Imagem da semana: o pó vermelho

Hoje, eu estava em casa quando recebi telefonema do radialista Antônio Linhares informando sobre o problema do pó vermelho na comunidade de Ribanceira. Disse que a situação era grave e pediu para que eu fosse até o local. Falou também que já havia ligado para várias autoridades, mas não conseguira contato.
Como eu ainda não tinha presenciado a tal poluição que aflige aquela comunidade e parte do bairro Vila Nova Alvorada, dirigi-me até lá.

Alguns moradores estavam na entrada da localidade e me relataram o tormento que vivem quase diariamente.
O óxido de ferro, comumente chamado de pó vermelho, é um resíduo das atividades da antiga Indústria Carboquímica Catarinense-ICC, decorrente do beneficiamento da pirita, que fazia parte do processo de fabricação de ácido sulfúrido. A pirita vinha das minas de Criciúma.
Toneladas desse resíduo foram depositadas a céu aberto, no bairro Vila Nova Alvorada.
Além do pó vermelho, outro resíduo da ICC é o gesso, também depositado a céu aberto em área contígua à da ICC e também nas proximidades do local em que foi depositado o pó vermelho.

Com o fechamento da ICC, a empresa Engesul adquiriu essas áreas onde estão depositados os resíduos.
O antigo lixão do município, que ainda recebe muito lixo da cidade, depositado clandestinamente, localiza-se em área adjacente ao depósito de gesso.
Atualmente, a Engesul cobra da prefeitura uma indenização de R$ 4,4 milhões por ter colocado o lixo naquele local e contaminado o gesso lá depositado.

Voltando ao pó vermlho, conversei com o Sr. Luiz Farias, morador tradicional de Ribanceira, que me disse que a comunidade já sofreu muito com esse resíduo, quando a ICC ainda estava funcionando. Em 1985, segundo ele, algumas pessoas foram até a Assembleia Legislativa cobrar intervenção estatal para resolver o problema. Por pressão política, a ICC passou a molhar toda a área, evitando que o vento levasse o resídio até a comunidade. Posteriormente, a área foi coberta por terra e pedras.

Recentemente, a Engesul passou a retirar o óxido de ferro para vendê-lo a China, via Porto de Imbituba.
O próprio transporte do resíduo até o porto já estava causando problemas para quem transitava na mesma via de acesso, principalmente aos pedestres.

Eu estive na área e vi que toneladas do pó vermelho encontram-se descobertas e, com a ação do vento nordeste, como ocorreu hoje, o resíduo é soprado em direção às residências de Ribanceira.
Com vento sul, o óxido atinge parte do bairro Vila Nova Alvorada.
A poeira fina entra nas casas, mesmo estando totalmente fechadas, relatou um morador de Ribanceira, que disse que é comum acordar com a garganta ressequida pelo pó.

Ainda que o problema fosse apenas o de sujeira e mal estar já seria uma tortura, mas o mais grave é que a exposição frequente à poeira do óxido de ferro pode causar pneumoconiose, conforme pesquisa que realizei.

A comunidade de Ribanceira sabe que a retirada dos resíduos é benéfica ao meio ambiente, pois deixaria de contaminar as nascentes de água existentes naquela região, além de pôr fim ao problema vivido, mas exige que essa remoção seja feita de forma a não prejudicar a população das localidades atingidas.


Comunidade de Ribanceira


Nesta imagem, que parece embaçada, mostra a poeira passando pelas árvores


Toneladas de óxido de ferro


Parte das montanhas de resíduo foram cobertas com lonas plásticas


Moradores verificando a área de depósito


Metros de altura de pó vermelho


Ao fundo, bovinos pastam próximos à área de depósito


Tratores sendo colocados no caminhão e parando a atividade, após reclamação da comunidade



O local parece uma paisagem lunar


Carro na garagem coberto de poeira de óxido de ferro


Restos de pó vermelho retirados de uma das residências


Água avermelhada proveniente da limpeza de uma das casas atingidas pelo pó


As mãos de um dos moradores de Ribanceira, após passá-las sobre um dos móveis da casa


2 comentários:

  1. venho por meio deste blog demonstrar minha indignação! pois estamos a meses sofrendo com a ação do pó vermelho tanto em nossas casas como em nossa saude,pois esse tal pó vermelho esse oxido de ferro vem fazendo com que os moradores venham sofrendo de secura na garganta e ardencia tbm.
    E tbm oq nos deixa mais indignados é que somos pobres e passamos uma vida para construir nossas casas e com estes caminhões que passam para cima e para baixo o dia todo estão abalando as estruturas das casas pois a estrada onde eles passam nem tem estrutura para tal transporte. já fui na prefeitura para pedir soluçoes para pelo menos eles melhorarem a estrada mas não venho sendo muito atendida.então estou fazendo um abaixo assinado e passando eli para todos os morados que estão sendo prejudicados, com a intenção de que melhorem esse transporte desse produto tãoo toxico!!

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  2. Thais, eu já sugeri ao Toninho Linhares o que vocês deveriam fazer. Fala com ele.

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