Nesta semana, depois de ouvir algumas opiniões exaladas por um desses ditos profissionais de imprensa, as quais deixariam estupefato qualquer cidadão que faz ideia do que seja um Estado Democrático de Direito, publiquei no Facebook o seguinte comentário:
Como a nossa imprensa local é pobre de conhecimento nessa área (segurança)
! Continuo dizendo: se não sabe, pergunte aos universitários... Enquanto a imprensa reclama da segurança, recomendo: Lugar de polícia é na rua, não em gabinetes fazendo serviços burocráticos.
Na mesma mensagem indiquei um
link para acesso a um breve comentário de um jornalista com o qual eu não simpatizo muito, mas ele falou sobre um fato que há mais de uma década se reclama, mas os governantes catarinenses não tomaram providências.
Leitor, quando você ouve nas rádios de Imbituba alguém reclamando da segurança pública, reclamam da falta de quê? Estou enganado ou é uníssona a reclamação da falta de policiais militares?
Creio que por desconhecimento - quero acreditar nisso! - não sabem que a maior parte dos serviços da PM desembocam na delegacia de polícia, na Polícia Civil. E se não houver um efetivo que consiga dar agilidade aos casos que chegam numa delegacia, fatalmente inúmeros crimes prescreverão, ficando os autores impunes.
Agora, leitor, vasculhe sua memória e tente lembrar quando algum cidadão, algum radialista, jornalista ou político criticou a falta de efetivo da Polícia Civil em Imbituba ou mencionou a situação que relatei logo acima?
A segurança pública, basicamente, é formada por duas polícias - quando deveria ser uma só - , e se uma perna for mais curta que a outra, a segurança ficará manca.
Eu já escrevi alguns artigos sobre segurança e você, se tiver interesse, poderá acessá-los ao clicar no marcador "segurança", localizado a sua esquerda.
Também iniciei, digamos assim, uma dissertação sobre o tema, quando escrevi a primeira parte de
A insegurança pública no Brasil, que, embora não tenha dado continuidade, ainda pretendo fazê-lo.
Repasso um dado interessante que li no Facebook na madrugada de hoje, o qual merece a sua atenção, se você é um daqueles que reclama de segurança pública:
Nos primeiros dias da Lei do Acesso à Informação, esclarecemos: Conforme dados do RH/PCSC (Recursos Humanos da Polícia Civil), em 15/05/2012, o efetivo ativo da Polícia Civil de Santa Catarina é de 2.894 policiais civis, de um efetivo previsto de 5.997. Conste que, também conforme o RH/PCSC, desde 2007 uma média de 50 policiais civis, a cada ano, deixam a instituição mediante exoneração a pedido. Lembramos que do pouco menos (sic) de 50% do efetivo previsto, são vários os policiais "designados" para outras instituições: Ministério Público, DETRAN, Defesa Civil e outras, sem contar os vários em licença-saúde. Somos pela transparência e por uma Polícia Judiciária Valorizada! (Arilson Nazário - policial civil)
Agora, leitor, divida o número informado acima (2.894, mesmo sem contar com os que estão à disposição de outros órgãos) pelo número de municípios de SC. Resultado: 9,7 policiais civis!!!
Este efetivo, que há alguns meses o governo divulgava - por equívoco? - que era de 3.300, é quase igual ao número de policiais civis que havia em 1984!!! Qual o percentual de aumento da população e da criminalidade no estado, nestes 38 anos?
E é bom lembrar que boa parte desses 2.894 policiais está com um pé na aposentadoria.
Interessante é que entra governo, sai governo, e está lá a segurança pública como uma das principais propostas de campanha eleitoral. E o que fazem? Isso que vocês estão vendo.
E não adianta nenhum governador apresentar desculpas, porque todos são culpados por esses dados.
Nesse contexto, seria bom esquecer as palavras do ex-governador Leonel Pavan, que disse ser favorável aos "bicos" feitos pelos policiais, para complementar a renda familiar. Ou da atitude do atual governador, que comparou um policial civil a um frentista de posto de combustível, ao falar de salários.
Nesta semana, também divulguei no Facebook outro dado relevante. Apenas em 2012, 357 aprovados em concurso público para ingresso na Polícia Civil não se apresentaram à convocação. Isso fez com que o governo convocasse mais 155 aprovados. Ou seja, os melhores classificados declinaram do interesse em exercerem o cargo. Diante disso, os que não obtiveram boas notas no concurso vão sendo chamados, o que, em tese, perde a sociedade, que terá que se contentar com os que conseguiram notas mais baixas. Motivo da desistência? Não tenho dúvidas que são os baixos salários e a falta de estrutura para trabalhar, diante do volume de serviço cada vez mais crescente.
Para se ter uma ideia do desinteresse em trabalhar na segurança pública, no último concurso para a Polícia Militar, que foi regionalizado, houve locais em que o número de candidatos aprovados por vaga não alcançou índice 1,0, conforme informações que colhi na internet. E essa baixa aprovação decorreu do pífio número de candidatos inscritos, obtendo-se, no geral, 1,7 candidatos por vaga. Frente a essa estatística desanimadora, passaram a convocar candidatos que obtiveram até 4 pontos no concurso, quando a nota mínima exigida no certame era de 6,0. Recebi a informação, mas não consegui constatar a veracidade, de que houve candidato nomeado com nota inferior a 4 pontos.
Se concurso público serve para contratar os melhores candidatos, e as notas obtidas devem refletir isso, que qualidade teremos com candidatos que foram aprovados com notas tão baixas?
E na sua opinião, leitor, isso refletirá ou não em uma segurança pública de qualidade?
Diante de toda a explanação, leitor, você pode observar que as reclamações na imprensa local não atentam para importantes detalhes que, na minha opinião, levam a consequências graves no âmbito da segurança pública, não se podendo exigir apenas um maior contingente policial dessa ou daquela corporação, mas, também, e principalmente, a qualidade nos serviços prestados. Afinal, quantidade nem sempre é sinônimo de qualidade. E elogios equivocados, por puro desconhecimento da matéria, pode agradar alguns e causar mal a uma população inteira.
Deixo para os interessados uma pequena
matéria sobre a polícia da Alemanha, onde cada estado possui a sua. Para aguçar sua curiosidade em ler o conteúdo sugerido, cito um pequeno exemplo da diferença entre as polícias brasileiras e a de um país de Primeiro Mundo:
"Uma pesquisa recente perguntou qual é a profissão dos sonhos para 12 mil alunos do ensino médio em todos os 16 estados alemães. Em primeiro lugar apareceu a carreira de policial, com 16,1% das preferências femininas e 13,8% entre os estudantes do sexo masculino."
"Na polícia do Estado da Renânia do Norte-Vestfália, para se tornar policial, além da aprovação no concurso, é necessário concluir um curso de três anos, com carga horária de 40 horas semanais.
O policial cursa disciplinas nas áreas de direito civil, processual, criminal e europeu, criminalística, trânsito, psicologia, ciências sociais, ética e idiomas estrangeiros, entre outras."
Muito bom o artigo
ResponderExcluirObrigado!
Excluirlegal !
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