eles são vendidos em Imbituba, nas lojas.

Mas não fiquem tristes, senhores! Esses mesmos consumidores que visitaram a feira estarão nas suas lojas, nos dias antecedentes ao Natal, comprando presentes e mais presentes, porque somos todos capitalistas consumistas! Oh! Oh! Oh!

(*A expressão "Brás" Leme não é de minha autoria. No Facebook, mencionei o nome do autor.)

6 comentários:

  1. Parabéns Sérgio, concordo plenamente com suas palavras em relação dita "Feira do Brás Leme" e ainda questiono se os nossos meios de comunicação local fossem livres, conforme se auto proclamam, teriamos outros comentários nas rádios discordando desta choradeira.

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  2. Eu desafio qualquer um que está concordando com a Feira do Brás, a praticarem os mesmos preços pagando o exorbitante aluguel de uma sala comercial em Imbituba bem como o salário do comércio mais alto da região! É muito fácil criticar o comerciante, mas ninguém sabe o que o comerciante enfrenta diariamente, se mata um leão por dia, com uma alta carga tributária, fiscalização da Receita Federal e Estadual, enfim, ser legalizado neste País é muito difícil. Daí vem uma feira intinerante, vendendo produtos de origem duvidosa, muitas vezes fruto de trabalho escravo.

    Não vem me dizer que são os mesmos produtos vendidos no comércio que não são. Os produtos vendidos na feira são bem inferiores, pois são falsificados ou réplica de produtos originais, e para quem nunca viajou para São Paulo, esta cidade não se resume em feira da madrugada ou do Brás, ou 25 de Março. Há várias lojas, centros comerciais e shoppings que vendem atacado, somente lojistas com empresa legalizada que podem comprar estes produtos com qualidade superior as da 25 de Março ou do Brás, a exemplo de cidades como Brusque, Jaraguá do Sul, Sombrio. Mais um equívoco é confundir o comércio com vendedores, sacoleiras ou camelôs. Além disso, convém esclarecer, que o empresário não ganha limpo os percentuais que a população esta dizendo, pois no preço final do produto está embutido várias despesas fixas, tais como: aluguel (que é muito alto, chegando ser mais alto do que as cidades Tubarão e Florianópolis), folha de pagamento de funcionários, impostos, água, energia elétrica, água, contador, etc. É muita hipocrisia e ignorância fizer que os comerciantes de Imbituba lucram demais. Se lucramos demais, fiquem 1 mês trabalhando e sem salários, aposto que a revolta será a mesma ou até maior que a "choradeira" dos comerciantes.
    Ademais, os comerciantes estão cansados de esperarem que a cidade terá um crescimento prometido, não há indústrias para fomentar a economia da cidade, não há uma política ostensiva voltada para o turismo, pois os investimos são baixíssimos para uma cidade com o nosso potencial.
    Daí na época do ano que a população mais consome, vem uma feira, e leva aproximadamente R$ 1.000.000,00. É isso mesmo, aproximadamente R$ 1.000.000,00 que deixou de circular no nosso município. É LAMENTÁVEL!!! Isso refletira na economia do município, pode haver demissões no comércio (que é uma das principais fontes de emprego no município).
    Ao comprar no comércio local, você está fomentando a economia da cidade, gerando emprego e revertendo o dinheiro para melhoria do município. Em contrapartida, comprando em feiras intinetantes, você está favorecendo alguma facção criminosa, que utiliza de trabalho escravo para produzir as peças de vestuário.
    Outro ponto a ser enfatizado, é a garantia do produto por defeito de fabricação, comprando no comércio local, você pode postular uma garantia do próprio comerciante (se o fabricante no prazo legal não fizer). E da feira? Vão pedir para quem?
    Vamos aguardar as cenas dos próximos capítulos, se a roupa que você comprou na feira encolheu ou esticou na primeira lavagem, não quero ouvir a choradeira de vocês, heim!

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  3. Parabéns! Seu texto falou tudo, essa choradeira já está ficando ridícula, entendo o lado dos comerciantes mas do jeito que estão colocando está questão, parece que estão forçando as pessoas a comprarem no comercio deles! Cadê a liberdade de ir e vir? Falam tanto de respeito e estão desrespeitando a liberdade de compra das pessoas.

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  4. Muito bom texto e, como sempre, a opinião é coerente. Concordo com a resposta da Alessandra Santos. O que o comerciante poderia declarar é a lamentação pela concorrência e mais nada. Já deu pro assunto. Parabéns pena e continue com a sua coerência.

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  5. Minha opinião eu já postei no meu perfil e respeito a sua. Parabéns pelo texto

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